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  • 28 de Julho, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

A guerra preventiva à descrença

Ultrapassada que está a fase histórica de exterminar infiéis, o baptismo é a primeira batalha do clero na guerra preventiva contra a descrença. Um lactente que berra com a água fria e a pedrinha de sal, peado pelos padrinhos, indiferente aos rituais cabalísticos do oficiante, leva a primeira dose da vacina contra o ateísmo.

Depois vêm a comunhão e a penitência, a primeira para se convencer de que a farinha se transforma em sangue e carne e a segunda para saber o que custa aturar um deus de que os padres precisam para viver.

A confirmação é uma cerimónia óptima para a fé, ainda que suspeita no que diz respeito à higiene. Quando a adolescência é passada entre constrangimentos místicos e tropelias clericais torna-se difícil ultrapassar a transição e atingir a fase adulta da cidadania.

Na religião, a guerra preventiva contra a heresia começa cedo e se, apesar dos cuidados pios, os crentes revelam sinais de cepticismo ou propensão herética, as religiões apelam aos castigos terrenos, que podem chegar à morte, ou ameaçam com os castigos divinos, uma crueldade em diferido, a ser executada depois da morte.

É esta rudimentar forma de proselitismo que perpetua a fé e os rituais pueris que abatem quem os pratica e põem em perigo quem os denuncia ou ridiculariza.