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  • 18 de Setembro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Deus é um mito perigoso e duradouro

Apesar das numerosas referências ao Monstro de Loch Ness que habita as águas gélidas do lago Ness, na Escócia, do registo escrito por S. Columbano e das fotos, recuso-me a acreditar na existência da aquática criatura.

O Abominável Homem das Neves, prejudicado por ter aparecido apenas em 1921, tem testemunhos de numerosos turistas e fotos das suas enormes pegadas esculpidas na neve dos Himalaias, mas o cepticismo arquiva-o na categoria de mito.

As sereias referidas por vários textos greco-latinos, cuja existência foi confirmada por Plínio, o Velho (séc.I) são igualmente referidas por Homero, na Odisseia, onde Ulisses resiste aos seus feitiços, e Cristóvão Colombo dá-nos o seu próprio testemunho de quem as avistou nas costas da Florida. Com tão credíveis testemunhos será legítimo duvidar da existência desses seres que tantos marinheiros enfeitiçaram antes de os desiludirem com a parte inferior do corpo?

O Monstro de Loch Ness, o Abominável Homem das Neves e as encantadoras sereias existem, ainda hoje, na mente delirante ou supersticiosa de numerosas pessoas e, diga-se em abono da verdade, com um grau de probabilidade próximo do zero mas superior ao da existência de Deus.

Não duvido da boa-fé das testemunhas nem da convicção dos alucinados. Todos temos a experiência das miragens do deserto ou do asfalto das estradas em dias de Verão. Não são verdadeiras, mas lá que parecem, parecem. Não me peçam para demonstrar que são falsos os primeiras exemplos e que as miragens são isso mesmo e não uma realidade.

O ónus da prova cabe a quem afirma e não a quem duvida. É a tentativa de inverter o ónus que alimenta o mito de Deus e permite a sua exploração por empresas imunes ao escrutínio das associações de consumidores e ao veredicto dos tribunais.

Deus é um activo de valor nulo cuja cotação depende do grau de superstição e do medo dos crentes, mas se os hereges e apóstatas estiverem sujeitos à lapidação e à fogueira, o seu valor aumenta no mercado da fé. Se a liberdade e o laicismo avançam, a cotação cai a pique.