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Brasil – Da corrupção política à sarjeta dos cultos evangélicos

Os países da América do Sul, depois de significativos avanços da democracia, estão de novo a ensaiar um percurso inverso.

O mais recente e demolidor revés aconteceu no Brasil, com um golpe constitucional que demitiu Dilma e impôs um presidente ilegítimo, para a substituir e subverter o programa sob o qual foi eleito Vice. Do Estado social e dos direitos dos trabalhadores nada restará quando Temer for afastado.

A conquista da prefeitura do Rio de Janeiro por Marcelo Crivella, bispo da IURD, que comemorou a vitória com um pai-nosso e a condenar o aborto e a legalização de drogas, é a mais eloquente metáfora de um país refém da aliança de terratenentes, evangélicos e capitalistas, que dominam a comunicação social e, em breve, todos os centros do poder.

Os pruridos da Igreja católica desapareceram com as seitas místico-financeiras que não hesitam em lançar os seus bispos e pregadores mais populares ao assalto ao poder. Os partidos cedem às seitas, os comícios às telemissas e a política à teologia.

Os órgãos de soberania são sacristias de alto nível onde se benze uma nova relação com o povo, onde as leis passarão pelo crivo da Bíblia e a classe dominante distribui esmolas transformando a justiça social em caridade.

A modernidade fica adiada e a fé regressa com colorido tropical e ruidoso de exibições pias, com liturgia e milagres para todos os gostos.