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Diário de uns Ateus – 11.º Aniversário

Por lapso, deixei passar o dia 30 de novembro, data do 11.º aniversário do Diário de uns Ateus, o nome com que foi criado.

Este Diário foi o projeto de uns ateus fartos do poder do clero romano, de Governos que se ajoelham e de gente habituada a viver de rastos. Não se dirá que privilegiámos umas religiões em relação a outras. Todas são más, todas trazem o veneno da superstição e da mentira e o vírus do proselitismo.

Nestes últimos onze anos morreram milhões de pessoas vítimas de ódios religiosos e do sectarismo dos clérigos que acicatam os instintos primários de crentes que fanatizam. Ninguém foi chacinado por ateus ou agnósticos, pelo menos nessa qualidade, mas foram muitos os que morreram às mãos daqueles a quem disseram que matar infiéis agradava ao seu deus e que espalhar a fé era uma obrigação.

Os protestantes evangélicos descobriram em Bush o homem que falava diretamente com Deus e que se deixou enganar pelo pantomineiro. Os judeus ortodoxos continuam a enrolar as trancinhas e a sonhar com o expansionismo sionista. Os muçulmanos matam a troco de 72 virgens que julgam de burka despida à sua espera no Paraíso. Os padres romanos, dirigidos pelo capataz do Vaticano, continuam em cruzadas contra o divórcio, a IVG, o uso do preservativo e a pretenderem conquistar poder político.

Nos países onde o clero foi remetido para as sacristias não há guerras religiosas. Não se é perseguido por rezar o terço, ir à missa, orar virado para Meca ou tentar derrubar à cabeçada o Muro das Lamentações.

Nos países onde a vontade de Deus se sobrepõe à dos homens decapitam-se pessoas, lapidam-se mulheres, amputam-se membros e o medo e a violência são as armas que mantêm os regimes de terror teocrático na coutada de tal Deus.

É contra o obscurantismo religioso, o fanatismo, o embuste dos milagres e a criação de santos que o DuA, diariamente, escarnece, acusa e blasfema. É na defesa da Declaração Universal dos Direitos do Homem que se esforça por manter um espaço que é trincheira contra o fundamentalismo que ressurge pela mão dos clérigos e se espalha por contágio dos beatos que nascem como cogumelos nas noites frias e húmidas de Novembro.

Vamos continuar, para gáudio de brasileiros e portugueses que nos visitam diariamente, em peregrinação laica a este espaço não infetado por Deus.