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Mês: Outubro 2009

7 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

Ainda canonizam a Amália

O que têm em comum Amália Rodrigues e Josemaría Escrivá? Á partida nada, mas.. quis o destino que o dia 6 de Outubro fosse comum aos dois.

Nesse dia de 1999 falecia em Lisboa, Amália Rodrigues, a grande fadista, admirada e seguida por portugueses e amantes do fado dispersos por todo o mundo, durante muitos anos e até aos dias de hoje.

Nessa mesma data, mas em 2002 era canonizado na Praça de S. Pedro em Roma o sacerdote espanhol São Josemaría Escrivá, fundador da Opus Dei (…)

in Spe Deus (Amália Rodrigues e S. Josemaria Escrivà)

6 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

A crise da família globaliza-se

(…) O Cardeal ganês apontou ainda outros problemas, como a crise do matrimónio tradicional, minado por uniões alternativas “desprovidas do conceito de compromisso duradouro e sem a finalidade da procriação”.

“Isso tende a estabelecer uma nova ética global sobre a família, sobre a sexualidade humana, e sobre aspectos ligados ao aborto, à contracepção e à engenharia genética”, lamentou.

5 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

Viva a República

caiu o trono e o altar

caiu o trono e o altar

A queda do trono e do altar

A Revolução de 1820, o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril são os marcos históricos da liberdade, em Portugal. Foram momentos que nos redimiram da monarquia absoluta e da dinastia de Bragança; são as datas que honram e dão alento para encarar o futuro e fazer acreditar na determinação e patriotismo dos portugueses.

Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que não quiseram mais ser vassalos. O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar de regime, trouxe um ideário libertador que as forças conservadoras tudo fizeram para boicotar.

Com a monarquia caíram os privilégios da nobreza, o imenso poderio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. Ao poder hereditário e vitalício sucedeu o escrutínio do voto; aos registos paroquiais do baptismo, o Registo Civil obrigatório; ao direito divino, a vontade popular; à indissolubilidade do matrimónio, o direito ao divórcio; à conivência entre o trono e o altar, a separação da Igreja e do Estado.

Há 99 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, José Relvas proclamou a República, aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca no Ponte Europa, prestando homenagem aos seus heróis.

Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida, além de Miguel Bombarda, foram alguns desses heróis que prepararam e fizeram a Revolução.

Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, mereceu sempre o ódio de estimação das forças mais reaccionárias e o vilipêndio da ditadura salazarista. Para ele vai a homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente a República.

Há quem hoje vire costas à República que lhe permitiu o poder, quem despreze os heróis a quem deve as honrarias e esqueça a homenagem que deve. Há quem se remeta ao silêncio para calar um viva à República e se esconda com vergonha da ingratidão.

Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.

Glória aos heróis do 5 de Outubro.

Viva a República.

4 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

Bispos, aranhas e ateístas

O bispo Carlos Azevedo, com avença num matutino lisboeta, é o mais devoto seguidor da actividade da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) e um dos seus mais impiedosos carrascos. Infelizmente escreve num jornal que rejeita a resposta da AAP a cada  pedra que o bispo atira, com a confiança de que a censura lhe protege a mão.

No seu artigo «Aranhas e ateístas», de 2 de Outubro, atacou mais uma vez a Associação Ateísta Portuguesa depois de informar os leitores de que uma aranha checa passeou pelo paramento de Bento XVI, quiçá à procura de emigrar de um país maioritariamente ateu para o Vaticano, habitat mais adequado à teia que lhe cabe construir.

O bispo Carlos Azevedo acusa a AAP de não querer desvios de atenção do Centenário da República com a visita papal. Ora, foi o bispo que agora acusa a AAP que se referiu, quando do desastrado anúncio, ao significado da visita no centenário da República.

À AAP, designada por «este grupito», na piedosa expressão episcopal é ainda atribuída a «figura intolerante, ridícula e marginal», adjectivos que os ateus seriam incapazes de usar para os bispos, mesmo para forma exótica como se vestem ou para os rituais que mantêm.

A República Checa não se libertou da opressão ateia, como afirma. Libertou-se de uma ditadura, à semelhança do que aconteceu com as de Pinochet, Franco ou Salazar a que nunca faltaram missas e água benta. E hoje, em democracia, é maioritariamente ateia, contrariamente ao que acontece com a Polónia que viveu uma ditadura semelhante.

Num ataque despudorado à República, diz o Sr. Bispo que o momento repressivo contra a Igreja católica começou há cem anos, esquecendo os ataques da sua Igreja à República e a conivência com a ditadura que a derrubou, essa sim, totalitária ao contrário do que o pio prelado afirma.

Finalmente, quando afirma que respeitar a maioria [alegada maioria católica] é prova de maturidade democrática, esquece que as maiorias não precisam de protecção e que prova de maturidade democrática é exactamente o contrário – respeitar as minorias. Mas de democracia não é obrigado a entender um teólogo.

Do artigo do bispo Carlos Azevedo fica a suspeita que sabe mais a aranha sobre o Papa do que o bispo sobre deus.

3 de Outubro, 2009 Fernandes

O Islamismo

Existem aproximadamente vinte milhões de muçulmanos na Europa. Estes representam todo o espectro de atitudes religiosas possíveis, desde a indiferença até ao fanatismo.

Os muçulmanos europeus tendem a viver agrupados em comunidades, quase sempre mal integrados, seja nos subúrbios das grandes cidades, como em França, ou em bairros abandonados pela população autóctone, como em Bruxelas ou Londres. São mais pobres, sofrem uma taxa de desemprego elevada. A maioria chegou à Europa em vagas desde a Segunda Guerra, numa altura em que estes precisavam de emprego e a Europa devastada pela guerra, precisava de mão-de-obra para a sua reconstrução. Pela primeira vez na sua história, a Europa encontra-se na difícil situação de ter que integrar uma enorme massa de imigrantes não europeus. Um desafio difícil que custa levar a bom termo.

A maioria dos muçulmanos europeus, concorda com a emancipação da mulher, com o papel que a esta cabe na sociedade, é a favor de um Islão moderado e não considera os europeus hostis ao Islão. Mas não nos enganemos, o Islão continua a ser o principal pólo identitário dos muçulmanos. A integração destas comunidades na Europa não é realmente um êxito. Apesar de milhões de muçulmanos viverem a sua vida sem causarem problemas no país de acolhimento, nem por isso se fundem na cultura que os rodeia. De nada serve ignorar o problema da integração, ele existe.

Na Europa existem dois modelos de integração, o modelo republicano francês e o comunitário britânico. O primeiro tenta integrar as identidades estrangeiras, transformando os imigrantes em franceses. O segundo aposta em preservar as identidades estrangeiras num mosaico de muçulmanos. Nenhum dos dois resulta. Sustentados por sólidas muralhas ideológicas, as tragédias recentes – o assassinato de Theo van Gogh em Amesterdam, os atentados de Londres, e os tumultos nos subúrbios franceses – derrubaram as muralhas e mostraram o fracasso de tal ideologia. Há que reconhecer: os modelos, cada um, com suas incongruências, acabaram por criar guetos. O multiculturalismo é uma gafe?

A ideologia multiculturalista é ambígua, serve para cobrir com roupagens novas o velho racismo. – Cada um em sua casa e deus na de todos… A ideologia multiculturalista parte quase sempre de uma boa intenção; peca então por ingenuidade. Não existem critérios para determinar o famoso limite de tolerância, mas, queiramos ou não, o multiculturalismo conduz ao gueto. Uma coisa é certa, estão melhor integrados os avós e os pais, do que os filhos, porque será?

A capacidade de integrar, e proporcionar a cidadania a milhões de cidadãos alienados, de criar as condições de autêntica pertença a esse princípio espiritual que é a Nação, é necessariamente geradora de frustração, de isolamento comunitário, da busca de sentido onde haja uma possibilidade de o encontrar. Nem por isso se convertem todos em fanáticos dispostos a matar, mas reúnem-se as condições para que alguns o façam. Uma integração harmoniosa não é só por si, uma garantia contra o fanatismo assassino, mas a capacidade de recrutar adeptos ficaria minorada.

Efectivamente, do trabalho de socialização que o estado se mostra incapaz de realizar, se encarrega o Islamismo. Financiado com dinheiro saudita, através dos irmãos muçulmanos, uma enorme rede de organizações, realiza um incrível trabalho de islamização profunda das comunidades muçulmanas. As mesquitas, associações, instituições caritativas e educacionais, em princípio, não são instituições terroristas. A sua estratégia a longo prazo, tem quatro objectivos bem definidos: assegurar o monopólio da representação das comunidades muçulmanas, impedir a assimilação dos muçulmanos da Europa, preservando e afirmando a sua identidade; reforçar a sua própria capacidade de influência na política nacional nos centros de decisão, e transformar paulatinamente o Islamismo numa força política decisiva na Europa.