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  • 11 de Maio, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Bento 16 em viagem de negócios

A deslocação do Papa a Israel é uma vulgar viagem de negócios onde a diplomacia tem um papel primordial. Não há diferença entre os vários chefes de estado que se deslocam à pouco recomendável Arábia Saudita por causa do petróleo e B16 que procura reaver, em Israel, locais de forte procura pelo turismo religioso.

O Papa B16 vai discutir a posse de alguns estabelecimentos pios, que as vicissitudes da História fizeram mudar de mãos, e tentar regular a sua administração de modo a que lhe caiba um lugar no conselho de administração desses locais carregados de sangue e de simbolismo.

Entre outros, estão o local onde se acredita que Jesus fez a última ceia com os apóstolos; a Igreja da Anunciação, em Nazaré; e o jardim de Getsêmani, onde a tradição conta que Cristo se retirou para rezar antes de ser levado pelos soldados romanos. No fundo estão em causa, principalmente, as ruínas de uma casa de pasto milenar, um joelhódromo ao ar livre e uma igreja, pouco património imobiliário mas de grande valor histórico.

Acontece ainda que o mínimo ganho do Vaticano é uma vitória do catolicismo sobre as outras seitas cristãs, uma espécie de habilitação de herdeiros a que só concorre o cabeça de casal. Acaba por ser uma desforra contra a Reforma, um certificado de qualidade de que passa a dispor o actual pontífice romano, com direitos sucessórios.

Perante o que está em causa não surpreende que B16 desista de canonizar Pio XII e de engrossar com ele a lista de santos pouco recomendáveis.