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Mês: Março 2009

2 de Março, 2009 Carlos Esperança

Podiam demorar o ano inteiro

Bento XVI encontra-se, desde Domingo, nos exercícios espirituais quaresmais, juntamente com os seus colaboradores da Cúria Romana. Durante esta semana, estão suspensas todas as actividades do Papa, incluindo a audiência geral de Quarta-feira.

2 de Março, 2009 Carlos Esperança

B16 acossado no seu labirinto

O Papa Bento XVI aceitou o pedido de renúncia do prelado ultra-conservador austríaco Gerhard Maria Wagner, de 54 anos, ao cargo de bispo auxiliar de Linz, informou o Vaticano.

Nota: Já não tem força para manter a sua agenda ultra-reaccionária.

2 de Março, 2009 Carlos Esperança

Indústria dos milagres

Uma das mais singulares peregrinações ao Santuário de Fátima, a Peregrinação das Crianças, sempre em 9 e 10 de Junho, propõe neste ano de 2009, o exemplo de vida do pequeno vidente de Fátima, Francisco Marto, às crianças de todo o mundo.

Comentário: O Francisco e a Jacinta prestaram provas para beatos com a cura da D. Emília de Jesus que estava entrevada. Um deve ter curado a perna esquerda e a outra a direita. Ou vice-versa.

A D. Emília morreu, a seguir, completamente curada.

Adenda – O milagre foi confirmado por três médicos diferentes: Dr. Felizardo Prezado dos Santos, a Esposa e a filha.

2 de Março, 2009 Carlos Esperança

Autocarro ateu

Por

Onofre Varela

Foi notícia-sensação o facto de Londres ter a circular, no sistema de transportes públicos, um autocarro decorado com esta mensagem de teor ateísta: “Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar e goza a vida”. A ideia de tal propaganda pertence ao escritor britânico Richard Dawkins, autor do livro “A Desilusão de Deus” — neste momento em segunda edição em Portugal e no top de vendas em todo o mundo —, já ameaçado de morte por fundamentalistas islâmicos.

Uma associação ateísta espanhola importou a ideia e pôs dois autocarros de Madrid a circular com a mesma mensagem. Não tardou, grupos de religiosos (quiçá a própria Igreja Católica), pagaram a decoração de seis autocarros — seis!!! — com mensagens contraditórias, afirmando a existência e a bondade de Deus, em resposta à mensagem dos ateus. Uma guerra teológica sobre rodas, perfeitamente ridícula!

Esta atitude de contradizer a primeira mensagem, enquadra-se no mesmo tipo de reacção que motivou islamitas a promoverem um concurso de caricaturas criticando o Cristianismo e negando o holocausto, em resposta às caricaturas de Maomé publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten em Setembro de 2005. Se as caricaturas tinham um fundamento de verdade, porque, efectivamente, existe um fundamentalismo islâmico terrorista testemunhado por todos nós, a resposta islamita, negando factos históricos e a humanidade que é possível encontrar na filosofia cristã, só veio sublinhar a agressividade dos grupos extremistas que mancham o Islão.

A reacção Católica à mensagem de Richard Dawkins, recorrendo ao mesmo suporte publicitário para macaquear a mensagem ateia, segue a mesma linha das atitudes fundamentalistas islâmicas. Os católicos teriam muito mais a ganhar se não respondessem à provocação ateia. Aliás, aquilo nem pode ser considerado provocação!… É, apenas, a manifestação pública de uma opinião perfeitamente legítima.

O que acontece é que a Igreja Católica habituou-se a ser poder total desde o século XII, quando o papa Gregório VII obrigou todos os reis e imperadores ao totalitarismo de Roma. A Igreja dominou o pensamento europeu até à Revolução Francesa, e ainda não conseguiu digerir o direito que todos nós temos à nossa própria opinião e de nos expressarmos livremente. O Catolicismo é semelhante ao islamismo na atitude de querer impor as suas ideias nas sociedades onde é religião maioritária. E o terror que a “Santa Inquisição” semeou no pensamento colectivo, ainda hoje permanece em alguns meios rurais deste nosso lindo país. Já vivi a experiência de, ao dizer-me ateu, o meu interlocutor olhar para os lados, garantindo a confidencialidade da conversa!

Todos nós somos donos das nossas consciências, e somos livres de afirmar ou de negar a existência de um deus. O próprio papa Paulo VI, no Concílio Vaticano II, reconheceu “a liberdade de consciência a que todas as pessoas têm direito, a qual não deve ser coarctada nem pelo Estado nem pela Igreja”. As crenças valem o que valem, e quem se sente feliz vivendo a ilusão de Deus, deve continuar a vivê-la… o importante é que seja feliz, como felizes conseguem ser aqueles que dispensam divindades.

De resto, parece-me irrelevante dizer que Deus não existe e não interessa discutir tal inexistência. É como contestar a existência de fadas. Não faz qualquer sentido e é uma perda de tempo. Deus e o Diabo estão ao mesmo nível das fadas boas e das bruxas más. São figuras mitológicas, emparceiram com as fábulas e estão inseridos na mesma categoria que constrói o mundo da fantasia. Todos nós temos direito à fantasia, mas não devemos perder a noção da realidade não atribuindo valor real a tão oníricos pensamentos.

Aquilo que é verdadeiramente inquietante e merecedor de toda a preocupação é haver tanta gente a acreditar em Deus a duzentos anos da promissora época da Ilustração!

E é realmente alarmante porque os crentes não nasceram crentes…foram feitos crentes nas lojas de fé:

catequeses católicas, madrassas islâmicas e outros grupos ou seitas de religiosos, para atenderem, pela vida fora, à voz de quem os controla.

1 de Março, 2009 Carlos Esperança

Reproduzem-se sem se casarem

O número de padres está aumentando, apesar da queda das vocações e o envelhecimento do clero na Europa: eles eram 408.024 em 2007 contra 407.262 no ano anterior, graças à contribuição dos africanos e asiáticos. – INFORMOU A ICAR.

1 de Março, 2009 Carlos Esperança

As religiões e a liberdade

O texto do Rui Cascão, bem documentado como é seu hábito, merece que torne ao assunto abordando, especialmente, as discordâncias.

Quanto aos factos não tenho divergências de maior, limito-me a reiterar que o Islão é um plágio grosseiro do cristianismo mas talvez seja mais rigoroso dizer que as três religiões monoteístas plagiam o Antigo Testamento, um livro da Idade do Bronze, de cujas páginas escorre a violência, a crueldade e a vingança de um deus feito à imagem e semelhança dos homens e das sociedades dessa época.

Concordo que as três religiões são idênticas: reaccionárias, anti-modernistas, anti-científicas e opressivas. Não se trata de uma idiossincrasia muçulmana. Não é por acaso que Pio IX considerava o cristianismo incompatível com a liberdade e a democracia.

O Talmude e a Tora, O Antigo e o Novo Testamento, O Corão e a Sunnah (séc. IX) têm em comum o carácter misógino mas diferem em relação ao álcool, à carne de porco e na defesa do véu e da burka. No islão as proibições atingem o esplendor esquizofrénico, onde até urinar com o jacto virado para Meca é proibido. Não é, pois, uma questão de preconceito contra o Islão, é a verificação do que é.

É verdade que o Islão já foi mais tolerante do que o cristianismo mas o mérito nunca é das religiões mas sim das sociedades que contêm a fé.

Paulo de Tarso odiava o prazer e injuriava as mulheres. Advogou o castigo do corpo e glorificou o celibato, a castidade e a abstinência. É um expoente da patologia teológica e do masoquismo místico mas o Iluminismo e a Revolução Francesa puseram termo à demência beata. No Islão não houve Reforma nem Iluminismo e, em vez do Direito Romano (civilista) vigora a influência do direito teocrático tal como no cristianismo ortodoxo existe a influência de um direito de natureza política.

1 – «Na época áurea do islamismo (Séc. X e XIV) a civilização islâmica (ou árabe?) era a mais próspera e a mais avançada…» mas isso não foi mérito da religião, foi talvez o período em que a fé teve menos influência enquanto o cristianismo, por sua vez, dominava.

2) Existem, nos dias de hoje, sociedades predominantemente islâmicas, com razoável prosperidade económica, índices médios e até altos de desenvolvimento social e humano, e onde se entende o Islão de forma moderada (Malásia, Singapura, Turquia).

Desconheço o caso da Malásia e Singapura é apenas uma cidade-estado. Vamos à Turquia. É um imenso país laico onde as Forças Armadas e os Tribunais se têm oposto às tentativas de submissão à sharia, na defesa da herança de Mustafa Kemal Atatürk que proibiu violentamente quaisquer sinais exteriores religiosos e onde o véu é interdito nos edifícios públicos. Mas essa herança está em risco com o progressivo avanço do islão e a vitória eleitoral de um primeiro-ministro que compreende o assassinato de juízes que consideraram inconstitucional o uso do véu nas universidades.

Não esqueçamos que as páginas do Corão apelam constantemente à destruição dos infiéis, da sua cultura e civilização, bem como dos judeus e cristãos (por esta ordem) em nome do mesmo Deus misericordioso que inspira as hordas de terroristas.

3 – Não é o Islão que oprime, são as duras condições socioeconómicas…. Esta afirmação politicamente correcta exige demonstração. As condições socioeconómicas são provavelmente consequência do Islão, da discriminação da mulher, da ausência de liberdade, das cinco orações diárias e da obstinada subordinação do quotidiano dos cidadãos à vontade de Alá. O Génesis também condena radical e definitivamente a mulher como primeira pecadora e causa de todo o mal no mundo, mas qual é o cristão que ainda leva a sério tão piedoso ensinamento?

O que é mau é o radicalismo…. Claro que sim, mas o que é um muçulmano moderado?

A crença inabalável na vida eterna é um obstáculo insuperável para a liberdade na única vida que nos é dado viver. Se não fosse a repressão política à Igreja, no Ocidente, ainda hoje seríamos regidos pelo direito canónico em vez de termos uma Constituição. O divórcio, o adultério, a apostasia, a homossexualidade e a igualdade entre os sexos ainda seriam proibições absolutas e crimes duramente punidos.

Não há crentes moderados, há apenas crentes com pouca fé ou muitas dúvidas. Não há religiões humanistas, há credos submetidos às leis democráticas e padres com medo do Código Penal.