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Senhor, dai-lhe a morte

«Crescem as rezas entre os colonos judeus extremistas da Faixa de Gaza para que Ariel Sharon morra ou seja morto» – lê-se hoje em «A Capital», (site indisponível).

É preciso muita fé para tanto ódio. A oração é um placebo mas os crentes não sabem. Deus é uma criação humana mas os fanáticos não acreditam. A morte é um crime ou uma fatalidade biológica mas os devotos julgam-na uma prerrogativa divina.

É nestas alturas que recordo o ódio fanático das doces catequistas da minha infância, a instilar piedosamente o ódio contra judeus, maçons e comunistas. Os primeiros por terem matado Cristo, os segundos porque eram inimigos da ICAR, único veículo homologado para a salvação eterna, e os últimos porque eram ateus e matavam criancinhas.

Desejar a destruição de alguém é um sentimento perverso que se insere na cultura da morte. É um ímpeto totalitário que começa com orações e, em caso de fracasso, passa à bala. Foi o que aconteceu a Yitzhak Rabin. É a orgia da fé no seu máximo esplendor.

Vejam lá, leitores, se encontram diferença entre os radicais islâmicos, estes exaltados judeus, os cristãos evangélicos que assassinam médicos e enfermeiros nos EUA, nas clínicas onde se fazem abortos, ou os católicos que em Timor ameaçam o Palácio do primeiro-ministro que pretende tornar facultativa a aula de religião católica?

Por todo o lado, piedosas cavalgaduras encontram na morte e no ódio a exaltação da fé e a forma de agradarem ao seu Deus.