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Espanha – O estertor do fascismo

Domingo, no aniversário da morte de um dos mais frios e cruéis assassinos do século XX, os nostálgicos da ditadura espanhola fizeram a canónica peregrinação anual ao Vale dos Caídos.

Na lúgubre evocação não faltou um padre a adejar a sotaina para honrar «aquele que foi, pela graça de Deus, caudillo de Espanha», nem um estudante de economia, de braço ao alto, orgulhoso de ser neto de quem «matou 156 ‘vermelhos’ à metralhadora em 1936, na Galiza, e depois foi comer marisco».

Estavam lá os detritos da memória de um tempo em que o fascismo e o altar se aliaram para matar os sonhos de liberdade. O ódio que ainda os corrói vê-se nos rostos grotescos e nos braços estendidos junto de um monumento pio edificado por 15 mil condenados a trabalhos forçados.

A grotesca encenação de quem se reclama sempre «espanhol e católico» teve do poder legal, como resposta, a «lei da memória histórica» enquanto da parte eclesiástica se faz sentir um silêncio cúmplice perante as homenagens ao seu venerado Caudillo Franco.

A Espanha rural, beata e fascista fez ontem a última peregrinação legal ao Vale dos Caídos. Envergavam camisas azuis de melhor qualidade do que as da ditadura, cantaram o ‘Cara al Sol’ e fizeram a saudação nazi perante um Franco que jaz morto e apodrece no monumento que o fascismo espanhol transformou no altar de si próprio e onde jaz morto e apodrece Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde Salgado Pardo de Andrade.