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Crimes atribuídos às religiões e ao ateísmo

O argumento é recorrente: se é verdade que as cruzadas, a inquisição, o terrorismo religioso, a caça às bruxas e outras que tais implicaram muitas mortes, também é verdade que houve várias mortes provocadas por regimes políticos que eram ateus(quase sempre comunistas).

O argumento é tão recorrente quanto disparatado.

A razão é óbvia: a esmagadora maioria das mortes provocadas por tais regimes, não o foram em nome do ateísmo. Foram-no em nome de um regime, que, por acaso, até era ateu.

Se nós considerássemos essas mortes como imputáveis ao ateísmo, às mortes imputáveis à religião não nos poderíamos limitar a contabilizar as referidas: qualquer morte, ao longo da história, imputável a um regime que afirmasse uma determinada religião seria imputável a essa religião. Isto quer dizer que todas as mortes políticas até há pouco mais de cem anos seriam imputáveis à religião!
Não me passa pela cabeça culpar o cristianismo por todas as mortes que os reis cristãos provocaram – e isto corresponde a muitas mortes na Europa! – e nesse sentido não faz sentido imputar ao ateísmo as mortes provocadas por facínoras que até eram ateus.

Mas é diferente atribuir ao cristianismo as mortes provocadas por reis cristãos – mortes provocadas devido aos interesses do monarca a quem acontecia ser cristão – e as mortes ocorridas na inquisição, nas cruzadas, na caça às bruxas ou no terrorismo religioso – assassínios cometidos em nome da região.

Aqui é que a porca torce o rabo, e os crentes não o podem negar: não existiram (que se saiba) assassínios em massa em nome do ateísmo.

Em resumo: ocorreram muitos crimes e assassínios pela parte de regimes afectos a uma religião, tal como ocorreram muitos crimes e assassínios pela parte de regimes ateus, e é ridículo imputar quer os primeiros à religião, quer os segundos ao ateísmo.
Por outro lado, ocorreram muitos crimes e assassínios em nome da religião, mas quase nenhuns em nome do ateísmo. Isto é algo que o ateísmo tem a seu favor.