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As igrejas e as flagelações



As televisões serviram, uma vez mais, as flagelações e crucificações anuais levadas a cabo nas Filipinas, nesta sexta-feira que dizem santa. Um pobre diabo católico, apostólico, romano, fez-se crucificar pela 14.ª vez das 15 de que fez promessa. Agradece uma graça que deus lhe concedeu – cura de familiar –, graça obtida a troco de tão cruel sofrimento. Que raio de Deus e que raio de crentes!!

É obsceno o espectáculo e abjecto o sofrimento, mas têm muita clientela piedosa e despertam sentimentos de fé entre os autóctones, enquanto JP2 se baba de gozo em silêncio devoto e asperge devotos no Vaticano. Esta impudica crucificação nas Filipinas, bem como as flagelações de numerosos católicos masoquistas, com chicotes com vidros nas pontas, remetem-nos para um filme recente, muito apreciado pelo Vaticano, pela exaltação da dor, exibição de sangue e fortes contornos anti-semitas.

E eu que acho mais exaltante a Vida de Brian contada pelo grupo inglês Monty Pithon do que a de Cristo morbidamente encenada por Mel Gibson!

Comparadas com estas manifestações cruéis, as digressões de joelhos nos santuários marianos são benignas demonstrações de fé.

Recordo que santo Escrivá de Balaguer se flagelava, deliciado. Não duvidando do seu merecimento, repugna-me que se louve o sacrifício, se estimule o fanatismo e se abençoe o martírio.

Que diferença há entre as autoflagelações dos xiitas e as dos católicos?