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Europa laica

O Parlamento Europeu, eleito directamente por sufrágio universal dos países que compõem a União, deu hoje uma prova de independência perante um pequeno Estado que não é democrático nem faz parte da União – o Vaticano. Ao recusar um talibã da ICAR, com ideias sobre a família e a homossexualidade comuns ao Vaticano e aos Estados muçulmanos, o Parlamento defendeu o seu carácter laico e a independência face às religiões.

José Manuel Barroso, depois de ter assinado em Portugal a Concordata (uma vergonha nacional amplamente apoiada na Assembleia da República), depois de ter perdido a referência religiosa na Constituição Europeia pela qual se bateu com o denodo com que os crentes pretendem salvar a alma, tentou até ao fim a manutenção do comissário Rocco Buttiglione, o Ai Jesus de João Paulo II e de Berlusconi.

Só depois de perceber que o Parlamento Europeu rejeitaria a equipa de 24 comissários, enquanto o legado pontifício para as questões da família a integrasse, Barroso recuou, adiando a votação para poder preparar uma nova comissão.

A intransigência de José Manuel Barroso (entrada de durão, saída de sendeiro) deixou-o mais frágil e a Europa perdeu com isso. A única coisa boa foi a derrota do Vaticano, que tinha investido na manutenção do seu homem de mão, a quem resta agora fazer um exame de consciência antes de elevar aos altares o mártir Rocco Buttiglione.