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Dia: 16 de Outubro, 2009

16 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

A comunhão e a gripe A

A Igreja católica anda alvoroçada com a liturgia eucarística, hesitando entre a entrega da hóstia na mão do comungante ou a implantação directa na língua do devoto. Está em causa a propagação da gripe A para a qual o sacramento não serve de vacina.

A alva rodela de pão ázimo, sem fermento, é para os crentes o corpo e sangue de Cristo graças a um processo alquímico – a bênção – que produz o salto dialéctico e transforma a quantidade de farinha em qualidade mística. Surpreende que os sacerdotes, capazes de obrar tal prodígio, não sejam capazes de distinguir uma hóstia consagrada de outras mas a fé não é feita de dúvidas, isso são escrúpulos blasfemos de hereges e ateus.

O que está em causa é a possibilidade de os devotos com a gripe A lambuzarem os dedos do oficiante e transmitirem o vírus através da hóstia seguinte, problema que tem preocupado a D. Laurinda Alves, que reconhece a contratempo de pousar a patena e o cálice entre duas bocas para proceder à desinfecção das mãos do padre ou dos legais substitutos.

«Felizmente a tradição já não é o que era e há cada vez mais padres e leigos a dar a comunhão na mão» – assegura a D. Laurinda que reflecte sobre os problemas da saúde e higiene relacionados com a eucaristia.

Mais correcto, seguro e higiénico seria distribuir as hóstias em embalagens herméticas, com código de barras e prazo de validade impresso, mas não é conhecida a qualidade da consagração através do plástico.

A gripe A é mais uma contrariedade na liturgia e uma ameaça às tradições em que a fé repousa.