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Um juíz muito católico

No passado dia 3 de Fevereiro, Rachel Bevilacqua, um membro activo do grupo satírico religioso/artístico intitulado The Church of the Subgenius, onde é conhecida como a Reverendo Maria Madalena, foi privada da custódia do seu filho, Kohl Jary, por um juíz de New York, após este ter apreciado as fotografias apresentadas pelo pai da criança, que retratavam Bevilacqua num festival Subgenius, o festival blasfemo X-Day (a que o filho não assistiu).

O juíz, um mui devoto católico, ficou completamente enfurecido quando viu as fotografias da Maria Madalena na paródia encenada sobre o filme de Mel Gibson «A paixão de Cristo» -especialmente a foto em que Jesus [Steve Bevilacqua] usa maquilhagem de palhaço e um crucifixo com um sinal de dólar em vez de uma figura pendurada e é espancado por uma multidão de SubGenii, incluindo uma mulher em topless com um «dildo». Igualmente ofensiva foi considerada a foto em que Rachel aparece com uma cabeça de cabra e especialmente ofensiva a resposta de Rachel à pergunta porquê uma cabra; Rachel respondeu que achava a palavra cabra divertida.

O juíz Punch perdeu completamente a compostura e começou a gritar com Rachel Bevilacqua, chamando-a uma «pervertida», «doente mental», «mentirosa» e participante em orgias. O juíz ordenou que Rachel não poderia ter algum contacto com o filho, nem mesmo por escrito, uma vez que as fotografias eram prova suficiente de «doença mental severa». Ou seja, o devoto juíz condenou a mãe por blasfémia!

Este incidente, em que uma mãe é privada de qualquer contacto com o seu filho devido às suas convicções (ou falta delas) religiosas, não é um caso isolado. O ano passado um juíz de Marion County, Indiana, na sentença de divórcio de um casal proibiu que os pais (ambos Wiccans) permitissem qualquer contacto do filho, que frequenta uma escola católica, com a sua religião. A sentença foi posteriormente revogada com o auxílio da ACLU, (American Civil Liberties Union), uma organização que luta pela defesa dos direitos consagrados dos americanos, com especial ênfase nos últimos tempos na defesa da liberdade religiosa (que inclui para a ACLU a liberdade de não professar alguma religião), o que lhe tem merecido epítetos de anti-cristianismo por parte dos claramente «perseguidos» e «discriminados» cristãos americanos!

Ambos os casos indicam o que alguns juízes cristãos americanos pensam sobre liberdade religiosa… Não parece implausível pensar que mais crianças sejam retiradas aos pais por juízes que se sentem ofendidos nas suas crenças cristãs pelas crenças, comportamentos ou palavras blasfemas dos pais dessas crianças! Esperemos que no caso de Rachel e em eventuais outros a ACLU consiga combater as tendências totalitárias do cristianismo!