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10 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

João César das Neves (JCN) – O 4.º pastorinho

João César das Neves consagrou a Deus, no último sábado, a habitual homilia do DN. O tema da prédica foi “A última hipótese”.

Cansado das asneiras políticas, voltou às religiosas, onde é mais hilariante. Não se pode excluir que as dores do cilício lhe provoquem visões do Divino. É de crer que só uma alucinação pia o pudesse ter inspirado a escrever: “Toda a humanidade acha que Deus deve estar muito ofendido.”

A facilidade com que exclui os ateus, racionalistas, céticos, agnósticos, enfim, todos os livres-pensadores, revela a visão totalitária do prosélito, mas é no humor que acaba por se distinguir como porta-voz de Deus.

O Deus de JCN é muito ofendido “com promoção aberta do aborto, eutanásia, adultério, homossexualidade, perversão, clonagem e manipulação embrionária”. Segundo JCN «a pergunta razoável, a única pergunta lógica perante este panorama é: “que devo fazer acerca disso?  Esta questão é urgente e implacável.”».

O devoto plumitivo diz que o que nos vale, até à “pequena minoria que não acredita na Sua existência (…) é Aquele a quem ofendemos ser paciente e compreensivo. Essa é precisamente a convicção de mais de metade da humanidade – cristãos, muçulmanos e judeus –, que acredita no Deus de Abraão.”.

A determinado passo da homilia, o catedrático de economia na madrassa de Palma de Cima, socorre-se de bibliografia: “Na Bíblia e no Alcorão são muitas as histórias dos tempos antigos em que o povo ofendeu fortemente a Deus, foi castigado severamente, mas, mesmo assim, tratado de forma muito mais benevolente do que merecia, sendo no final perdoado por Alguém que prefere sempre a misericórdia ao sacrifício.”

O vingativo Deus de JCN é parente afastado do Deus do Papa Francisco, mas o devoto prosélito, saído do Concílio de Trento, avisa, urbi et orbi:

“Na próxima sexta-feira passa o centenário de um acontecimento que é provavelmente a última hipótese da humanidade. O milagre do Sol, que aconteceu na Cova da Iria a 13 de Outubro de 1917, chamou instantaneamente a atenção de todo o mundo para a “mensagem de Fátima” onde, “A última coisa que a Aparição disse há cem anos foi:

“Não ofendam mais a Nosso Senhor, que já está muito ofendido!” Isto é algo que, como vimos, toda a gente do planeta consegue entender. Todos, [e insiste] mesmo os que não acreditam n”Ele, sabem bem por que razão Deus deve estar ofendido.”

Em delírio, JCN transforma a efeméride em acontecimento e, num tortuoso raciocínio, descobre e prescreve a terapêutica da salvação.  “Trata-se da primeira parte da mensagem de Fátima, a solução para esses males:

rezar o terço todos os dias, fazer penitência pelos pecadores e consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria.».

É fácil, é barato e dá milhões… de assoalhadas no Paraíso.

Bem-Aventurado o 4.º Pastorinho porque dele é o Reino do Céu!

8 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Carta aos crentes

Há crentes que acusam os ateus de intolerância. Se consideram intolerância a denúncia da hipocrisia, a defesa dos direitos humanos, o combate ao pensamento único e a defesa da liberdade, têm razão.

Se, pelo contrário, acham que somos capazes de defender o racismo, a xenofobia, o fascismo, uma qualquer ditadura ou restrições ao direito de associação, onde cabem as religiões, não nos conhecem.

Se um regime despótico privar os crentes de qualquer religião do acesso aos seus templos, do culto das suas crenças, do direito de reunião e da livre expressão escrita e oral, contará com a oposição determinada e a luta, sem tréguas, dos ateus.

A ICAR combate o que julga serem os nossos erros, nós combatemos o que pensamos serem as suas mentiras. Onde está, da nossa parte, a intolerância? Porventura propomos a punição de quem vive da exploração da fé? Queremos queimar os quatro evangelhos que Constantino coligiu dos oitenta que foram considerados para o Novo Testamento? Alvitramos coimas para quem se atulha de hóstias, faz jejuns, reza novenas ou exulta com procissões e peregrinações?

Podemos considerar burla o negócio dos milagres, a venda por atacado de indulgências, a purificação obtida com borrifos do hissope e condenar a atmosfera terrorista que as Igrejas criam com o temor do Inferno. Desmascaramos os negócios que fazem com os transportes do Purgatório, com veículos movidos a missas e oferendas, ou com óbolos que esportulam aos crentes para adquirir um estacionamento no Paraíso, mas não aceitamos perseguições, nem pedimos que nos deixem fazer homilias ateias nos seus locais de culto.

O cristianismo plagiou crenças antigas. Cristo não foi o primeiro a nascer de uma virgem, a ressuscitar ao terceiro dia ou a dedicar-se ao lucrativo ramo dos milagres. Não vem mal ao mundo que haja quem acredite no poder dos santos, nos dons do Espírito Santo ou na omnipotência divina.

O perigo reside nas perseguições a quem desmascara a tramoia, duvida de que o corpo e o sangue do JC se encontrem na rodela de pão ázimo após a transubstanciação, nega a eficácia da água benta ou a da oração no aumento da pluviosidade.

Não somos nós, ateus, que somos intolerantes. Somos solidários com os direitos dos crentes, mas não nos peçam que renunciemos a desmascarar quem os engana, explora e fanatiza.

5 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

No 5 de Outubro de 2017

 Viva a República!

Há 107 anos os heróis da Rotunda libertaram Portugal da monarquia e da ditadura a que João Franco imprimiu a crueldade e o rei a cumplicidade. A Franco-maçonaria divulgou os ideais republicanos e a Carbonária foi o braço armado para a sua vitória.

Foi o primeiro dia de liberdade para o ateísmo.

Depois da falhada revolta do 31 de Janeiro de 1891 e da imolação dos mártires, Manuel Buiça e Alfredo Costa, no dia 5 de Outubro de 1910 os vassalos tornaram-se cidadãos.

Portugal foi pioneiro na implantação da República e, com ela, caíram os privilégios da nobreza, o domínio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. O escrutínio do voto substituiu o poder hereditário e vitalício; o Registo Civil obrigatório, os registos do batismo; a vontade popular, o direito divino; o direito ao divórcio, a indissolubilidade do matrimónio; a separação da Igreja e do Estado, a conivência entre o trono e o altar.

Em 5 de Outubro de 1910, às 12H00, na Câmara Municipal de Lisboa, a proclamação da República foi aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca, numa homenagem devida aos seus heróis.

A 1.ª Grande Guerra devorou os recursos que escassearam para os grandes projetos da primeira República onde a Educação tinha lugar destacado. Não podendo vencê-la os monárquicos, disso se encarregaram os clérigos, o atraso de um povo, que a monarquia deixou analfabeto, e o Integralismo Lusitano que conduziram à ditadura fascista de que os militares de Abril nos libertaram, após 48 anos, na mais bela de todas as madrugadas.

5 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Viva a República

Foi a República que separou o Estado das Igrejas e substituiu os registos eclesiásticos dos batismos pelo Registo Civil obrigatório.

Viva a República!

Laica e democrática.


1 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Não porque acreditasse…

«Sempre conseguiste levar-me a Fátima»

Agência Ecclesia 30 de Setembro de 2017

«D. António Marto foi ao Vaticano agradecer a peregrinação de Francisco, nos dias 12 e 13 de maio.

Cidade do Vaticano, 30 set 2017 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima foi hoje ao Vaticano agradecer ao Papa a peregrinação que realizou ao Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de maio, que “superou todas as expectativas” de Francisco e constituiu uma “bênção para a Igreja”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. António Marto disse que encontrou o Papa muito “alegre, satisfeito e afetuoso”, felicitando-o por ter conseguido com que presidisse à primeira peregrinação internacional do Centenário das Aparições, em Fátima.

“Sempre conseguiste levar-me a Fátima”, disse o Papa a D. António Marto, mal o recebeu com um “grande abraço”.»

Nota: Só faltava que o diretor da multinacional da fé se desinteressasse dessa fonte de rendimento!

29 de Setembro, 2017 Carlos Esperança

Arábia Saudita – País aberto à modernidade

Pasma-se com o passo de gigante previsto, já no próximo ano da era vulgar, no reduto do Islão ortodoxo e guardião dos mais sagrados locais do misericordioso Profeta.

As mulheres, que os monoteísmos sempre consideraram inferiores, não se sabe se por razões genéticas ou de género, irão ser autorizadas a conduzir automóveis e, pasme-se, a poderem assistir a jogos de futebol. São duas concessões por atacado.

Esta revolução que belisca a sharia, subverte os bons costumes e destrói uma tradição de 14 séculos, muito anterior à descoberta do motor de explosão, isto é, desde sempre, já foi saudada como “grande passo na direção certa” pelo secretário-geral da ONU.

O Mundo está estupefacto. Que uma mulher possa assistir a um jogo de futebol, quando devidamente acompanhada pelo marido ou um filho, ainda se tolera, mas poder, a partir de meados do próximo ano, conduzir um automóvel, a confirmar-se a arrojada decisão, é uma espécie de Maio de 68 francês, com a revolução dos costumes a partir do poder.

É tão surpreendente que uma mulher possa aprender a conduzir como ser dispensada de vergastadas públicas por tão imoral ato. Hoje começam a guiar, amanhã vão sozinhas ao estádio, e depois, quem sabe, acabam a autodeterminar-se, à semelhança dos homens.

Ainda hão de querer ser elas a escolher os maridos! Quem nos acode!? Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com o misericordioso profeta Muhammad, sua família e com todos os seus companheiros, antes de vermos uma jovem saudita a dar um beijo ao namorado que escolheu!

28 de Setembro, 2017 Carlos Esperança

Brasil – O adeus à laicidade

STF autoriza ensino religioso confessional

O Supremo autorizou o ensino religioso confessional, vinculado a religião específica, nas escolas públicas brasileiras.

O placar da votação foi apertado: 6 a 5. Coube à presidente do STF, Cármen Lúcia, proferir o voto de desempate.

Ficaram a favor do ensino ligado a religião específica, além de Cármen, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

Votaram pelo modelo “não confessional”, sem promoção de crença, Luís Roberto Barroso (relator do caso), Rosa Weber, Luiz Fux, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.

28 de Setembro, 2017 Carlos Esperança

Angola e o Islão

Angola: tribunal adia julgamento de muçulmanos acusados de terrorismo

«O Tribunal Provincial de Luanda Dona Ana Joaquina adiou, esta segunda-feira, a pedido do Ministério Público o julgamento contra seis jovens muçulmanos angolanos acusados pela Procuradoria-Geral da República do crime de terrorismo e de ligação ao grupo jihadista Estado Islâmico.

Os seis arguidos têm entre 23 e 39 anos, são residentes em Luanda e foram detidos a 2 e 4 de Dezembro de 2016. Foram acusados, a 26 de Abril de 2017, pelo Ministério Público de terem criado, em 2015, em Angola, o “grupo muçulmano radical Street Da Was, formado por cidadãos angolanos convertidos ao Islão tendo como objectivo a divulgação do islamismo nas ruas, usando a sigla “ISLAMYA ANGOLA” que publicava e disseminava entre os seus elementos, através das redes sociais, matérias e temas de cariz radical”.

Na acusação pode ler-se ainda que “os arguidos juraram fidelidade e obediência a Abou Bakr Al-Bagdadi, líder do Daesh, e com isso foram divulgando e ensinando a fé islâmica em Angola”. Acresce-se ainda o facto de nas suas residências terem sido apreendidos computadores e 106 livros entre os quais “38 de carácter político, com elevadas tendências radicais e subversivas”.

Continua…