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Religião e corrupção

Há nas religiões uma filosofia que envergonha as pessoas de rectas intenções e nobres ideias.

Comecemos por este estranho hábito de viajar de joelhos ou de rastejar, como fazem os subservientes ou os répteis, para agradarem a um Deus que os homens criaram e os padres exploram. Haverá algo mais deprimente do que dobrar a coluna para pedir a Deus um favor, uma injustiça ou uma arbitrariedade?

Às vezes recordo a excelente conferência do Casino, de Antero de Quental: «Causas da Decadência dos Povos Peninsulares» e verifico como se mantém actual a acusação ao catolicismo romano. E compreendo melhor como a demência do Islão conduz os povos que oprime à miséria, ao desespero e à oração.

Quem, de mente sã, esfola os joelhos e balbucia orações para que Deus mande chuva ou cure uma doença para a qual o estado da arte médica não encontra solução? Quem é capaz de subornar um santo com uma esmola, uma bilha de azeite ou um pagamento em numerário, para interceder junto de Deus para um benefício qualquer, não é uma pessoa honesta ou os padres deram-lhe volta ao miolo.

Há no catolicismo esta mentalidade rural de que tudo se compra, todos são venais, o que é preciso é untar as mãos de quem tem poder. O que surpreende é ser Deus o malfeitor capaz de se corromper, de favorecer um cábula, de curar um doente, quando devia curar toda a gente ou, melhor, impedir que alguém adoecesse.

Deus não é uma invenção simpática, é uma ideia perigosa capaz de induzir a corrupção, a mentira, a fé e a guerra. E os promotores de Deus, que o exploram e vendem junto dos simples, são os responsáveis pelo atraso, a superstição e a mentira que arrasta multidões de crentes para manifestações de ódio, actos de vingança, terrorismo e guerras.