Loading

Etiqueta: Cristianismo

26 de Abril, 2025 Onofre Varela

“FRANCISCUS”

A memória do Papa Francisco merece a minha consideração de ateu, pela sua postura perante os pobres, os imigrantes e as mulheres, mais a aceitação no seio da Igreja daqueles que até aí eram escorraçados pela orientação sexual ou por serem divorciados. Tal atitude colocou-o a léguas da “beatice” dos Papas que o precederam e que conheci ao longo dos 80 anos da minha vida.

Como ponto alto da sua postura em favor da decência, Mario Bergoglio terminou com o segredo da confissão para criminosos pedófilos, entregando à sociedade civil, para que fossem julgados, os homens da Igreja que abusaram sexualmente de crianças. Para além disto, Bergoglio era, por essência, um “homem bom”… o que se notava no seu rosto e nos seus discursos. Ao mesmo tempo que demonstrava ser um clérigo diferente para melhor (atingindo a excelência) teve atitudes perfeitamente humanas, demonstrando ser um homem igual a todos os outros, carregando virtudes e defeitos de que qualquer um de nós é portador.

Por isso Francisco recusou a “capa de santo” tão comum na ornamentação da figura dos Papas, como que se um qualquer cardeal promovido a Papa fosse produzido por um espermatozoide de qualidade extra… à semelhança do “fiambre da pá”! O Papa Francisco assumia-se como sendo igual a qualquer pedreiro analfabeto ou ministro doutorado, como se demonstra na sua atitude ao bater na mão de uma crente que o queria agarrar num dos seus passeios na Praça de S. Pedro.

O modo de actuar do Papa Francisco foi diametralmente oposto ao seu antecessor, e contrário a muitos interesses instalados na Igreja (que se afirma espelho da perfeição, mas que no seu interior alberga tantos imperfeitos) o que transformou o Vaticano em “ninho de víboras” para o bispo argentino Mario Bergoglio. Recorde-se que em 2013, o alemão Ratzinger, no papel de Papa Bento XVI (B16), resignou ao cargo, obrigando à eleição de novo chefe para ocupar o trono da Igreja. B16 não era bem visto por alguns católicos situados na ala mais progressista da Igreja, que nunca deixaram de o criticar frontalmente por não esquecerem o seu passado à frente do Gabinete para a Congregação da Fé (substituto da “Santa Inquisição” de má memória). As suas acções de militante da extrema-Direita política a que colou o seu pensamento, foram notórias nos processos que desenvolveu para destruir o movimento denominado Teologia da Libertação, iniciado na década de 1950 pelo teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, seguido pelo brasileiro Leonardo Boff, pelo salvadorenho Jon Sobrino e pelo uruguaio Juan Luis Segundo, entre outros.

Teologia da Libertação foi um movimento religioso e social muito desejado pelos paupérrimos povos católicos de toda a América Latina, sempre explorados pelos donos do dinheiro que o Vaticano protege na sua habitual dicotomia: no altar com os pobres e à mesa com os ricos! Por isso era notório o desprezo que muitos bispos sentiam por B16, o que não terá sido alheio à sua resignação. Francisco mostrou ser um bispo diametralmente oposto ao comum, o que lhe granjeou ódio dentro da Santa Sé. Instituiu-se uma guerra nos meios eclesiásticos, financeiros e políticos, contra si, o que sublinha a característica política e intriguista da Religião em geral, e da “Santa Sé” em particular.

Em 2019 li que “ultra-conservadores milionários norte-americanos – apoiados pelos partidos da Direita extremada do país de Donald Trump e da Europa – ensaiam um golpe palaciano que condicione a escolha do próximo Papa” (Palavras do jornalista Miguel Marujo na edição do jornal Diário de Notícias de 5 de Outubro de 2019, coincidentes com a opinião do jornalista espanhol Daniel Verdú no jornal El País do mesmo dia). Ciente desta conspiração interna que crescia contra si, o Papa Francisco procurou moldar “o grupo dos seus conselheiros com homens que respondam às suas principais preocupações sociais e religiosas”. É por isso que no lote dos novos cardeais nomeados em 5 de Outubro de 2019, se encontra o português José Tolentino Mendonça, entre outros nomes da sua confiança. Quase 80% dos 140 cardeais eleitores escolhidos por F1 têm menos de 80 anos e vão participar no conclave que vai eleger o novo Papa. Como ateu espero “a perfeição da Igreja”, nomeando um Papa com uma linha de pensamento semelhante à de Francisco. 

21 de Abril, 2025 Onofre Varela

O MERECIDO SILÊNCIO

A manchete do jornal Público do último Domingo informava que “já há coimas aplicadas por falar em voz alta nos transportes”. Para quem viaja em transportes públicos, como eu, isto é uma excelente notícia… não raras vezes quero ler nas viagens que faço no Metro do Porto, e não consigo porque no banco ao lado, atrás ou à frente, alguém ouve música alta no seu telemóvel, talvez no convencimento de estar a prestar serviço público gratuito, inundando aquele espaço com tal poluição sonora, a qual, na sua óptica, até Mozart, Chopin ou Beethoven, aplaudiriam!

A notícia remeteu-me para a lembrança da minha primeira viagem em Metropolitano, o que aconteceu há mais de meio século (1973), em Paris. Era a minha estreia na Cidade-Luz e também naquele meio de transporte urbano (só depois daquela viagem a França fui, pela primeira vez, a Lisboa e viajei no Metro… o qual, por comparação com o de Paris, me pareceu um “Centímetro”…), obviamente, estava alerta, com os sentidos todos ligados, para saborear aquela experiência.

Reparei que os passageiros falavam uns com os outros, mas não ouvia as suas vozes. Falavam num tom de voz tão baixo, mantendo um silêncio absoluto, que era possível ouvir-se o rodado da carruagem nos carris. De repente, dois passageiros entabularam uma conversa em tom de voz muito alto, destoando do ambiente… falavam Português!

As nossas vilas e aldeias são apreciadas pela paz rural que ainda se pode experimentar em meios povoados. Vivo em Rio Tinto (Gondomar) que, sendo cidade, mantém espaços rurais calmos como é o lugar onde vivo (freguesia de Baguim do Monte). Ao lado do meu lugar, inicia-se a vila de Fânzeres e, imediatamente a seguir, está a vila de S. Pedro da Cova que, embora tendo crescido em construção e em população (pela imensa procura de habitação nos arredores do Porto) também não perdeu, de todo, a sua característica rural… o que me parece ser uma mais valia!

Há alguns anos, numa manhã de Domingo, uma qualquer razão levou-me ao centro de S. Pedro da Cova. Estacionei o carro e, quando saí, levei com uma missa nos tímpanos, obrigando-me ao espanto e a procurar entender o que ali se passava.

Gerado por IA.

Era hora de missa e o padre lá da paróquia entendeu que toda a gente devia ouvir a missinha!… Por isso mandou montar na torre sineira auto-falantes, colocados na direcção dos quatro pontos cardeais, difundindo o som da missa para toda a população da terra!

Com tal atitude, aquele sacerdote desrespeitava algumas regras. Não curei de saber se ele estava autorizado pela autarquia a emitir som com altíssimos decibéis… mas o que resultava daquele acto era o seu enorme desrespeito por todos quantos se marimbam para missas e, por isso mesmo, não entram na igreja em momento de celebração daquele acto litúrgico, mas que ele obrigava toda a população a ouvir!… 

O respeito é muito lindo, ó senhor abade… e o silêncio é de ouro! 

27 de Março, 2025 Ernesto Martins

Ciência e Cristianismo (2)

Os primeiros séculos do Cristianismo foram caracterizados por uma certa ambivalência nas atitudes dos padres da Igreja perante o conhecimento dos gregos. Alguns, receando os efeitos subversivos da filosofia na fé, manifestaram abertamente o seu desprezo para com o legado pagão. Taciano (120-172), o autor do Diatessarão, escreveu no seu “Didascalia Apostolorum”
“Evitem todos os livros pagãos. Que respeito vos devem ideias estranhas, leis ou pseudo-profetas que muitas vezes levam homens inexperientes ao erro?”
Basilio de Cesareia (329-379) deliciou-se a subverter a ciência grega:
“Os sábios gregos escreveram muitas obras sobre a natureza, mas nenhum desses relatos permaneceu inalterado e firmemente estabelecido. O relato posterior derrubou sempre o anterior. Como consequência não há necessidade de refutarmos as suas palavras; eles se aproveitam mutuamente para a sua própria ruína”
Representando o epítome deste anti-intelectualismo, Tertuliano (150-225) escreveu celebremente
“O que Atenas tem a ver com Jerusalém? Que concórdia existe entre a academia e a Igreja? E entre hereges e cristãos… Não queremos nenhuma disputa curiosa depois de possuirmos Cristo Jesus; nenhuma inquirição depois de desfrutarmos do evangelho. Com a nossa fé não desejamos mais nenhuma crença”
Outros padres, mais moderados como Justino Mártir (100-165), Clemente de Alexandria (150-215) e Orígenes (185-253), reconheciam valor na filosofia grega, sobretudo nas doutrinas de Platão devido às afinidades com a teologia cristã predominante. No entanto – e é isto que pretendo salientar nesta parte do artigo –, o conhecimento que era absorvido da tradição clássica, era-o unicamente
1) porque tinha interesse para a defesa da fé cristã, ou
2) para que os cristãos não passassem por ignorantes nas disputas com os pagãos.
Ou seja, não acontecia por amor à verdade ou ao conhecimento como fim em si mesmo.

Clemente e Orígenes argumentaram que o Cristianismo podia beneficiar do conhecimento pagão. Em particular podia usar em seu proveito a lógica, a dialética e a metafísica dos gregos para, por um lado, explicar os dogmas do Cristianismo e, por outro, defender a versão (proto) ortodoxa do Cristianismo perante as variantes heréticas que se multiplicaram nos primeiros séculos. A filosofia era assim aceite, mas apenas como serva da teologia. Foi neste estatuto subalterno de serva (philosophia ancilla theologiae) que a filosofia (e, depois, a filosofia natural, isto é a ciência) funcionou durante toda a Idade Média.
Para um luminário da Antiguidade tardia como Agostinho de Hipona (354-430), o conhecimento filosófico, quando útil, devia ser mesmo apropriado pela teologia. A este respeito escreveu no seu “De doctrina Christiana
“Se os filósofos dizem coisas que são verdadeiras e estão bem adaptadas à nossa fé, o que eles dizem deve ser despojado deles, como se faz aos proprietários injustos, e convertido para nosso uso”
Mas apenas a filosofia que não é contrária à fé deve ser considerada verdadeira.
Além disso Agostinho não via o exercício da razão como o tipo de actividade intelectual que persegue os argumentos até às últimas consequências. A função da razão era apenas a de elucidar a fé. A fé devia sempre preceder a razão, porque
“todo o conhecimento derivado dos livros dos pagãos torna-se bastante pequeno se comparado com o conhecimento das escrituras divinas”
Embora se tenha dedicado inicialmente ao estudo das artes liberais (a retórica, a lógica, a aritmética, a geometria, etc.), no fim da sua vida Agostinho concluiu que as ciências não tinham qualquer utilidade. Em “De doctrina Christiana” escreveu
“Não deveríamos ficar alarmados se os cristãos desconhecem o conhecimento natural contido na tradição clássica. É suficiente que compreendam que Deus é a única causa das coisas criadas”
Contudo para Agostinho era importante que os cristãos não passassem por ignorantes perante os pagãos. Preocupava-o que, influenciados por interpretações ingénuas das escrituras, expressassem opiniões absurdas, desacreditando assim o Cristianismo. No seu “De Genesi ad litteram” escreveu
“Até os não-cristãos sabem alguma coisa sobre a terra, os céus, o movimento e a órbita das estrelas…. Portanto é uma coisa vergonhosa ouvir um cristão dizer coisas absurdas sobre esses tópicos; devemos tomar todas as precauções para evitar uma situação embaraçosa em que os cristãos demonstram grande ignorância e por isso são alvo de desprezo”
Um conhecimento elementar de filosofia natural era, pois, recomendado, mas apenas para que os cristãos não passassem vergonhas perante os seus rivais pagãos bem informados, e, desta forma, não comprometessem a reputação do Cristianismo.
Concluindo, foi como muitas reservas que os padres dos primeiros séculos do Cristianismo lidaram com a herança intelectual grega. A filosofia clássica acabou difundida pelo mundo cristão, mas fê-lo, em grande medida, no período patrístico, através do filtro apertado da teologia cristã.
A Igreja não promoveu deliberadamente o conhecimento grego. O que fez foi servir-se dele para defender a ortodoxia face ao paganismo e às heresias, e, neste processo, expandir o seu próprio domínio.

EVM

Bibliografia:
Edward Grant; “The Foundations of Modern Science in the Middle Ages”, Cambridge University Press, 1996.
Edward Grant; “God and Reason in the Middle Ages”, Cambridge University Press, 2004




22 de Março, 2025 Onofre Varela

«Onde estava Deus?»

O tempo que tem feito, com estragos e mortes em vários pontos do globo, lembrou-me que perante tal infortúnio há quem se pergunte: “Onde estava Deus, que permitiu tão nefasto acontecimento? Porque não evitou tal desastre se, afinal, ele tudo sabe e pode?”

São perguntas lícitas que qualquer crente pode fazer, mas não há respostas para elas. A pergunta só é formulada por quem crê, na convicção de a divindade ser real para além dos seus pensamentos. Na verdade Deus não podia estar no local do acidente, da catástrofe natural ou do crime, porque como ideia que é, só se encontra dentro da cabeça de quem nele crê. Fora da cabeça do crente não há Deus em lado algum. 

Penso que esta pergunta trágica do crente que se sente frustrado por não ver a intervenção divina naquilo em que, segundo o seu entendimento, deveria intervir, aconteceu aos judeus na segunda metade da década de 1940. Por essa altura o pensamento filosófico foi abalado por duas realidades brutais: duas guerras tinham preocupado o mundo, e a segunda delas carregava o peso do holocausto judeu, promovido pela Alemanha Nazi, mais o trágico fim do Japão no teatro de guerra, com o lançamento de duas bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasáqui, pelos EUA.

Quando os soldados das tropas aliadas entraram nos campos de concentração nazis, não queriam acreditar no que viam. Seres humanos esqueléticos e pilhas de cadáveres, era o que restava dos prisioneiros judeus. O general Eisenhower fez questão de ver tudo com os seus próprios olhos e recomendou a quem tivesse máquinas fotográficas que registasse o maior número possível de imagens, pois haveria de surgir um dia em que alguém se ocuparia em negar o que eles testemunhavam (premonitório!). 

Gerada com IA

Passado o natural estupor provocado pelo conhecimento das atrocidades cometidas na guerra, a realidade da condição humana, no contexto político, social e religioso da época, foi alvo de profundas reflexões que tiveram eco na década seguinte, prolongando-se para a de 1960, ultrapassando-a, até. A religião, como refúgio das almas, não podia, naturalmente, estar ausente dessas reflexões que acabaram por promover mudanças de atitudes. 

Não era possível explicar o abandono dos mais fracos e desprotegidos, nem eliminar a dor das vítimas. E os religiosos mais directamente atingidos pela tragédia da guerra sentiam legitimidade para perguntar: “Onde estava e que fazia Deus, quando os nazis eliminavam o seu povo eleito em câmaras de gás?!” 

Não era fácil responder às interrogações daqueles que se consideravam burlados no conceito que sempre lhes alimentara a esperança e que tão cruamente os desiludira… mas tais perguntas não têm razão de ser! Elas não consideraram a História, a sociedade, nem a naturalidade das coisas naturais. São perguntas sem nexo, ao nível da mitologia que as provoca… logo, são irrespondíveis porque também são “ininterrogáveis” por uma mente esclarecida! 

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) OV

20 de Março, 2025 Ernesto Martins

Ciência e Cristianismo (1)


“A filosofia é a mãe da heresia; os filósofos são os patriarcas das heresias”
Tertuliano (160-220 EC)

Terá sido o Cristianismo fundamental para o desenvolvimento da ciência moderna? Dado que a curiosidade é intrínseca à condição humana e sine qua non na prossecução da ciência, seria razoável admitir que chegaríamos de qualquer maneira a alguma forma de ciência, mesmo num cenário hipotético que não incluísse o Cristianismo ou outra religião. Mas a verdade é que a Revolução Científica que deu origem à ciência tal como a conhecemos, só aconteceu na Europa dominada pelo Cristianismo do Sec. XVI, e não no mundo Islâmico, no Oriente ou noutro lugar do planeta. Um conjunto complexo de factores culturais e sociais concorreu para fazer surgir a mentalidade e as instituições necessárias ao florescimento da ciência. O Cristianismo pode ter sido um desses factores. Alguns autores defendem que foi a fé cristã num criador racional que deu origem à ideia de um mundo governado por leis fixas, igualmente racionais, quantitativas e ao alcance da compreensão humana. Mas na verdade esse conceito já era intrínseco a muita da filosofia dos panteístas e politeístas da Antiguidade. Além disso o Cristianismo não parece ter sido certamente condição suficiente para o aparecimento da ciência. Se o fosse a Revolução Científica teria acontecido mais cedo, algures no período de mil anos a contar desde o Sec. V, em que o Cristianismo passou a dominar o pensamento no Ocidente. Há ainda a constatação de a dita revolução não ter acontecido no também cristão, mas ortodoxo, Império Bizantino, o que nos leva a suspeitar que foram outros os factores de peso que criaram o ambiente propício para o despontar da ciência.
Por outro lado a história da filosofia e da ciência na Europa está marcada por uma série de episódios em que as autoridades religiosas procuraram censurar e reprimir o livre pensamento. Muita especulação teve de ser conduzida, durante séculos, com o cuidado de não contradizer a visão do cosmos prescrita pela Igreja Católica. Quem tentasse divulgar ideias que colocassem em causa os dogmas do Cristianismo via os seus escritos suprimidos e a sua carreira profissional terminada. Por vezes perdia mesmo a liberdade. Obras científicas foram banidas por longos períodos, impossibilitando outros estudiosos de lhes dar um possível seguimento. O medo da perseguição obrigou os intelectuais a recorrer a compromissos e a artifícios criativos que permitissem avançar as suas ideias sem com isso despoletar uma acusação de heresia. Neste ambiente persecutório muitos espíritos foram silenciados, sendo hoje impossível determinar quanto mais a ciência poderia ter avançado sem o medo da condenação de ideias consideradas heréticas.
É habitual dizer-se que o Cristianismo foi o principal motor de desenvolvimento da ciência na Europa e que todos os homens de ciência eram cristãos. Dá vontade de acrescentar que, além de cristãos, todos eles eram também homo sapiens, dado que no período em causa era difícil não pertencer simultaneamente às duas categorias.
Mas embora a afirmação acima seja verdadeira, ela é também enganadora. Primeiro, o estudo do mundo natural tinha de partir necessariamente destes homens, muitos deles clérigos, pois era a Igreja que detinha, maioritariamente, os meios para o fazer, o monopólio da literacia e do conhecimento. Depois, pelo menos até ao Sec. XVIII, a fronteira entre ciência e teologia era difusa, especialmente em assuntos cosmológicos ou outros que desafiassem a verdade literal da Bíblia. A motivação para investigar os segredos da natureza era quase sempre divina e se a Igreja promoveu a ciência nesta altura era porque tinha um interesse próprio no assunto – nomeadamente o de reforçar as suas doutrinas e a sua visão do cosmos. Durante muito tempo a ciência, ou melhor a filosofia natural como era então chamada, foi apenas aceite com o estatuto de serva da teologia.
Mas o mais importante na afirmação acima é que a “ciência” de que o Cristianismo foi o principal motor, não corresponde à ciência na visão moderna que temos dela. A Igreja nunca promoveu a ciência como actividade independente, de busca do conhecimento como um fim em si mesmo – no fundo, aquilo que é a essência do empreendimento filosófico tal como praticado pelos gregos da Antiguidade, e tal como o entendemos hoje. A ideia de perseguir desapaixonadamente as evidências até onde estas nos levarem – um credo absoluto e basilar de todo o edifício científico – era anátema para a Igreja. A Igreja apoiava uma versão muito própria de ciência com limites definidos: os limites impostos pelas suas doutrinas e escrituras sagradas. Foi esta a “ciência” que a Igreja apoiou e não a ciência genuína do cepticismo organizado e da razão que vemos hoje em acção.
Neste breve e despretensioso estudo vou defender aquilo que poderia apelidar de Tese do Abrandamento, a ideia de que houve momentos na história em que o Cristianismo se traduziu, efectivamente, num travão no desenvolvimento da ciência. Na próxima parte do artigo farei uma referência à reacção do Cristianismo primitivo perante a cultura pagã. Depois passarei a uma resenha de algumas instâncias mais conturbadas da relação histórica entre a ciência e o Cristianismo, salientando momentos chave em que o avanço do pensamento científico parece ter sido cerceado pela influência nefasta do Cristianismo.
EVM

16 de Março, 2025 Carlos Silva

Epístola

Imagem: RTP

Acabei de ver um pequeno extrato em vídeo que, parece, terá sido transmitido ontem por uma estação pública de TV (a RTP para a qual obrigatoriamente contribuo com a quantia mensal de 2,85€) durante um programa designado “Eucaristia Dominical”.

Durante o extrato, uma das participantes do evento, dito religioso, lê um texto bíblico, que alegadamente terá sido proferido pelo Apóstolo São Paulo aos Efésios.

Até aqui tudo bem!… Apenas mais um texto, como tantos outros!

A questão é que sou de imediato confrontado e desafiado a reagir às citações, certamente incumbidas por interposta pessoa.

Cito…

“Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos maridos. (…)”

Após o embate inicial, qualquer pessoa, menos atenta ao tema, dirá…

A sério? “Isto está mesmo escrito na Bíblia?!”

A Igreja Católica diz que “a mulher é inferior ao homem e deve submeter-se a ele”?!

Não é possível!

Pois é!… Estamos mesmo no Séc. XXI… e confesso que previamente, tendo em conta o que atualmente se está a passar no Afeganistão relativamente à situação da mulher, pensei que se trataria de uma crítica da igreja católica portuguesa aos talibãs…

Afinal não era!

Apenas mais do mesmo!…

O mesmo discurso “obsoleto e primitivo” que claramente choca com a Constituição da República Portuguesa e com a Declaração Universal dos Direitos do Homem… (e da mulher!)

Quase ninguém sabe, mas em Portugal existe uma entidade que supostamente será um exemplo de excelência e eficiência e cuja competência é precisamente fiscalizar e regular este tipo de conteúdos…

Não fiscalizou nem regulou antes de ser exibido… e a até ao momento também não terá sequer reagido…

E o nosso “Estado”?! O que faz?!

Pois continua no mesmo silêncio de sempre… uma espécie de silêncio conveniente, ou talvez estratégico para que a Igreja Católica divulgue e exponha publicamente alguns extratos mais transcendentais das suas brilhantes escrituras!

AGORA ATEU (I), 2021-08-23

Nota: Após a polémica… reação da Conferência Episcopal Portuguesa:

9 de Março, 2025 Onofre Varela

Humor e Fé(2)

Herman José, em 1994, teve um programa no canal 1 da RTP, denominado Herman Zap!, de grande audiência e agrado nacional. Um dia, nas suas rábulas, criou uma Última Ceia de Jesus, humorística. Caiu o Carmo e a Trindade!… 

A Igreja Católica não achou piada nenhuma àquele excelente trabalho de comédia, e protestou. O bispo Maurílio Gouveia, então responsável por um gabinete que julgo denominar-se “Episcopado para a Comunicação”, apressou-se a dizer que “O programa ridicularizou o que há de mais sagrado na fé dos cristãos: a eucaristia”. A série de programas foi interrompida e realizaram-se mesas redondas debatendo a questão religiosa e a liberdade de expressão. 

Marcelo Rebelo de Sousa, então presidente do PPD, declarou: “Vejo com preocupação que, sendo um canal de serviço público, nele se encontrem mensagens que podem ser consideradas ofensivas de valores partilhados pela maioria dos portugueses e também ofensivas de instituições particularmente relevantes como é a Igreja Católica”. Herman José mostrou-se surpreendido pela reacção da Igreja, e declarou: “Deus deve estar a rir-se às gargalhadas da mesquinhez de quem criticou o Herman Zap!”. 

RTP

Organizou-se uma mesa redonda na RTP onde se discutiu aquele programa televisivo de diversão transformado em tragédia nacional pela Igreja, e frei Bento Domingues pareceu-me ser, de entre os vários intervenientes, aquele que teve a opinião mais lúcida. Declarou ter visto o programa e não ter encontrado nele nada que beliscasse a sua fé. Confessou que até lhe achou graça: “Aquilo tinha a ver com o meu riso, não com a minha fé”, disse. 

Na madrugada do dia 24 de Dezembro de 2019 extremistas brasileiros atacaram à bomba, no Brasil, a sede da produtora de conteúdos televisivos “Porta dos Fundos”, como protesto pela transmissão televisiva de um “sketch” cómico com o título “A primeira tentação de Cristo”, na qual Jesus foi representado como um jovem que terá tido uma experiência homossexual, e também insinua que o casal bíblico Maria e José viveram um triângulo amoroso com Deus. 

Eu vi o programa e não vi nele a graça que, provavelmente, os seus autores pretendiam. Teve dois ou três momentos de humor, e o restante, para o meu gosto e de acordo com o excelente trabalho que já vi do mesmo grupo, era francamente mau. A qualidade daquilo era muito rasteira… mas, daí, até se lançarem bombas contra a empresa produtora do programa, vai uma distância abissal!… Pode-se gostar ou não gostar e criticar o programa. Se nos consideramos ofendidos apresentamos o nosso protesto às entidades competentes para julgar o caso, e esperamos que a Democracia e a Justiça façam o seu trabalho… mas um ataque à bomba é crime! 

Naquele momento da política brasileira (consulado de Jaír Bolsonaro), com as acções da Direita mais extremista apoiada por Bolsonaro, a liberdade de expressão e de criação artística estava seriamente comprometida. O seu próprio filho, Eduardo Bolsonaro, deputado por São Paulo, foi uma das figuras públicas a condenar o “sketch”. Os actores Gregório Duvivier e Fábio Porchat, responsáveis pela “Porta dos Fundos”, declararam: “Não nos vamos calar! Nunca!”. Eu apoio sempre qualquer luta a favor da liberdade de criação e expressão. Não admirei aquele trabalho, mas defendo a liberdade de o terem criado. 

Um dia depois do atentado, um grupo ultra-nacionalista intitulado “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integrista Brasileira”, reivindicou a responsabilidade do acto criminosoo. O espírito que sobressai do nome deste grupo leva-me a entendê-lo como uma espécie de Ku-Klux-Klan e de agrupamento Nazi. Só grupos de tal índole atacam a liberdade de expressão, alegadamente em favor de um ultranacionalismo balofo e criminoso. 

(Continua) 

24 de Fevereiro, 2025 Onofre Varela

Sobre a Saúde Debilitada do Papa

Acompanhando o noticiário que dá conta da hospitalização de Francisco I (F1), padecendo de pneumonia nos dois pulmões, lamento o seu estado de saúde e coloco-me ao seu lado na esperança de que se liberte do mal, recupere rapidamente e regresse à sua vida normal.

A propósito, lembrei-me de que (já lá vão muitos meses), vi e ouvi num canal de televisão, um responsável político do CDS dizer algo parecido com isto, relativamente ao criticar da crença (cito de cor): “Se não é crente não tem o direito a dar opinião sobre a crença dos outros”. Tal frase mostra que quem a profere, muito provavelmente, deseja (como político extremado que é) cortar a voz a quem tem opinião diversa da sua.

Gerado com IA.

É evidente que não preciso de ser religioso para ter opinião sobre religião e religiosos, como não preciso de dar vivas ao rei para poder criticar a Monarquia. Só preciso de estar atento à evolução da História, ter opinião própria e viver numa sociedade que respeita a liberdade de expressão, para o poder fazer. Como ateu é evidente que tenho opinião formada sobre religião, e como humanista é mais do que evidente que espero o rápido restabelecimento da saúde de F1.

Sei que este meu “sentimento fraterno de ateu” relativamente ao Papa, não é partilhado por muitos religiosos!… Neste tempo em que ultra-conservadores de extrema-direita e muitos milionários norte-americanos apoiados por Donald Trump, mais tantos outros europeus e asiáticos com o mesmo pensamento mercantilista do comissionista que tomou o poder nos EUA, esperam o pior desfecho para a vida de F1.

No dia 5 de Outubro de 2019 o jornalista Miguel Araújo divulgou no Diário de Notícias o facto (ou a ideia) de haver uma guerra movida contra o Papa pelo sector fundamentalista da Igreja Católica que trata F1 como herege, e que conta com o apoio dos “principais financiadores do Vaticano”. São “insondáveis os caminhos das pressões junto dos senhores da Santa Sé”. Estes “senhores” têm o objectivo de, “algures num futuro mais ou menos próximo, preparar terreno para escolher um Papa que tenha uma visão do mundo que se oponha frontalmente à de um bispo de Roma como Francisco, um «esquerdista» como é apoucado, por denegrir «o deus do dinheiro», atacar um liberalismo económico desenfreado e as políticas desumanas dos Estados ocidentais para com os migrantes, apostando sempre no diálogo e nas pontes com aqueles que os ultra-conservadores querem ver expulsos da mesma mesa [como os homossexuais, as mulheres que abortam, os casais de união de facto, os divorciados e recasados, etc.]».

F1 está ciente desta conspiração interna que cresceu contra si. Por isso, no lote dos novos cardeais (então nomeados) se conta o português José Tolentino Mendonça, entre outros da sua confiança. Há uma facção fundamentalista na Igreja Católica que se coloca ao lado do deus-dinheiro, do poder económico, abandonando os pobres e maltratados, esperando o rápido fim de F1… que pode sobreviver (e espero que sobreviva) à pneumonia que o debilita neste momento…  mas pode não escapar à maldade que contra si se alberga na Santa Sé, que tendo tantos “santos”… provavelmente terá muito mais “demónios”!

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

22 de Fevereiro, 2025 Carlos Silva

Sudarium Capitis

Imagem: Internet
Nota: “Sudarium Capitis”: Manto muçulmano com 2,81 m comprimento e 1,13 de largura.

Desde o século XII, em Cadouin, França, os cristãos veneraram, efetuaram peregrinações, atribuíram milagres e ressurreições a uma peça de tecido (“sudarium capitis”) que supostamente teria envolvido a cabeça de Cristo e tinha sido preparado pela própria “Virgem Maria”.

Inesperadamente, em 1935 o bispo de Périgueux suprimiu todas as cerimónias porque foi descoberto por um professor da Escola de Línguas Orientais, de Paris, que o mesmo continha a inscrição…
“Em nome de Deus clemente e misterioso (De Deus não há senão Allah) seu associado. Mahomet é o enviado de Allah…” -que teria pertencido a Moustali, que foi califa do Egipto entre 1094 e 1101. O pano foi tecido nessa época.

Até à Revolução, o sudário foi considerado uma das mais importantes relíquias de França, ao ponto de no século XVIII o Padre Frison lhe chamar “o mais antigo e firme monumento da Religião” (Católica).
“Fiéis em multidão vieram orar diante deste precioso motivo de paixão” …
A “Igreja encorajou as peregrinações e numerosos Papas atribuíram graças e indulgências aos peregrinos” …
“As peregrinações continuaram cada vez mais numerosas, acompanhadas de milagres retumbantes e prodigiosos (ressurreições)…”

Por mais de 700 anos os fiéis católicos veneraram um manto que continha inscrições que glorificaram Allah e Mahomet e catorze papas declararam solenemente que o Sudário de Cadouin era autêntico.
O bispo Debert afirmou que, “duvidar da sua autenticidade, equivalia a nunca mais podermos dar crédito a testemunhos humanos”.

Para além deste longo e humilhante período de tempo de “paixão religiosa” que a Igreja Católica devotou a um véu islâmico, é de salientar a forma brusca como foi interrompida após ter sido desmascarada… e sobretudo como tem sido silenciada para não cair na chacota popular ou objeto de ridicularização perante a opinião pública.

Se a “autenticidade dos milagres tem no sudário de Cadouin o seu mais genuíno padrão” e o tomarmos como um exemplo histórico que teve início no século XII e foi venerado por multidões de peregrinos até 1935, então o que dizer, do fenómeno (“milagre de Fátima”) que teve início em 1917 e pouco mais que um século de vida tem, mas atinge hoje uma das suas fazes mais apoteóticas e de maior fulgor económico?


Fonte: Fátima Desmascarada, Cap. XI., João Ilharco

AGORA ATEU (II), 2023-02-02

9 de Fevereiro, 2025 Onofre Varela

Perdoar a quem nos agride

“A quem te bater na face direita, dá-lhe também a esquerda” (Mateus, 5: 39-42). Esta frase evangélica foi escrita num tempo em que a lei era “Olho por olho e dente por dente”. Convenhamos que a moral contida em Mateus é bastante mais positiva e pacífica do que o conflito que emerge da frase que então fazia lei e mandava tirar os olhos a quem cegasse alguém. As frases moralistas que podem ser encontradas nos Evangelhos têm de ser entendidas à luz do tempo em que foram registadas. Dois mil anos depois de Jesus Cristo (JC), as sociedades evoluíram, os Códigos Comportamentais também, e nós… bem… nós continuamos a ser os mesmos animais de sempre!

A nossa mentalidade pouco mudou com o decorrer dos séculos! Em termos de consciência, somos, hoje, os mesmos homens que escreveram a Bíblia e os Evangelhos. A técnica evoluiu; na escrita passamos das placas de barro para o papiro, deste para o pergaminho, depois para o papel e a seguir para o computador, mas a nossa mente bélica continua a mesma. Somos a última experiência da Natureza na vida do planeta. Temos menos de 200.000 anos… somos primitivos por mais evoluídos que, por vaidade, nos consideremos. Quando oferecemos “a outra face” a quem nos bate, partimos do princípio que o outro vai entender a nossa posição e sentir-se envergonhado por nos ter agredido. A nossa atitude pacífica contrasta de tal modo com a do agressor que, este, se for inteligente e sensível, vai sentir-se mal e pedir perdão pelo seu acto hostil, abandonando as suas incorretas atitudes. É esta a intenção da frase evangélica atribuída a JC e escrita por Mateus.

Mas… e os ditadores? São inteligentes e sensíveis? NÃO!… Se o fossem não seriam ditadores. É no quadro evangélico que eu entendo a frase do Papa Francisco I (F1) quando, há cerca de um ano, pediu ao governo ucraniano que tenha “a coragem da bandeira branca e de negociar com a Rússia”, acrescentando que “a palavra «negociar» é uma palavra corajosa […] quando percebemos que estamos derrotados e que as coisas não estão a correr bem, é preciso ter a coragem de negociar”. Obviamente, os ucranianos ficaram indignados ao interpretarem o discurso de F1 como um apelo à rendição do país perante a invasão russa. Putin regozijou-se com o apelo do Papa por o sentir do seu lado e fez saber que está disponível para negociações com a Ucrânia, numa atitude de exploração do mais fraco no conflito.

Imagem gerada por IA

Neste caso, eu só posso pensar o contrário do ditador e de F1! Quem tem de terminar a guerra é o país invasor que a começou… e não o país invadido que não faz guerra e apenas se defende! Sublinhando a sua maldade de invasor, Putin acrescentou ao seu discurso de “paz”, este “pacífico” recado dirigido a todo o mundo: “a Rússia está pronta para uma guerra nuclear”.

F1 (que considero ser o melhor Papa de todos quantos no último século se sentaram na cadeira de S. Pedro) tem de perceber que as frases evangélicas são para consumo caseiro dos fiéis cristãos, mas nunca serão consumidas, nem entendidas, pelo mau vizinho que é Putin (nem as entende Trump). Em resposta, a Polónia sugeriu a F1 que “encoraje Putin a retirar o seu exército da Ucrânia”. Por seu lado, Zelensky pediu ao Papa para apoiar o plano de Paz ucraniano onde se reitera a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada da tropa russa e a cessação das hostilidades. Este plano não está aberto a negociações, disse ele… e eu assino por baixo.

Vamos lá a ver, leitor. Raciocine comigo: o seu vizinho destrói-lhe a casa que é sua e mata a sua família. Depois quer que você “negoceie” com ele de acordo com a vontade dele, que nunca é a sua; ele propõe que você fique com o anexo do fundo do quintal, e ele ficará com tudo o resto que é seu. Só assim o seu vizinho lhe “garante” a Paz. Você aceita?… EU NÃO ACEITARIA! A “Paz” alcançada deste modo não é Paz; é um conflito latente e interminável. Não é por eu “dar a outra face” que vou viver bem e que o meu vizinho jamais me incomodará!… Este vizinho nunca retirará a sua bota do meu pescoço. Vamos aceitar “ultimatums” de todos os bandidos que nos invadem a casa e que nos matam a família? O que fazemos com um psicopata assassino? Ajoelhámo-nos perante ele, ou enclausurámo-lo?

Espero que o Mundo nunca deixe de se unir em favor dos invadidos e condene os invasores. O mesmo penso de Israel; terá de reconstruir a Palestina para os palestinos. Netanyahu merece ser preso… e Trump também!