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A fúria religiosa

A fúria fundamentalista do islão, várias vezes denunciada no Diário Ateísta, longe de ser contida, parece exercer uma estranha acção mimética nos clérigos de outras religiões. Os extravagantes desígnios de Deus não são substancialmente diferentes entre as diversas religiões nem a sua interpretação se afasta demasiado nas diversas latitudes. É ainda a religião que influencia a cultura, mais do que esta o fenómeno religioso.

À natureza misógina junta-se o carácter discriminatório de que as mulheres são vítimas por parte da tradição e da palavra revelada por Deus. A demência ideológica dos aparelhos religiosos contagia as sociedades submetidas à sua influência. Não admira, pois, que sejam as próprias mães a transmitir a opressão patriarcal, a controlar a sexualidade das raparigas e a educá-las na obediência e resignação e, nalguns casos, a serem cúmplices na barbárie da excisão do clitóris.

As religiões estimulam o sofrimento e a renúncia ao prazer, promovem o racismo e a xenofobia e usam a censura pública e colectiva para manterem o domínio clerical sobre a sociedade. Os padres não são trabalhadores de empresas úteis à sociedade, são proxenetas de Deus que semeiam o terror e embrutecem os povos. Quando podem, apropriam-se dos meios de produção e dominam o poder económico, político e militar, não dando espaço para que a instrução e a assistência se libertem da sua tutela.

A opinião, várias vezes expressa no Diário Ateísta, vem hoje corroborada por Vasco Pulido Valente no «Público» com um excelente artigo «Um mau sintoma», em que alerta para o «catolicismo agressivo e fanático, que lembra o pior ultramontanismo do séc. XIX». O exemplo que dá, João César das Neves, é o de um excelente talibã da ICAR, frequentemente objecto do repúdio do Diário Ateísta.