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Ainda a beata de Viseu

A cerimónia de beatificação da freira Rita Amada de Jesus esteve marcada para 24 de Abril e aconteceu – como foi público -, em 28 de Maio.

A Igreja católica, na sua mais jurássica expressão de que a diocese de Viseu tem sido paradigma, dá preferência a certas datas. O 24 de Abril ou o 28 de Maio são datas que a pia nostalgia autóctone não deixa cair no olvido.

A beatificação da freira deve ter constituído uma euforia para a superstição autóctone, um lenitivo para uma região a que falta desenvolvimento mas sobra piedade.

Da sepultura do cemitério de Ribafeita saltou um milagre do cadáver da freira, no ramo da gastrenterologia, milagre que o Vaticano logo reconheceu com a autoridade que lhe sobra na matéria e a honestidade que se lhe conhece.

Em 1989, no Brasil, uma mulher, atingida por doença mortal no intestino, curou-se por intercessão de Rita Amada de Jesus. O Papa nunca tem dúvidas e raramente se engana.

Creio que é uma glória para nós, portugueses, sermos capazes de milagres como os mais avançados que se fazem no estrangeiro, concebidos e executados por cadáveres pios, sem necessidade de tecnologia importada.

Basta uma freira com gosto pela flagelação e por rezas para conseguir o milagre pedido por uma devota supersticiosa e aflita. É espantoso um milagre saído de um cemitério dos arredores de Viseu a caminho do Brasil.

Só me surpreende que Deus não faça milagres fora da área de influência da ICAR para mostrar aos ímpios a sua força e distribuir os milagres pelas aldeias das várias religiões.