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Teresa de Ávila

  • «(…) Neste estado, agradou ao Senhor dar-me a visão que aqui descrevo. Vi um anjo perto de mim, do meu lado esquerdo; não era grande, mas sim pequeno e muito belo; o seu rosto afogueado parecia indicar que pertencia à mais alta hierarquia, aquela dos espíritos incendiados pelo amor. Vi nas suas mãos um longo dardo de ouro com uma ponta de ferro na extremidade da qual ardia um pouco de fogo. Às vezes, parecia-me que ele me trespassava o coração com esse dardo, até me chegar às entranhas. Quando o retirava, parecia-me que as levava consigo, e ficava em chamas, totalmente inflamada de um grande amor por Deus. Era tão grande a dor, que me fazia dar gemidos, mas ao mesmo tempo era tão excessiva a suavidade que me punha essa enorme dor, que não queria que terminasse, e a alma não se podia contentar com nada menos do que Deus. Este sofrimento não é corporal, mas sim espiritual, e no entanto o corpo participa, e não participa pouco.»
A prosa que se lê mais acima, caras leitoras e caros leitores, é da autoria de Teresa de Ávila, uma pobre rapariga espanhola que foi freira durante mais de meio século, no século 16. Entrou para a vida de convento aos dezasseis anos e, como se pode depreender do texto exposto, sentia-se sexualmente frustrada de uma forma terrível. Os católicos consideram-na «santa», mas deveriam realmente meditar nas vidas ardentes que se estragaram em tantos conventos e seminários, e das quais esta mulher é um mero exemplo.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]