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O negócio exorcista

Andavam os créus mais tranquilos depois da abolição do Inferno pelo Papa JP2, quiçá convencidos de que sem inferno não há diabos pois até o demo tem direito a domicílio, fogueira e combustíveis, além das almas que o exército de parasitas de Deus entende que lhe devem ser reservadas.

Agora o Papa Bento 16 entusiasma os exorcistas a não esmorecerem no santo ministério sob a vigilância atenta dos bispos.

Da residência de verão em Castelgandolfo, B16 dirigiu-se ao Vaticano para a habitual audiência pública das quartas-feiras onde o aguardavam cerca de 20.000 mirones, incluindo os participantes no congresso de Exorcistas Italianos que teve lugar nestes últimos dias.

Segundo B16 os exorcismos têm de ser realizados no mínimo por sacerdotes em estreita dependência do bispo da diocese. Fica assim arredada a possibilidade de um diácono se dedicar ao ramo e, muito menos, um sacristão. A profissão exige saber, água bem benzida, um crucifixo em bom estado de conservação e, em caso de perigo, um báculo para partir os cornos ao diabo. Daí a necessidade do bispo.

JP2 realizou 3 exorcismos durante os 27 anos de pontificado, sendo dois já conhecidos.

O padre Gabriele Amorth, um dos mais prestigiados exorcistas italianos declarou em 2003 que, dois anos antes, JP2 realizou na Praça de «S.» Pedro um exorcismo para tirar o diabo do corpo duma rapariga endemoninhada que participava numa audiência geral.

Em 1982 JP2 expulsou o diabo do corpo de uma mulher italiana, Francesca, que o então bispo de Spoleto (centro de Itália) monsenhor Alberti, levou ao seu apartamento. Este exorcismo foi confirmado em 1993 pelo cardeal Jacques Martin, ex-prefeito da Casa Pontifícia.

Fonte: El Periódico, 14-09-2005