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  • 24 de Outubro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

A fé e a tolerância

 

 

Jorge Sampaio, defendeu hoje a necessidade de serem criadas novas políticas para responder ao problema da integração das minorias muçulmanas na Europa.

 

Partilho com Jorge Sampaio ideais políticos, descrença religiosa e tolerância. Admiro-o muito e continua a ser, para mim, uma referência ética e política. Penso que é a pessoa certa como Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações.

Nem posso dizer que estou em desacordo com a necessidade de integração das minorias, nomeadamente as de origem muçulmana, embora tenha algumas objecções contra nazis, pedófilos, proxenetas, traficantes e terroristas, minorias cuja integração se torna difícil sem renunciarem aos hábitos que contesto.

Não creio que o Islão seja uma civilização, como não o são o cristianismo e o judaísmo, por exemplo. São apenas religiões que influenciaram as civilizações e cultos, com forte pendor prosélito e vocação totalitária. Há, de facto, uma civilização árabe cujo declínio e fracasso se deve á deriva belicista e demente do Islão. O que faz uma civilização não é a fé que pratica, é a distância que mantém em relação às práticas religiosas individuais.

Não sei com que legitimidade se pode, em nome da tolerância, transigir com quem não respeita, onde é poder, as culturas e os credos alheios, no respeito pelo pluralismo que é condição indispensável da democracia. A freira assassinada, há dias, por fanatismo, e os cristãos erradicados no norte do Iraque merecem-me a solidariedade que não concedo aos cinco pilares do Islão.

A inclusão cidadã pode levar, e leva, à perda de identidade tribal, mas deve ser tentada. Integrar cidadãos é um dever, contrário à condescendência com práticas que humilham a mulher, torturam, impõem casamentos e fazem recomendações corânicas que, sendo do domínio da fé, são sobretudo casos de polícia.

Se não fosse o Iluminismo e a Revolução Francesa ainda hoje teríamos, na Europa, as monarquias absolutas e a ausência de liberdades. A laicidade do Estado tornou possível o pluralismo mas temo que a integração do proselitismo religioso e do Corão tornem a democracia inviável. Não estou disponível para renunciar ao pluralismo e confiar às religiões o que cabe ao sufrágio, secreto e universal.

As religiões que não se conformarem com a abolição da pena de morte, com a igualdade entre os sexos e a renúncia à xenofobia, ao racismo, ao ódio sectário, à homofobia e ao espírito misógino não podem andar à solta.

Em nome da civilização devem proteger-se os cidadãos dos demónios das suas crenças. As homilias que incitam ao ódio, à violência e ao crime caem sob a alçada da lei e os pregadores devem ser demandados ao abrigo do Código Penal.