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  • 29 de Dezembro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

Bendito seja B16

Depois do papa que acreditava em deus, JP2, e sentiu a mão da virgem nas entranhas, a conduzir-lhe a bala que melhor fora ter evitado, quis o Espírito Santo e o Opus Dei que viesse um inquisidor com provas dadas.

É difícil encontrar na Europa actual personalidade mais anacrónica e com mais ódio à liberdade. O regedor do Vaticano, um bairro de 44 hectares de sotainas, é um cruzado à solta, a sonhar com a Contra-Reforma e o poder temporal.

O livro inspirado noutro da Idade do Bronze é a versão com que Constantino legitimou a seita judaica que Paulo de Tarso fundou, menos ferozmente monoteísta e mais virada para fora das tribos dadas à criação de um deus, único e legítimo, para consumo interno.

B16 há-de recordar Santo Agostinho, enquanto remói pios rancores e finge que reza. O santo doutor entendia que se a tortura era legítima para aqueles que violavam as leis dos homens, o era ainda mais para aqueles que violavam as leis de Deus. Ora, B16 julga-se representante desse deus violento, misógino e com horror à sexualidade, enfurecido com o método que os homens usam para a reprodução.

A luta contra o preservativo, culpada pela progressão da sida, vem na sequência do ódio à sexualidade, desse exílio da razão que transforma o crente em troglodita. O Papa tem sido o expoente máximo desse horror à felicidade que os monoteísmos cultivam.

Mas a sanha contra a modernidade, a facilidade com que fabrica milagres e cria santos, o acrisolado amor aos embriões e o ódio aos livres-pensadores, a homofobia e os apelos desvairados à castidade repelem a clientela e desacreditam a fé.

Abençoado B16 que tantos crentes tem curado com a sua intransigência e intolerância.