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Um morto provisório

Reza a Bíblia (NT), o livro mais vendido e menos lido do mundo, que jaz nas gavetas dos hotéis de luxo ou serve de cunha, em casa pobres, a mesas com uma perna manca, que Jesus foi sepultado na noite de sexta-feira. Quanto ao ano é grande a confusão.

Soldados romanos montaram guarda ao túmulo por ordem de Pilatos, um sujeito que aparece no Credo tão a despropósito como viola em enterro. Para reforço, juntaram-se aos soldados outros homens com receio de que os discípulos roubassem o morto, numa época em que os cadáveres nem para as aulas de anatomia tinham préstimo.

Maria Madalena, com a saudade que se adivinha, e a mãe do defunto JC deambulavam por ali e encontraram a pedra do sepulcro levantada.

Esqueçamos as coincidências de a mãe e a nora não reconhecida andarem juntas, dar-lhes na veneta de rumarem ao sepulcro onde viram a pedra levantada e, logo, um anjo que por ali andava – a gripe das aves ainda não existia e tal espécie era frequente -, lhes ter anunciado a ressurreição de Cristo.

A mãe de Jesus estava familiarizada com tal fauna, por serem vulgares os bandos de anjos, naquele tempo, ou pela experiência adquirida com um tal Gabriel que a preveniu da gravidez daquele filho que estivera provisoriamente morto.

Jesus era entendido em milagres, dado a parábolas e danado para pregar partidas. Pedro e João, avisados pelas duas Marias, foram ao sepulcro e acharam-no vazio. Já o morto andava a fazer aparições e, para chatear o Tomé, que era um discípulo com algum tino, apareceu-lhe e convidou-o a tocar com o dedo nas chagas que tinha no flanco e nos pés.

Dessas chagas se havia de livrar para não contaminar o Céu com bactérias.

No fim de quarenta dias Jesus fez um número especial para os discípulos. Subiu ao Céu, na sua presença, sendo os Evangelhos omissos se os olhos dos devotos alcançaram tão longe ou foram vendo, apenas, o Mestre a desaparecer.