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  • 28 de Novembro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • AAP

Carta de um leitor

Concordo totalmente com o teor do comunicado.

Há anos fui obrigado pelos meus médicos a fazer duas operações num hospital de uma ordem religiosa. Em ambos os casos fui assediado por padres, monges e freiras quando, antes e depois das intervenções, me achava mais fragilizado e dependente e sem capacidade de recusar o “serviço”.

Numa ocasião, já tonto dos medicamentos, tive de aturar a ladainha melosa duma freira, falsamente caridosa, no momento da perda de consciência! A mulher injectava-me enquanto praticava o seu autoritarismo religoso intolerável. Para todos é desleal e destrutivo. mas o que será para idosos e pessoas muito doentes, em grande desespero, religiosas ou não…?

Há dias fui fazer exames a mais um desses hospitais. A qualidade dos serviços foi péssima, nas relações humanas, na pontualidade e na eficácia dos serviços prestados! Tudo o menos “cristão” possível!

Além disso as instalações, de qualidade arquitectónica (funcionalidade e estética) mais ou menos aceitáveis, continham por todo o lado “obras de arte” (feitas por curiosos) e reproduções de imagens religiosas totalmente descabidas e do mais baixo nível artístico!
Que pensarão os crentes de outras religiosas e os ateus obrigados a utilizarem este “serviço público”?

Localiza-se no centro de Lisboa. O que será nos hospitais “religiosos” da província?

É tempo de o Estado deixar de subsidiar e dar lucro à Igreja Católica alienando-lhe parte do serviço público de saúde, só porque na nossa História passada os descobrimentos, o colonialismo e a pobreza do país deram origem a ordens religiosas de caridade que prestavam, com utilidade nas épocas passadas, os serviços de saúde.

O Estado não deve apoiar a extrema riqueza da Igreja Católica, um dos maiores ou o maior proprietário fundiário  e empresário do país!
Assiste-se à paulatina destruição da organização moderna da sociedade que a revolução liberal de há dois séculos e as reformas do Estado Novo (até esse!) e da democracia do 25 de Abril proporcionaram ao povo português à custa de muita luta e perda de vidas!
Em todos os sectores, em especial no ensino e na saúde a um grave retrocesso civilizacional, muitas vezes da responsabilidade de pessoas que se dizem “socialistas” e que praticam, aproveitando-se do desnorte dos partidos políticos com ideologias de progresso, para praticar a mais vergonhosa política conservadora e de regresso ao passado!

É o caso do últimos ministros da Saúde e da Educação (no caso das mulheres-ministro ainda é mais grave!).

Saudações ateístas,

a) leitor devidamente identificado. (cf)