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A fé e o ódio

A fé e a intolerância são irmãs gémeas. As Igrejas odeiam-se com uma veemência que estarrece as pessoas civilizadas e transmitem o ódio dos seus líderes à multidão de crentes que as seguem. Faz parte da sua natureza.

Os chefes religiosos estão menos interessados no martírio do Deus que promovem do que no poder que possuem. Não são as ideias que os separam, são os interesses e a disputa do mercado.

Os católicos e os protestantes mataram-se cristãmente, durante séculos, até que o Papa e os bispos foram metidos na ordem.

Em 1054 surgiu o grande cisma entre católicos e ortodoxos e, num acto de mútuo amor, as seitas divididas excomungaram os crentes da concorrência. Deus estava, há muito, de baixa e o Diabo desleixara-se na manutenção ao Inferno, desactivado e incapaz de supliciar os malditos.

Católicos e ortodoxos viveram mútua e reciprocamente excomungados durante 911 anos sem que a maldição os apoquentasse. Quando em 1965 Paulo VI e Atenágoras se desexcomungaram, ao mesmo tempo, nada se alterou. A maldição de Deus é fácil de suportar, difícil é aguentar as bênçãos do clero.

O Papa é de todos os ditadores o que tem mais poder económico e uma hierarquia mais rígida. Umas vezes alia-se ao Islão contra o Judaísmo, outras ao protestantismo contra a liberdade. Agora busca nos cristãos ortodoxos o apoio de que carece contra a demência islâmica.

Na viagem à Turquia, o velho autocrata tenta provar que o país não está em condições de entrar na União Europeia sem se dar conta que ele próprio não cabe no espaço de liberdade que o laicismo criou e onde os ditadores são indesejados.