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Be scared, be very scared…

«É minha firme convicção que as decisões do Supremo Tribunal que levaram à matança indiscriminada de 40 milhões de bébes que não nasceram, à remoção da verdade religiosa das escolas e da praça pública; (…) a sanção da pornografia e a potencial destruição do casamento são quaisquer delas maiores perigos nas décadas que se avizinham que os terroristas que a nossa grandiosa nação derrotou no Afeganistão e no Iraque»

Foi desta forma que Pat Robertson, o pastor evangélico que é o ex-libris dos teoconservadores ou «religious right», fundador da Coligação Cristã e director executivo da CBN (Christian Broadcast Network) respondeu ao pedido de explicações do senador de New Jersey (democrata, claro), Frank Lautenberg. De facto as afirmações de Pat Robertson no programa «This Week with George Stephanopoulos» em que afirmou que os terroristas que perpetraram o 11 de Setembro são apenas «alguns terroristas barbudos que voam contra edíficios» e que os juízes federais que não partilham os seus pontos de vista são uma ameaça maior para a América que os terroristas, Nazis durante a segunda Guerra Mundial ou a Guerra Civil no século XIX provocaram um expectável repúdio.

Pat Robertson, que aumentou a sua influência política com a re-eleição de G. W. Bush, expressa assim a sua frustração pelo impasse na nomeação dos novos juízes federais, alguns deles classificados por grupos liberais como ideólogos da extrema-direita. Como Janice Rogers Brown, que numa reunião de advogados católicos afirmou que «as pessoas de fé estão envolvidas numa guerra contra os humanistas seculares que querem separar a América das suas raízes religiosas». As afirmações de Janice Brown, que provocaram reacção imediata dos atingidos, ocorreram em simultâneo com uma iniciativa dos teoconservadores contra o bloqueio da nomeação do que consideram «pessoas de fé». Bloqueio que o presidente Bush tenciona rodear alterando a lei que o permite

De qualquer forma a constituição do Supremo Tribunal, formado por juízes de nomeação vitalícia, será irrelevante se o «Acto de Restauração» for aprovado, como tudo indica. Esta «restauração», tentada infrutiferamente em 2004 e que regressa em 2005, pretende limitar o âmbito das acções que podem ser apreciadas pelo Supremo Tribunal. Mais especificamente pretende que não sejam passíveis de recurso decisões feitas por um agente judicial que reconheça Deus como a fonte da lei, liberdade ou governo:

«Notwithstanding any other provision of this chapter, the Supreme Court shall not have jurisdiction to review, by appeal, writ of certiorari, or otherwise, any matter to the extent that relief is sought against an entity of Federal, State, or local government, or against an officer or agent of Federal, State, or local government (whether or not acting in official or personal capacity), concerning that entity’s, officer’s, or agent’s acknowledgment of God as the sovereign source of law, liberty, or government.»

Ou seja, será possível que os dominionistas possam aplicar os seus castigos «bíblicos» a quem prevaricar, por exemplo, a lei do Texas que criminaliza a sodomia. E o castigo «bíblico» é uma sentença de morte… E mais castigos «bíblicos» para homossexualidade, adultério, apostasia, heresia, aborto… Aparentemente não para a escravatura, como parece indicar o livro utilizado numa das escolas cristãs mais frequentadas na Carolina do Norte, em que se apresenta a justificação bíblica para a escravatura e a vida dos escravos antes da Guerra Civil é descrita como uma vida «farta e de simples prazeres».

E não esqueçamos que afirmar a supremacia das lei de Deus sobre as iníquas leis dos homens é também o objectivo da Igreja de Roma…