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B 16 não é santo mas é o Santo Padre

Há quem julgue B16 um biltre, um nazi que afaga o corpo com os finos paramentos pontifícios, um ditador que tem na agenda evangelizar o mundo e preparar o confronto final entre o cristianismo tridentino e o islão actual.

A primeira asserção não está provada. Procedeu discretamente à exclusão dos teólogos progressistas e deixou os louros para JP2, indicou cardeais reaccionários sem alardear a influência, sofreu a vergonha da criação de santos e o ridículo dos milagres sem tugir, assistiu dilacerado à excomunhão do bispo Lefèbvre convicto de que era a opção certa naquele momento. Enfim, foi o dedicado Cireneu do Papa polaco.

Sabendo-se como desejava ser Papa tem de elogiar-se a paciência com que aguardou o falecimento natural do antecessor, prescindindo da experiência ancestral do Vaticano em soluções expeditas.

Finalmente, desvanece o desvelo com que procedeu à fusão da Fraternidade S. Pio X com a ICAR, a ampla comunhão com os excomungados, a alegria do reencontro entre cruzados para partilharem as hóstias e se empanturrarem com o corpo e o sangue do fundador da seita.

No fundo é uma orgia mística entre inquisidores, que sabem que Deus é uma criação humana, e que a excomunhão é a arma para assustar timoratos ou anunciar fogueiras.