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  • 11 de Dezembro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Os crentes e o Diário Ateísta

Houve um tempo em que um grupo de crentes vinha aqui, com espírito sofredor, ganhar as indulgências que julgavam necessárias à salvação da alma, seja lá isso o que for, por penitência ou masoquismo, mas com excelente educação.

Os tempos mudaram e aparecem agora alguns devotos a quem as hóstias fazem pior do que cogumelos alucinatórios e a água benta torna raivosos. São medíocres na gramática e nas ideias mas agressivos nas palavras e nos insultos.

Parecem talibãs de Roma, voluntários da al-Qaeda católica, a babar insultos e ruminar ódios para que os ateus imaginem como será o deus que eles criaram à sua imagem e semelhança.  Não precisam de insultar quem vive bem sem o deus deles e o dos outros. Basta que tomem os pingos na posologia certa porque já caíram em desuso os coletes de força e os choques eléctricos.

Nós, ateus, para quem deus não passa de um negócio de contornos duvidosos, que cria crentes raivosos e vingativos, compreendemos o que é o ódio e a impotência de quem ainda sonha com a Inquisição e se vê obrigado a respeitar o pluralismo.

Custa-nos ver bolçados nas caixas de comentários o racismo, o fanatismo, a xenofobia, o espírito de vingança e o insulto soez, mas nada podemos fazer para ajudar quem se habituou a andar de rastos, a viajar de joelhos e a pensar pela cabeça do clero.

O ateísmo não combate crentes. Por isso se admiram de conduzirmos a nossa luta contra livros que os intoxicam, os clérigos que os embrutecem e a religião que os transforma em beatos e energúmenos.

Podem continuar a insultar os ateus. O Diário Ateísta manter-se-á fiel ao respeito pelos princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem e se algum dia os fanáticos que nos insultam virem limitada a liberdade religiosa, lá estaremos na sua defesa com o mesmo entusiasmo com que alguns de nós se têm batido pela liberdade, o pluralismo e a democracia.