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O pesadelo da Mesquita Vermelha

Enquanto a al-Qaeda ameaça Salman Rushdie e a Grã-Bretanha e um ataque talibã mata 12 crianças no Afeganistão, termina de forma cruenta a resistência de radicais islamitas na Mesquita Vermelha de Islamabad.

Só na última noite foram mortos mais de cinquenta crentes cujo fanatismo os levou a procurar o martírio: uns por medo de Deus, outros por temor ainda maior dos clérigos.

O líder rebelde, Rashid Ghazi morreu em combate como lhe exigia a fé e o desvario. Ele apenas tirou bilhete de ida para o Paraíso onde 70 virgens o aguardavam nas margens de um rio de mel à sombra de árvores frondosas. Mas também perderam a vida dezenas de vítimas fanatizadas e pessoas aterradas pela crueldade de Deus e a violência do clero.

Acontece nas sociedades tribais e nas religiões um eterno desejo de retorno às origens. É difícil erradicar a violência sectária sem estabilizar Estados laicos e fazer a pedagogia dos Direitos do Homem.

A que a população islâmica mais aprecia no Ocidente, contrariamente ao que se julga, é a liberdade religiosa, embora não saiba quanto custou a liberdade do jugo clerical e do seu poder totalitário. A democracia não foi um milagre da Providência, tem uma longa história de mártires que não ascenderam aos altares nem à perpétua glória do Paraíso.

Sem a separação da Igreja e do Estado não há liberdade, não existe democracia, não se defendem os Direitos do Homem nem a mulher deixará de ser um objecto vítimas de quem detém o poder e domina a sociedade. E a teocracia é a antítese da democracia.