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  • 12 de Setembro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Cruzada contra os homossexuais

Bispos pedem voto “sem trair consciência e valores cristãos”.

Não é preciso ser muito perspicaz para adivinhar para onde apontam os báculos, em que quadrado desejariam pôr a mitra e a quem gostariam de dar a beijar o anelão de ametista nas eleições que se aproximam.

Acontece que as orações não produzem efeito ou os bispos, sabendo disso, se dedicam a conquistar o poder e a influenciar as decisões por outros meios.

Quem conhece a história das religiões e dois mil anos de cristianismo terá dificuldade em saber o que são «valores cristãos» e, ainda mais, o que pensam da consciência os prelados.

A avaliar pelo passado do actual pontífice e, sobretudo, pelo presente, pela consonância dos bispos portugueses com ele, pelas tropelias que o episcopado comete na Irlanda, em Timor, Malta e vários países da América do Sul, podemos fazer ideia do que a maioria dos bispos seria capaz se voltassem a conquistar o poder temporal.

O respeito pelos valores cristãos é o eufemismo com que disfarçam a cruzada contra os casamentos homossexuais, como se a lei que dá a uma minoria os direitos que a lei civil concede ao próprio clero, apesar de lhe ser vedada a interrupção voluntária do celibato, pusesse em causa os alicerces do estado de direito.

É possível que deus esteja com os olhos postos em mais de 7 mil milhões de habitantes e que fique particularmente enxofrado com os casamento homossexuais mas uma vez que não decide intervir, com a sua omnipotência, deixem os bispos que o deus à custa de quem vivem tenha oportunidade para julgar os homossexuais no vale de Josafá (Jl 3:9-16).

Com a confusão entre vivos e mortos é possível que o tribunal celeste adie o julgamento prometido pela bíblia para as calendas gregas. Até por isso, os senhores bispos fariam bem em dependurar os báculos e absterem-se de pressionar os devotos quanto ao sentido do voto.