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Dia: 23 de Julho, 2004

23 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

América menos protestante

De acordo com os resultados de uma recente pesquisa, os Estados Unidos da América deixarão de ser uma nação maioritariamente protestante.

Entre 1993 e 2002, a percentagem de americanos que se dizia protestante baixou de 63% para 52%, depois de anos de estabilidade, revelou um estudo feito pelo National Opinion Research Center at the University of Chicago.

Simultaneamente, o número de pessoas que disseram que não tinham qualquer tipo de religião aumentou de 9% para quase 14% e muitos são antigos protestantes, dizem os investigadores.

Os Estados Unidos têm sido vistos como sendo brancos e protestantes, afirmou Tom Smith, director do General Social Survey, mas isso vai deixar de acontecer.

Os inquiridos eram definidos como protestantes se respondessem que eram membros de uma denominação protestante, como Episcopal Church ou Southern Baptist Convention. A categoria incluía membros da Church of Jesus Christ of Latter-day Saints e de outras igrejas independentes.

Entre as razões do declínio encontra-se um elevado número de abandonos nas faixas etárias mais jovens, um aumento de imigrantes não-protestantes e o facto de serem cada vez menos aqueles que são educados na fé protestante.

Smith notou que os protestantes podem ter-se identificado como cristãos, opção presente no inquérito.

Quanto à população católica, esta manteve-se estável e, actualmente, constitui cerca de 25% dos habitantes do país.

Por outro lado, as pessoas que disseram pertencer a outras religiões, incluindo muçulmanos, ortodoxos ou religiões orientais, passaram de 3% para 7%. Os judeus constituem menos de 2%, sem que houvesse variações.

A maior diversidade religiosa e o aumento do número de não-crentes, até ver, não contribuiu para uma maior tolerância religiosa e para uma verdadeira laicização do Estado.

23 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

Recomendações episcopais

O recente pedido do Episcopado Espanhol aos deputados católicos para expressarem clara e publicamente o seu desacordo e votarem contra o projecto de lei que pretende equiparar as uniões homossexuais ao casamento gerou na classe política reacções contraditórias.

O porta-voz da Comisión de Educación y Ciencia del Grupo Parlamentario Popular en el Congreso, Eugenio Nasar, afirmou que os argumentos da Conferência Episcopal devem ser atendidos não só pelos católicos, mas também pelos cidadãos responsáveis que querem o melhor para o futuro da sociedade.

Quanto ao pedido formulado pelos bispos aos parlamentares católicos, Nasarre declarou ter um compromisso pessoal na defesa da especificidade do matrimónio como união entre homem e mulher, advertindo que estará contra uma proposta que defenda algo diferente.

Ana Torme e José Antonio Bermúdez de Castro, do Partido Popular, manifestaram o seu absoluto respeito pela Conferência Episcopal e a sua comunicação uma vez que tem todo o direito a pronunciar-se sobre as questões que afectam a vida social e tem todo o direito de emitir recomendações aos seus fiéis.

No entanto, os parlamentares manifestaram a sua surpresa e lamentaram algumas das reacções a esta questão, já que algumas atentam contra a democracia e a Constituição, que fundamentalmente amparam a liberdade de expressão.

Por outro lado, deputados católicos do Partido Socialista Obrero Español, manifestaram a sua intenção de não fazer caso do pedido dos bispos espanhóis e de votarem favoravelmente à proposta de lei porque assim o deseja uma esmagadora maioria dos cidadãos.

Toda esta questão do casamento homossexual e da oposição da Igreja Católica a uma legislação que o permita radica, fundamentalmente, na consideração por aquela organização, do casamento como um sacramento e, assim, como instituto privado da sua ordem jurídica. Ora, estes tempos são passados. O casamento é um contrato entre duas pessoas. O Estado deve regulá-lo como tal e não como um qualquer conceito religioso. O princípio da laicidade e o princípio da igualdade assim o exigem.

Se a Igreja não quer casar os homossexuais católicos, é com ela, mas impor esse comportamento a um Estado livre e democrático é inadmissível.

23 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

O que vem à rede

Eis o que veio parar à minha caixa de correio. Surpreendentemente, não é um infindável texto cheio de citações bíblicas acompanhado por uma bonita imagem de um nascer do sol/gaivotas/mar/casal de namorados . É um sistema de administração eclesiástica que muda a vida das paróquias!

Arquidiocese 2000 é o mais completo sistema para  administrar paróquias em todo o mundo. Adotado por paróquias em Lisboa e Boston e em mais de 1.000 paroquias no Brasil, é o preferido dos profissionais de secretaria paroquial, diz o e-mail. O Arquidiocese 2000, asseguram,  tem o melhor banco de dados do mercado e suporta um volume de informações de mais de 10 Gigabytes o que equivale a uma igreja com mais de 60.000 paroquianos. É um grande volume de informações, sem dúvida.

Para além de ser o mais completo software para computadores já produzido para a Igreja Catolica, o programa pode elaborar um cadastro de Paroquianos como nenhum outro, com todas as informações para a geração de relatórios e malas direta, possibilita o cadastro de familiares, amigos, pastorais, movimento e sacramento e até se pode cadastrar o cônjuge como titular. Fantástico! Deste mesmo cadastro saem as informações para dizimistas aniversariantes, e diversos relatórios, além de poder colocar a foto do Paroquiano na tela. Não há nada melhor do que ter um registo completo dos fiéis, das suas contribuições e das sanções decorrentes da confissão dos pecados.

Mas as potencialidades do Arquidiocese 2000 (o nome é bestial, não acham?) não ficam por aqui. O A2000 possui o mais completo controle de dízimos, com cartas automáticas e personalizadas para pagantes e não pagantes, mais 11 relatórios por nome, código ou valor. Produz carnê e envelope de dízimo, personalizado. E quanto à transmissão de dados? Nada mais fácil: você pode enviar para Curia os dados financeiros, livros, paroquianos, ou transferir de um computador para outro, através de disquete ou Internet. Projeto de integração criado pela House.

Parece um programa revolucionário que facilitará sobremaneira a vida dos párocos. Será que deus também usa o Arquidiocese 2000?

Para mais informações, Bank System Informática.

23 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Hospitais da Universidade de Coimbra – uma coutada da ICAR

Hoje estive na consulta externa do serviço de Urologia do HUC.

Dezenas de doentes do foro oncológico, vários transplantados e outros, enchiam literalmente a sala de espera cujas paredes pareciam as de uma mercearia, pejadas de cartazes, anúncios e promoções várias.

Os cartazes mais luxuosos, presos com fita-cola, pertenciam à Pastoral da Saúde.

Um anunciava a «Ressurreição tempo de Vida Nova», outro asseverava que «Toda a dor pode provocar nova atitude perante a vida, perante os outros, perante si próprios».

Mas o cartaz mais bárbaro e terrorista pertencia à «Evangelização e Serviço Integral dos doentes de Família». Nele se podia ler, a dado momento:

«A conhecida escritora e mística francesa, Isabel Leseure, escreveu acertadamente que a dor é a grande aliada de Deus para a conversão, interiorização e salvação do homem».

Este insólito terrorismo psicológico perante doentes fragilizados é ilegal. Mas que importa a legalidade à prosélita enfermeira que cola crucifixos com adesivo nas salas de consulta, perante a passividade do pessoal de saúde, da direcção do serviço, da administração do hospital, convicta do temor reverencial dos enfermos? 

?! – Que diriam os propagandistas da fé se um cartaz modesto, ao lado dos seus, esclarecesse:

«A única desculpa de Deus é não existir» (F. Nietzche).