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Humor católico

O governo espanhol chamou o seu enviado ao Vaticano devido a uma «partida» feita por um jornalista de uma rádio da delegação espanhola da Igreja de Roma. Certamente foi coincidência a Igreja Católica estar empenhada numa guerra de vale-tudo contra Zapatero e o seu governo e sem dúvida também por coincidência o director do programa La Mañana que perpetrou a «partida», Federico Jiménez Losantos, é um dos mais acérrimos críticos de Zapatero.

Em directo aos microfones da rádio COPE, propriedade da Igreja Católica, e fazendo-se passar por Zapatero, um jornalista da equipa telefonou a Evo Morales, depois das eleições do passado fim de semana o líder da Bolívia, dando-lhe os parabéns por ter integrado o «eixo cubano-venezuelano» e instigando-o a fazer de Espanha a sua primeira visita oficial como presidente da Bolívia.

Jose Luis Rodriguez Zapatero mal soube da manifestação do que passa por humor católico telefonou a Evo Morales, parabenizando-o pela sua vitória eleitoral e pedindo desculpas pela «partida inaceitável» da emissora católica de que fora vítima.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Bolívia, Armando Loayza, entregou ao embaixador espanhol em La Paz, Francisco Montalban, uma carta oficial de protesto dando voz à indignação do governo boliviano em relação à deplorável piada católica, que consideram «uma afronta aos cidadãos bolivianos» e um sinal de «carácter racista e colonialista» .

O governo espanhol na voz do secretário de estado da Comunicação, Fernando Moraleda, exigiu um pedido de desculpas formal da COPE ao presidente eleito da Bolívia.

Não obstante Moraleda ter falado com o presidente do conselho de administração da COPE, Bernardo Herráez, e com o porta voz da Conferência Episcopal Espanhola – proprietária da emissora – Juan Antonio Martínez Camino, que achou inaceitável o que se passou, até agora nenhum pedido de desculpas oficial quer da emissora quer da hierarquia católica de Espanha foi oferecido aos dois estadistas envolvidos. Isto é, o director-geral da COPE, Genaro González del Hierro, enviou uma nota ao embaixador boliviano em Madrid, Álvaro del Pozo, pedindo desculpa pelos «problemas que a partida poderá ter causado» e informou que já tinha comunicado aos humoristas católicos «a inconveniência deste tipo de acções».

Tal como o ministro da Justiça espanhol, Juan Fernando López Aguilar, que prometeu investigar o caso, considero que a mui católica partida denota «prepotência e arrogância» (algo a que a Aguilar já devia estar habituado já que são as imagens de marca da Igreja de Roma) e que é «moralmente reprovável, politicamente censurável e exige um pedido de desculpas». Mas suponho ser difícil vermos um pedido de desculpas formal da Conferência Episcopal Espanhola a Zapatero…