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Ad asinum

Dermot Ahern, o devoto ministro da Justiça irlandês que se propõe criminalizar a blasfémia, acedeu magnanimamente a conceder direito de defesa aos blasfemos que a anacrónica lei que pretende instituir tornará criminosos. A proposta de emenda (documento em formato pdf), que será discutida amanhã no All-Party Committee on Justice,  prevê que alguém acusado de blasfemia se possa defender provando que «uma pessoa razoável (?) encontra genuíno valor literário, artístico, político, científico ou académico» na matéria blasfema.

Uma vez que o ónus da prova recai sobre o acusado e não sobre o acusador (que pode ser um dos muitos cristãos que se ofendem por tudo e mais umas botas ateias), a polícia pode apreender e destruir o «material blasfemo» mesmo antes do atestado valorativo de uma pessoa «razoável». Resta a dúvida sobre o que será considerado uma pessoa «razoável», se alguém como o cardeal Cormac Murphy O’Connor, que considera «não totalmente humanos» ateus e secularistas, os que acham que O’Connor apenas manifestou uma posição «razoável e equilibrada» ou  Eric Conway, que exige a criminalização do ateísmo…

em stereo na jugular.