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  • 27 de Abril, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

DA – Correio dos leitores

Carreira das Neves e o seu caminho para o ateísmo

Carreira das Neves, reverendo e professor de teologia da Universidade Católica Portuguesa produziu importantes declarações no programa de Júlia Pinheiro “As tardes de Júlia” no dia 24 deste mês de Abril de 2008 (http://www.youtube.com/watch?v=i72HBqCiXyM).

Disse ele, num jacto, como se fosse imperativo dizer, que “a Bíblia não é a palavra de deus”.

Concluiu que não se pode ler a Bíblia de maneira literal e completou as afirmações dizendo que o deus nunca falou com Abraão, Isaac e Moisés.

Pormenorizou que a fé dos judeus pôs na boca de deus (…) mas que este não mandou escrever nada, o que é importante. Nós tínhamos há muito a certeza, sabíamos muito seguramente que a Bíblia tem incongruências flagrantes e que só a fé a transforma no livro sagrado, sabendo também que por sua vez é um conjunto de textos e todos foram reunidos para constituir a base duma religião que se foi impondo nestes últimos dois mil anos à custa de outros tantos desatinos e pressões, jogando com valores de terrorismo verbal num ciclo de ajustamentos de deus, do diabo e do deus-homem encarregado da salvação.

Das ilações da sabedoria de Carreira das Neves vejamos uma contradição básica: Deus não entregou a Moisés as Tábuas da Lei (10 mandamentos). Esses mandamentos são a base da moral chamada judaico-cristã. São assim a chave do bem e do mal, constituem a primeira peça orientadora do comportamento, a santa aliança de deus com o povo judeu, regras que, diz a igreja, foram reafirmadas por Cristo.

O que mais importa, no que se entende dos dizeres de Carreira das Neves, isso não aconteceu. Deus não falou, deus não disse nada, concluímos sem abuso de raciocínio, não se estabeleceu nenhuma aliança e não há nenhum povo eleito nem, podemos afirmá-lo, nem a máquina opressora do pecado, nem a figuração do mal, o demo, nada disso, anjos e arcanjos e cortes celestiais, o grande reino, as promessas da eternidade.

Estamos entendidos agora, com mais esta certeza, deus é uma fábula, um objecto de fixação maníaca, uma invenção da fé. E nalguns crentes uma realidade perigosa, que tem orientado instintos de repressão, guerras e mortes, genocídios. Pena que a ICAR tenha inundado o seu caminho para os céus de sangue e torturas de vítimas indefesas.

Temos que intensificar o nosso trabalho e até, talvez, trazer o reverendo professor a colaborar connosco. É certamente um ateu culto.

a) Jorge Alarcão