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Dia: 7 de Junho, 2012

7 de Junho, 2012 Carlos Esperança

O Eterno Retorno do Fascismo

Com o título em epígrafe, Rob Riemen, filósofo e ensaísta, deu à estampa um pequeno e profundo ensaio cuja leitura recomendo vivamente.

Depois de definir e caraterizar a peste que minou o século passado, Rob Riemen explica como pode dissimular-se em países diversos e como, com outro nome e sob nova capa, está de regresso à Europa. Da sua brilhante explicação podemos colher ensinamentos para o combater.

O fascismo, tal como acontece com várias epidemias, tem um tempo de latência antes de regressar com redobrada virulência. Esta tragédia, à semelhança de muitas outras, que aconteceram por incúria da cidadania e por um exacerbado individualismo, ganha visibilidade pelo prestígio do autor do ensaio citado, pela clareza da análise e força dos argumentos. De resto, há muito que assusta os mais atentos e silencia os invertebrados.

O ensaio lê-se em menos de uma hora e far-nos-á pensar durante anos. Respigo dele um único período: «Assim, o fascismo na América será religioso e contra os Negros, ao passo que na Europa Ocidental será laico e contra o islão, na Europa do Leste, católico ou ortodoxo e anti-semita» [sic].

Antes de aparecer o líder carismático e populista que há de explorar o ressentimento, já existente, antes de aparecer a nova forma de fascismo que jaz no inconsciente vingativo dos irritados, cabe-nos esconjurar a tragédia que se avizinha.

O que me surpreendeu no ensaio, assaz brilhante, não é ocioso repeti-lo, foi a ausência de alusões a outros pontos do planeta, desde a África, onde formas difusas de fascismo se alimentam da tradição tribal, à Rússia, à China e aos países da América do Sul.

Refletindo sobre a leitura do ensaio, não é necessária a erudição do autor para afirmar e qualificar formas de fascismo nos países árabes, no Irão e na Turquia cuja marcha para a sharia é disfarçada sob a designação politicamente correta de “islamismo moderado”.

Neste momento, à medida que a denominada primavera árabe caminha para o inferno islâmico, atrevo-me a caracterizar os regimes árabes e o Irão, apesar de me colocar, na definição do autor, como «fascista da Europa Ocidental», «laico e contra o islão»:

Árabes e iranianos vivem já sob o fascismo islâmico que é antissemita e anticristão, por esta ordem.