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Categoria: Não categorizado

25 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

A crueldade de Deus e a demência dos homens

O crime de honra é uma velha excrescência religiosa que se observa nos meios mais reaccionários e embrutecidos pela fé. Deus é um ser misógino que odeia a mulher, acima de todas as coisas, e o amor como algo de vergonhoso.

A mulher é um ser desprezível que se destina a assegurar a reprodução da espécie, servir o marido e ensinar a doutrina aos filhos. Amar não é só o distúrbio dos sentidos, é uma ofensa para a família que apenas se consente dentro do matrimónio canónico, sem manifestações lascivas ou trejeitos mundanos, sem outro fim que não seja o da prossecução da espécie.

Esta notícia traz-me à memória a aldeia da minha infância, onde uma mãe solteira era expulsa de casa, pelos pais, e lançada na prostituição para que a honra da família ficasse limpa. E o responsável podia esperar o fio de uma navalha que lhe trespassasse as tripas por não ter reparado com o casamento a desonra de uma família.

Há nestes crimes cruéis várias infâmias que se perpetuam nos meios rurais, analfabetos e fortemente religiosos:

– Considerar a mulher um ser inferior;
– Considerar a sexualidade um tabu:
– Culto exacerbado da tradição;
– Ignorar os direitos humanos, em geral, e os da mulher, em particular;
– Manutenção de preconceitos hediondos.

Como curiosidade, aproveito para informar os leitores mais novos que, antes do 25 de Abril de 1974, em Portugal, o Estado considerava injustificadas «as faltas dadas por mães solteiras por motivo de parto». Que raio de país.

Pobres homens que não merecem que, ao menos uma vez na vida, uma mulher lhes diga «amo-te», porque as feras não merecem e os brutos não apreciam.

24 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

Jesus, Séc. XXI

Ajoelhem-se e rezem ou ergam os braços aos céus e gritem “Aleluia”, conforme preferirem. O Filho de Deus chegou! Desta vez não vem para fazer milagres ou falar em parábolas; o objectivo é educar(!) e, no processo, arrecadar uns milhões, viver bem e gozar a vida (eterna).

José Luis de Jesus Miranda auto intitula-se o verdadeiro Jesus, filho de Deus, regressado após dois mil anos. Até aqui, pode-se dizer, tudo bem. Em todo o mundo devem ser milhares os loucos ou esquizofrénicos que, anualmente, alegam tamanha identidade. O que já não é muito habitual é que milhares de pessoas os sigam em diversas partes do globo.

Mais de 300 congregações em mais de 20 países, um canal de satélite a transmitir 24 horas por dia, um programa de rádio e diversos sites na internet, dizem bem das proporções da paranóia à volta da Growing in Grace (Crescendo em Graça), nome da sua organização.

Homem suficientemente irónico para não esconder a sua tatuagem com o número dito da besta, o Zé controla todos os aspectos da sua organização, como bom empresário que se preze, e certifica-se que a recolha de dádivas é executada logo no inicio das cerimónias, onde aceita cartões de crédito, não vá algum dos adoradores esquecer-se de levar consigo dinheiro vivo.

Sinceramente, tenho alguma dificuldade em criticar o Zé. Ele até prega que o Diabo, o Inferno e o pecado não existem, as orações são uma perca de tempo e que os 10 Mandamentos são irrelevantes! Posso qualificá-lo como charlatão e pouco mais. Já para os seus seguidores, encontro uma série de adjectivos para os qualificar.

(Diário Ateísta/Penso, logo, Sou Ateu)

24 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

Religiões = Casas de alterne

Deus é o subterfúgio que os homens criaram para as suas próprias limitações, o escudo para os seus medos e a desculpa para os seus fracassos. Mas podiam ter feito do mito a síntese do que de melhor os homens são capazes em vez do monstro vingativo e cruel que faz as delícias dos padres e o terror dos crédulos.

As religiões monoteístas são as casas de alterne onde se compra o patrocínio da Virgem, a protecção do Santo ou a bênção de Deus. Os clérigos são as alcoviteiras do divino que aconselham o santo adequado, a virgem mais dedicada ou o profeta melhor cotado.

Não há no bordel da fé a alcova da tranquilidade, tudo é agitação e frenesim com cheiro a incenso e estearina, em vez de fluidos e permanganato, isto se estivermos a pensar no antro do Vaticano.

No judaísmo ainda há os lúgubres crentes das trancinhas que se esforçam por derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada e que odeiam a carne de porco e o livre-pensamento.

Mas é no Islão que a enorme quantidade de parasitas da fé mantém o cerco mais feroz à liberdade individual. Quem duvidar do profeta, arrisca a separação da cabeça; quem não repetir em voz alta que Deus é grande e Maomé o seu profeta, fica sob suspeita do clero; quem beber um simples copo de vinho ou atacar uma sanduíche de presunto, paga com a vida; e, se for mulher, as vergastadas e a lapidação tornam-se a diversão pública que delicia os crentes, numa orgia de demente crueldade para glória de Deus e satisfação do profeta. Basta uma acusação de adultério.

E ainda há quem não acredite na bondade das religiões!!!

23 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

Um livro imprescindível (Continuação)


Comentário: Os pecados já foram mais caros mas a ICAR fazia descontos para grandes quantidades, como se pode ler. Basta clicar nas imagens.
23 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

Vaticano apela à «abjecção» de consciência

Bento 16, meio-casal assexual, vomita homofobia por todas as reentrâncias e saliências. O régulo da tribo católica apela à objecção de consciência de todos os profissionais para evitar a IVG, no cumprimento da lei, ou que casais homossexuais adoptem filhos.

Não sei se é um apelo à objecção ou à abjecção. Já o seu defunto antecessor pedira aos advogados portugueses que se abstivessem de patrocinar divórcios, num claro desafio às leis de um Estado democrático e num apelo patético à insurreição profissional, acatando ordens de uma potência estrangeira – um bairro de 44 hectares de sotainas e mitras.

Nunca os Papas incitaram à objecção de consciência dos católicos na colaboração com a ditadura salazarista, nunca denunciaram as mortes perpetradas pela polícia política, não se opuseram à guerra colonial, quando o consumo de hóstias era elevado e a influência do déspota do Vaticano era grande.

O major Silva Pais, cuja responsabilidade na morte do general Humberto Delgado foi uma evidência, nunca foi excomungado pelos seus crimes mas foi condecorado pelo Vaticano.

É abissal a diferença entre os ateus e os devotos do Sapatinhos Vermelhos. Os ateus não querem privar os católicos da hóstia, da água benta, do incenso, das indulgências e das orações, apenas não querem que os seus valores sejam impostos pela força a todos os que desprezam o seu Deus e acham ridículas as religiões.

23 de Fevereiro, 2007 jvasco

Criacionismo e a (des)Informação

O Jónatas Machado comentou aqui que:

«O Ludwig Krippahl continua a tentar defender o indefensável, em momento algum explicando a alegada origem casual do DNA ou o modo como a informação genética é acrescentada ao genoma através de mutações e selecção natural. As primeiras, esmagadoramente deletérias, deterioram o genoma, como se de erros de software se tratasse»

Vamos lá então tratar disso. Primeiro, aproveito a analogia para mencionar a programação genética, iniciada por Holland em 1975. A abordagem é aplicar os mecanismos da evolução biológica a programas de computador. Gera-se aleatoriamente uma população de programas, recombina-se fragmentos ao acaso, introduzem-se mutações aleatórias, e põe-se tudo a competir no desempenho de uma tarefa. E funciona. Neste momento há 36 casos em que algoritmos gerados desta forma têm um desempenho ao nível dos algoritmos concebidos por programadores inteligentes. 21 destes duplicam métodos já patenteados e dois geraram métodos novos patenteáveis. E isto com umas dúzias de pessoas em trinta anos. Imaginem os resultados com todos os organismos do planeta a trabalhar nisto durante quatro mil milhões de anos.

O Jónatas dirá que os algoritmos que fazem as mutações e simulam a evolução são programados por humanos inteligentes, e estes também interpretam os resultados. É verdade, a analogia é fraca. Mas é a sua e mesmo assim funciona muito bem. Por mim, continuo a insistir que é errado ver o ADN como uma linguagem, ou programas de computador, ou planos de montagem, ou qualquer coisa que sugira inteligência. O ADN é uma molécula que reage com outras moléculas. Tem tanto de inteligente como a água ou o ovo cozido.

Mas isto hoje é sobre informação, outra palavra que engana. Considerem a frase «Ser ou não ser» Duas pessoas copiam esta frase, e escrevem «Ser ou não cer». À partida diríamos que se perdeu informação. Uma das pessoas era um aluno pouco atento lá se foi um bocado de informação. Mas a outra pessoa era um espião experiente. Usou o erro ortográfico cuidadosamente colocado para informar o seu contacto do local onde deixar os planos secretos que roubou. Um enorme ganho de informação.

Que raio… a mesma alteração num caso perde informação e noutro ganha. Evidentemente, não estamos a capturar bem o conceito de informação. Este problema já Shannon resolveu em 1948, mas resultados tão recentes não estão ainda difundidos entre os criacionistas:

«Frequentemente as mensagens têm significado, ou seja, referem-se ou estão correlacionadas com algum sistema com certas entidades físicas e conceptuais. Estes aspectos da comunicação são irrelevantes […] O aspecto significativo é que a mensagem em questão é uma seleccionada de um conjunto de mensagens possíveis»
[tradução minha]

A quantidade de informação contida numa mensagem é independente do significado que lhe damos. Depende apenas do que temos que especificar. Por exemplo, queremos transmitir um número com 6 dígitos. Há um milhão de combinações possíveis, por isso temos que transmitir informação tal que permita especificar uma de um milhão de possibilidades: 20 bits de informação. Não interessa para que vão servir os 6 dígitos.

Assim a informação de uma sequência é o número de possíveis sequências daquele comprimento com aqueles elementos. No caso do ADN há sempre 4 tipos de elementos, e a quantidade de informação é unicamente função do comprimento da molécula. Quanto mais ADN mais informação está contida na sequência. Isto quer vá controlar o desenvolvimento embrionário dum golfinho quer vá servir de pisa-papéis. Não interessa a função, como não interessa o significado da mensagem. Informação é apenas o necessário para especificar a sequência.

Assim é fácil ver como as mutações aumentam a informação. Ao introduzir sequências novas na população aumentam a informação contida na população (a evolução funciona com populações). E ao duplicar trechos duma sequência aumentam o seu tamanho, aumentando a informação nessa sequência. Duplicação seguida de outras mutações dá origem a trechos diferentes, e cada vez mais informação. No ADN isto funciona bem porque não são palavras nem frases. Enquanto uma palavra mutante provavelmente deixa de ser palavra, uma proteína mutante é tão proteína como qualquer outra, e se reage de forma diferente pode bem ser isso que o organismo precisa. E mesmo em software isto funciona.

Mais informação sobre programação genética:

http://www.genetic-programming.org/
http://en.wikipedia.org/wiki/Genetic_programming

——————————–[Ludwig Krippahl]

22 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

One Nation Under God (1)

A sociedade americana, mergulhada na sua multiplicidade cultural, não se consegue livrar do fascínio pelas mitologias modernas. Recentemente, uma sondagem efectuada pela Gallup, uma das mais conceituadas organizações em termos de estudo da opinião pública norte-americana, revela que, em igualdade de circunstâncias dos candidatos, o eleitorado americano teria como última opção um candidato assumidamente ateu!

Devo dizer que considero este tipo de sondagens, por si só, degradantes. Uma sociedade em que ainda fazem sentido este tipo de sondagens está, com certeza, ainda muito longe de atingir o pleno estágio de sociedade justa e demonstra uma fixação em valores fictícios de moralidade, no mínimo, doentios.

Não vejo na sondagem uma única hipótese onde encaixaria uma posição pessoal. Não me consigo imaginar a limitar o meu voto por qualquer das características a votação. Valores como integridade, seriedade, capacidade de liderança ou sentido de justiça são, assim, arremessados para fora da discussão como se de factores supérfluos se tratassem!

Já no ano passado, um estudo da Universidade do Minnesota revelava que os ateus seriam o grupo que menos confiança transmitia aos norte-americanos, isto apesar de representarem menos de 3% da população.

Neste estudo, uma vez mais, o factor da moralidade é apontado como decisivo para estes resultados. A ilusão de que numa sociedade ateísta se assistiria ao declínio da moralidade é vista pelos norte-americanos como um argumento válido! Isto só tem justificação numa sociedade intoxicada culturalmente pela religião.

Podem-se encontrar razões recentes na sociedade norte-americana para esta forte influência religiosa – os atentados do 11 de Setembro, o recurso escandaloso a Deus nos discursos de George W. Bush – mas, na verdade, enquanto a tolerância parece aumentar em relação a outras minorias, os ateus permanecem lá bem no fundo da lista de preferências.

Naturalmente, as reacções começam a surgir; Sam Harris, Richard Dawkins e Daniel C. Dennett são apenas as faces mais visíveis do que, espero, virá a ser um forte movimento cívico contra a fantasia, a mitologia, o misticismo e a ficção.

(Diário Ateísta/Penso, logo, Sou Ateu)