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Mês: Maio 2010

1 de Maio, 2010 Fernandes

Escolha o seu

Com a crise, cresce a devoção nos santos com fama de concederem graças rapidamente. Com o agravamento da situação económica, a fé, que antes não costumava existir, agora não pode faltar. Tem de ser rápida, expedita. Os santos que estão no “top” são os directamente relacionados com os problemas económicos.

Pode dizer-se que os três preferidos são os que atendem às urgências do povo: Santo Expedito, São Judas Tadeu e Santa Rita de Cássia. A Senhora de Fátima compõe o quarteto que monopoliza a devoção dos fiéis. Santo Expedito é o “protector” dos endividados. São Judas Tadeu e Santa Rita de Cássia ajudam, respectivamente, nos casos desesperados ou perdidos – uma mezinha que tanto ajuda quem está no desemprego, como quem anda à porra e à massa com a mulher.

Nem todos os santos venerados são realmente considerados “válidos”. Um exemplo típico é o Santo Expedito, que tem a sua história questionada por teólogos católicos. Conta-se que era comandante de uma legião de soldados romanos e foi sacrificado em 19 de abril de 303, por ordem do imperador Diocleciano, ao lado dos companheiros Caio, Gálatas, Hermógenes, Aristonico e Rufo, por ter aderido à fé cristã. Segundo a tradição, no momento da sua conversão apareceu um corvo que lhe disse, crás (amanhã, em latim). O soldado esmagou imediatamente o corvo com o pé e gritou, hodie (hoje), razão pela qual se tornou naquele a quem se recorre quando não se pode deixar nada para amanhã. Para a Igreja, ele é uma lenda, não existiu de facto, mas se alguém mencionar o facto, o crente que o procura fica “ofendido”. Santo Expedito faz milagres, mas para desconforto dos fiéis, não aparece no anuário da editora Paulus.

É normal os santos “engrossarem” os seus currículos com milagres. Primeiro um milagre corriqueiro, comum, como um analgésico para a dor de cabeça. Depois, vem o tumor no olho salpicado com azeite de fritar peixe e por aí adiante. O tempo parece ser fundamental para o exercício dos ‘milagres’ por parte dos santos. Além disso, os santos têm-se especializado em milagres específicos. É importante para o crente, “descobrir” o seu santo.

Contam que o bondoso São Cristóvão atravessava um rio carregando pessoas nas costas. Por isso é o padroeiro dos motoristas. Mais recentemente, São Camilo de Lellis dedicava a vida aos doentes, tornando-se assim no protector dos enfermeiros. Esses são alguns dos casos mais conhecidos.

O catolicismo contém santos para quase todas as profissões. Alguns santos nem são reconhecidos, como São Jorge, por exemplo. Embora considerado apócrifo pelo Decreto Gelasiano do século VI, a influência que exerce sobre os fiéis é enorme. Conforme reza a lenda difundida na Idade Média, São Jorge foi aquele cavaleiro que lutou contra o dragão. Tal lenda diz que um horrível dragão saía das profundezas de um lago e atirava-se contra os muros da cidade, espalhando a morte e o terror com o seu mortífero bafo de fogo. Para afastar tamanho flagelo, o povo oferecia ao “monstro” jovens vítimas, escolhidas por sorteio. Um dia coube à filha do rei servir de alimento ao dragão. O monarca, que nada pôde fazer para evitar o horrível destino da filha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia destinada a um fim atroz quando, de repente, apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge! O valente guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo, reduziu o terrível dragão a um manso cordeirinho, que a jovem princesa levou preso numa corrente até dentro dos muros da cidade perante a admiração de todos os habitantes que antes se fechavam em casa cheios de pavor. O misterioso cavaleiro asseverou gritando-lhes que tinha vindo em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam então converter-se e serem batizados.

Por causa da lenda, quadros e mais quadros foram pintados e capelas erigidas com São Jorge vencendo o dragão. E podemos encontrá-lo nas casas de alguns fiéis. E não só. Há muito tempo que ouvimos falar da figura de São Jorge e o dragão estampada na face da lua. São histórias cheias de drama e mistério com que se enroupam os crentes; que vêm desde os tempos em que o Arcanjo São Gabriel  anunciou a gravidez a Maria – o que o tornou padroeiro dos carteiros! – Creio que o leitor já entendeu o processo que habilita um santo a ser um protector especialista em determinado ramo ou ofício.

*Adaptado do sitio CACP.

1 de Maio, 2010 Carlos Esperança

Visita prejudicial e inoportuna

A visita do papa é inoportuna:

1 – Os factos, pouco abonatórios para a reputação do pontífice, desaconselhariam a vinda, até cabal esclarecimento do seu comprometimento, para não constranger as entidades que o protocolo obriga a recebê-lo.

2 – Dadas as dificuldades financeiras por que o País passa devia também este facto merecer do Vaticano ponderação suficiente para não as agravar.

3 – É ainda inoportuna no centenário da República contra a qual a ICAR sempre conspirou e pelo apoio que deu á ditadura salazarista.

4 – Vem, mais uma vez, rubricar o chamado milagre de Fátima, inventado para combater a República e aproveitado na luta contra o comunismo.

O episcopado procura que os banhos de multidão sirvam de benzina para as nódoas que têm caído sobre a Igreja católica.

PREJUDICIAL – Pára o país num período de grave crise económica, social e política, perturba o processo eleitoral presidencial e fecha as escolas.

As tolerâncias de ponto comprometem a decência de um Estado que a Constituição obriga a ser laico e coloca os seus altos dignitários como acólitos do Papa católico e Portugal como protectorado do Vaticano.

São, no mínimo, infelizes as declarações da CEP que considera as insólitas tolerâncias de ponto como um serviço ao povo português e não como uma cedência às pressões da Igreja católica.