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Um pecado é um pecado

O DA é um portal ateu. Isto dito assim, tem laivos de redundância, mas a verdade é que ainda há muita gente que não o vê assim, embora essa falta de visão seja voluntária, pelo que imperioso se torna lembrá-lo: o Diário Ateísta é um portal ateu.
Assim sendo, parece-me razoável que se debruce não só sobre as questões religiosas, mas também sobre as que lhe estão subjacentes – nomeadamente a hipocrisias e os reiterados sermões de Frei Tomás.
Dito isto: um crime é um crime, e cada sociedade trata de julgar e punir os actos que como crime são considerados. Infelizmente, todos os dias a comunicação social nos vai dando conta não só do cometimento de crimes, mas também das acções das polícias e dos tribunais para os combater e/ou punir. E se o cometimento de um crime é um acto condenável, mais condenável se torna se for cometido por quem tem obrigação acrescida de não os cometer. Não é por acaso que a legislação portuguesa – é ela que nos interessa neste contexto – pune com mais severidade os agentes que, por força das respectivas funções têm deveres ampliados de comportamento exemplar. É muito mais grave, por exemplo, um polícia cometer um crime do que se esse mesmo crime for cometido pelo “Zé das Iscas”. Mais grave ainda, se for cometido no exercício das suas funções. Do polícia, entenda-se.
Por isso, parece-me uma inqualificável tentativa de branqueamento, a roçar a cumplicidade doentia, afirmar que um polícia cometeu um crime “mas ninguém fala nos outros”; ou que um médico matou um doente “mas há tanta gente que mata”.
Ou dizer que um padre cometeu abuso sexual de menores, “mas a maior parte desses crimes dá-se no seio familiar” ou que “há ateus que também são pedófilos”. Ai há? E depois? Isso justifica a atitude do padre? As asneiras legitimam-se umas às outras?
Os pecados não foram inventados pelos ateus. Quem os inventou é que deve ter comportamento exemplar. Como os polícias. Ou como os médicos.