A Igreja católica cheira as desgraças
O desaparecimento de Madeleine, de três anos, possivelmente raptada, é motivo de alarme e merece a preocupação e solidariedade de todos.
Fazer da tragédia da criança e da desolação dos pais um circo místico com a montagem de um número pio, com a inclusão do terço, é um acto vil de utilização da fragilidade humana.
As religiões são assim. A cada patifaria da sorte, em vez de execrarem a incúria divina, pedem ao mito a ajuda que não tem, o milagre que não pode.
Nem a criança desapareceu por vontade de Deus nem aparecerá por remorso dele. São vãs as orações e, quanto à ansiedade dos pais, faz mais um calmante do que uma novena e para a descoberta do eventual criminoso é mais útil um cão bem treinado do que a Senhora de Fátima.
As orações são inutilidades que os crentes debitam e os padres aproveitam para proselitismo. Nenhum clérigo com alta de um hospício acredita que Deus se meta na investigação policial ou estimule o faro dos cães que procuram a criança desaparecida.
Vale mais o nariz de um cão treinado do que o Deus gasto por séculos de mentiras e insucessos.
O mundo gira sem interferência de Deus. É cruel confiscar a dor dos pais para promover a fé e usar o desespero para uma operação de marketing religioso. Fazê-lo é uma atitude rasteira de quem substitui a razão pela fé e a solidariedade pela genuflexão.
Uma bruxa não faria melhor.