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Organizações cristãs exigem direito à intolerância

A «causa» cristã mais glorificada no momento é o direito à intolerância. Assim, depois de nos Estados Unidos a Christian Legal Society, uma associação de juizes e advogados, ter formado um grupo nacional para revogar nos tribunais federais as políticas de tolerância actuais, a moda cristã de ulular serem «perseguição religiosa» as leis que pretendem acabar com a discriminação baseada na orientação sexual chegou ao Reino Unido, mais concretamente à Irlanda do Norte.

Sete grupos cristãos irlandeses iniciaram uma acção judicial pelo direito de serem intolerantes e poderem discriminar os execrados homossexuais, nomeadamente opondo-se a uma nova lei – Equality Act (Sexual Orientation) Regulations – que entra em vigor na Irlanda do Norte no dia 1 de Janeiro e que bane a discriminação de homossexuais na área de serviços, sendo vedado aos cristãos negarem-se a fornecer serviços e vender bens a homossexuais.

Em Inglaterra, a Sexual Orientation (Provision of Goods and Services) Regulations – uma lei que penaliza a homofobia, nomeadamente a recusa de prestação de serviços a homossexuais, tem sido empastelada pela Opus Dei Ruth Kelly que pretende que a nova lei não se aplique a organizações religiosas para que estas possam continuar a discriminar homossexuais.

Rupert Kaye, presidente da Associação de Professores Cristãos, explica porquê a nova lei é tão inaceitável aos cristãos do Reino Unido que consideram que a tolerância «interferirá com a liberdade de alguém manifestar a sua religião»: «As escolas religiosas não podem nem devem ser obrigadas legalmente a respeitar indíviduos ou organizações cujas crenças ou estilos de vida são anátema para os cristãos».

Isto é, confirmando que a intolerância é indissociável do cristianismo e a já habitual cristianovitimização, os cristãos consideram ser um direito cristão inalienável desrespeitar quem não segue os ditames da sua crença. E carpem-se perseguidos se forem obrigados a respeitar os que não seguem as suas crenças!

Como apontava uma das nossas leitoras no espaço de debate do post «O Público errou», parece plausível que a inventada (e inexistente) «Guerra ao Natal» faça parte das manobras de pressão cristã para evitar que esta lei anti-discriminação entre em vigor!