Loading

Dia: 26 de Fevereiro, 2013

26 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano – O Papa, a teocracia e a liturgia

Papa

 

No bairro de 44 hectares – o Vaticano – abre, dentro de 48 horas, uma vaga para Papa. O atual, apesar de se encontrar em Governo de gestão, portou-se como soe acontecer com líderes profanos: continuou a proceder a exonerações e nomeações. Substituiu o titular do cargo mais importante – o gerente do IOR, aceitou a resignação de cardeais pouco recomendáveis, nomeou o novo bispo de Lisboa, futuro cardeal, e antecipou o consistório.

Sendo o primeiro Papa a sair vivo do cargo, em quase 600 anos, criou alguns problemas à monarquia cujo sucessor, perdida a tradição dos Bórgias, deixou de ser filho. Serão os cardeais a eleger o sucessor, tendo sido a maioria criados (este é o termo canónico) pelo “Papa emérito”, título em linha com o dos bispos que terminam o prazo de validade mas que demorou vários dias a encontrar.

Há mordomias que liminarmente perde. Fica sem o anel, que será destruído, poupando o dedo; fica proibido de usar a batina de peregrino mas deixam-no continuar a vestir-se de branco; a interdição absoluta atinge também os sapatinhos vermelhos e o camauro.

Antes das 20H00 (19H00, em Lisboa) vai para Castel Gandolfo onde ficará dois meses, até à conclusão das obras do convento, no Vaticano, onde ficará até que o ciclo de vida se cumpra. A euforia provocada pela eleição do novo Papa rapidamente o fará esquecer.

Manterá, contudo, o título de Santidade, título que designa a profissão e o estado civil e o pseudónimo de Bento XVI.

 

26 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Momento zen de segunda 25_02_2013

João César das Neves (JCN) é um arrebatado devoto cujas homilias de segunda (feira) hilariam e confundem os leitores. Chega-se a pensar que JCN pensa o que diz e diz o que pensa, embora não seja radioso o que pensa nem o que diz.

Cita a Bíblia como referência histórica rigorosa e acredita nela como o ministro Gaspar nas previsões financeiras que faz. A diferença é Vítor Gaspar demorar apenas um mês a apurar o engano e JCN a vida inteira convencido de que acerta.

Na homilia desta segunda feira repete as tolices habituais e, na pressa, acrescenta algumas novas. Diz, por exemplo, que o fator decisivo da renúncia do Papa «foi Deus», o mesmo suspeito que apontou para justificar o martírio a que a Cúria sujeitou João Paulo II.

JCN desconhece que este Papa teve de resignar em direto para poder sobreviver; que o relatório sobre o IOR e a fuga de documentos do Vaticano não são alheios à decisão; que a antecipação do conclave é necessária para manter cardeais em número suficiente antes de serem salpicados com nódoas do passado.

O exotismo do devoto está na facilidade com que acusa o seu Papa de mentir, ao afirmar: « Nem sequer foi por motivos de saúde, apesar de o próprio os ter invocado. O seu gesto só aconteceu porque ele está plenamente convencido ser essa a vontade de Deus».

Então o Papa católico invoca motivos falsos por estar convencido de ser essa a vontade do Deus de JCN? O bem-aventurado está cada vez mais desorientado.

«…toda a Igreja recebeu a notícia como vinda de Deus, e espera do Senhor a continuação desta história». JCN continua à espera do Armagedão.