Fátima – A manutenção do embuste
Fátima, S. A. teve neste 13 de Maio uma multidão de clientes atraída pela campanha mediática, organização profissional de peregrinações e pelo período de crise que se vive, propenso à superstição e ao fanatismo.
Mas a ICAR já pressentiu que os peregrinos estrangeiros esmorecem com a escassez de milagres e a orquestração de um evento que tresanda a falsidade.
São mais os peregrinos atropelados nas maratonas da fé do que os sinais do divino.
Para prolongar a vida do negócio a ICAR tirou da cartola um anjo que teria visitado o local um ano antes da Virgem. Já começou a comercialização da trapaça. Já divulgou que os pastorinhos viram o anjo, uma espécie zoológica que se julgava extinta e que, afinal, estacionou na Cova da Iria.
Fátima era lugar privilegiado para carreiras regulares entre o Céu e a Terra, quando a fé era mais importante do que a escola, a religião mais respeitada que a ciência e os padres mais convincentes do que os professores.
Assim, o anjo pôs as asas das longas viagens, escovou as penas, fez a higiene matinal e partiu para a Cova da Iria. No Céu era um infeliz entre a numerosa fauna. Na Terra teria três crianças à sua espera, ansiosas pela conversão da Rússia e pela adopção do terço como terapêutica de primeira linha nas mais diversas moléstias.
Ninguém sabe o que veio fazer a criatura mas o pasmo entre os créus cresce e a ICAR já testou a mercadoria. Sob os auspícios do anjo voador vêm mais peregrinos, caem mais uns óbolos e prolonga-se o período de exploração do mais astuto ardil para manter viva a fé e perpetuar a superstição.
É um embuste que a máquina eclesiástica já pôs a render e que, com as canonizações previstas, assegura o retorno dos investimentos imobiliários com benefícios acrescidos no campo da publicidade e na conversão das almas.