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  • 26 de Fevereiro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

As religiões e a liberdade

A religião continua a ser um feudo difícil de abordar, uma reserva protegida por medos, um espaço imune à crítica e defendido do escrutínio.

Pode criticar-se uma ideologia política, um sistema filosófico ou, até, uma evidência científica mas pôr em dúvida que o arcanjo Gabriel ditou o Alcorão a Maomé , entre Medina e Meca, ou que Moisés recebeu de Deus os Mandamentos, no Monte Sinai, é motivo de crispação e ameaças.

Em épocas de crise, quando a insegurança das pessoas procura arrimo no sobrenatural, as religiões ganham força e os descrentes são olhados com desconfiança e raiva. Os bruxos, quiromantes e outros profissionais de ofícios correlativos também expandem o negócio, nestas alturas, mas o sobrenatural é um domínio que é arriscado devassar.

Há nestes desvarios místicos diferenças substanciais entre as três religiões monoteístas que concorrem no mercado da fé. O judaísmo, embora assente no poderio financeiro e no destemperado imperialismo sionista, reduz-se a menos de quinze milhões de pessoas e não tem carácter prosélito.

O cristianismo, com o catolicismo a descambar para o anti-semitismo de raiz fascista, e as Igrejas protestantes num processo de atomização progressiva vão perdendo influência graças à secularização e, sobretudo, à liberdade que lhes faz pior dano do que a lixívia às nódoas. Apenas o cristianismo ortodoxo vive a euforia prosélita da aliança com o poder político, vício que se manteve no período soviético.

Já o islamismo, para desdita dos crentes, continua a pensar que não há mais mundo para além da fé, nem leis que o Corão não contemple. Sendo, como é, um plágio grosseiro do cristianismo, sem contaminação da cultura helénica e do direito romano, apresenta-se como um monoteísmo implacável, servido por uma ideologia guerreira e uma legião de serviçais violentos e vingativos.

A Europa confunde o respeito que os crentes merecem com as abomináveis crenças que discriminam a mulher e defendem amputações, vergastadas e lapidações. Só quem não leu a Bíblia e o seu plágio – o Corão – é que não vê a origem do mal que nos aflige nas determinações divinas que a democracia execra e a civilização abomina.

Mas enquanto fizermos de conta que os abomináveis livros são bons, os crentes radicais é que são maus, não acharemos saída para a ameaça que paira sobre a nossa civilização.

Já basta a crise cujo fim não se vislumbra.