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Um bispo do Concílio de Trento

Que o Sr. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa pela graça de João Paulo II, tenha como opção política a extrema-direita, é um direito que os democratas não podem negar, nem a fascistas, muito menos a um cripto-fascista.

Que o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, comprometa a Igreja católica, quando um único bispo, ao que julgo saber, o General Januário Reis Torgal, reformado das Forças Armadas e bispo emérito, contestou a reiterada propensão reacionária do prelado alfacinha, é sinal de que a Igreja católica ainda se rege pela Contrarreforma.

Em plena época eleitoral, foi de mau gosto o comício do dia 13 de maio, presidido por um purpurado importado das Filipinas, para proferir diatribes contra o comunismo, sob o alibi de que a alegada aparição de uma virgem, há 102 anos, saltitando de azinheira em azinheira, na Cova da Iria, veio prevenir três pastorinhos dos perigos do comunismo.

Enquanto o Papa Francisco, impotente para travar os milagres dos defuntos que a Igreja quer distinguir, mas desejoso de acertar o passo com a modernidade, não consegue que os cardeais tenham um módico de decoro e respeitem a lei dos países onde representam o bairro de 44 hectares, que Mussolini fez Estado (Vaticano), é difícil que os incréus vejam na Igreja católica superioridade moral em relação à concorrência.

O Sr. Manuel Clemente, ao estender o dedo com o anelão ao beija-mão, devia impedir o ato de subserviência e zurzir com o báculo quem ainda se curva, com moleza da coluna vertebral, para o ósculo reverencial, mas falta-lhe o pudor republicano a que a sacristia é alheia.

Lamentável foi a cobardia dos partidos políticos a perdoar a diatribe do exótico clérigo, sem, sequer, lhe imporem qualquer penitência.

Preferência do cardeal de Lisboa
cardeal dos negócios do ensino particular