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23 de Março, 2008 Ricardo Alves

Vaticano confirma: Bin Laden foi injusto

Conforme eu já afirmara, o repúdio do Vaticano pela liberdade de expressão sempre foi inquebrantável, e portanto as acusações de Bin Laden foram injustas. É a própria sala de imprensa do Vaticano quem agora recorda que o Papa esteve do lado do islamismo durante a crise dos cartunes:

  • «O Papa e o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso censuraram a campanha satírica contra o Islão em mais de uma ocasião» (Zenit).
23 de Março, 2008 Carlos Esperança

Hoje é dia de Páscoa cá no burgo

A Páscoa é pelos motivos que um homem quiser. Os judeus celebram a saída do Egipto e os cristãos comemoram a ressurreição de Cristo. Com o tempo, perdem-se a memória do plágio e os motivos da festa.

Hoje é dia Páscoa – dia em que JC ressuscitou dos mortos, com quem esteve a estagiar. Depois andou por aí, como alguns políticos, visitou quem quis e foi visto pelos que acreditaram ou, melhor, pelos que acreditam que houve quem o visse.

Ontem, ainda o ícone da lenda cristã fazia de morto, já os pantagruélicos festins tinham lugar para gáudio da indústria da restauração. Hoje, com o número da ressurreição feito, está tudo fechado. Quis um sítio para tomar um café e não encontrei quem mo servisse.

Despregado do sinal mais onde se finou, JC estagiou num túmulo, como toda a gente, e, para animação do negócio pio a que deu origem, subiu ao Céu e sentou-se à mão direita de deus-pai, um troglodita de mau feitio cuja biografia vem, em toda a sua crueza, num livro pouco recomendável e de origem duvidosa – o Antigo Testamento.

Para mim, que há muito deixei de acreditar nas pias fantasias e elucubrações católicas, é-me indiferente que JC se tenha dedicado à carpintaria, para continuar o negócio de família, ou se tenha afeiçoado à pregação e aos milagres, ao tempo o mais promissor segmento do sector terciário de uma economia rudimentar.

O que me dói, independentemente dos laivos politeístas da ICAR, com um deus-pai, o deus-filho, a mãe do filho, a pomba e muitos outros filhos da mãe cujos cadáveres eleva à condição de santos, o que me dói – dizia –, é não ter um sítio para tomar café.

Se a Páscoa da Ressurreição servisse para fazer o número de um morto que se cansa da posição, dá uns passeios e emigra para o Céu, mas não fechassem os Cafés, eu não estaria aqui a amaldiçoar a beata gazeta dos industriais da restauração.

Aprecio mais um bom café do que uma ressurreição bem feita. 

22 de Março, 2008 Carlos Esperança

Origens europeias

Seria estultícia negar a influência das religiões e guerras pias que dilaceraram a Europa e que, tal como a cultura helénica e o direito romano, a moldaram. Seria, no entanto, perigoso esquecer que foi a anemia da religião que tornou possível a liberdade, que foi a perda do poder temporal da Igreja católica e da sua influência política que tornaram possível o espaço de liberdade em que, pesem embora as desigualdades e injustiças sociais que ainda persistem, se transformou a Europa.

A violência sagrada foi sempre filha da fé e dos interesses que à sua volta gravitam. Da Irlanda do Norte ao Chipre e à ex-Jugoslávia quantas mortes se devem aos desvarios da fé e à competição pelo negócio das almas?

Persistir nas referências religiosas da Europa e na sua consagração constitucional não é apenas redundante, é uma provocação às religiões excluídas, um braço de ferro com a laicidade e um desafio à secularização que permitiu a exclusão religiosa dos motivos de confronto no espaço civilizacional europeu.

Há uma conquista civilizacional de que todos beneficiamos, crentes, ateus e agnósticos, o carácter laico do Estado e a lógica separação das Igrejas. O proselitismo incorrigível dos crentes é um perigo que espreita das madraças de cada seita, dos púlpitos de todas as religiões.

Quem nos defende da obsessão que alguns sentem de salvar todos os outros? Por que motivo não se contentam com a salvação própria deixando na paz das perpétuas chamas os que se desinteressam da salvação da alma, apesar dos mimos e das ameaças?

21 de Março, 2008 Mariana de Oliveira

O problema é o latim

De acordo com a Agência Lusa, o Conselho dos Judeus da Alemanha «criticou o regresso da oração em Latim pelos judeus na Sexta-Feira Santa, considerando-a retrógrada e discrimatória da sua religião».

Na oração é pedido que os judeus reconheçam Jesus Cristo como o salvador de toda a humanidade e que, para isso, sejam devidamente iluminados por ele.

A presidente do Conselho dos Judeus da Alemanha, «entende que essa formulação representa um retrocesso em relação à de 1970, instituída pelo Papa Paulo VI, em que se dava um tratamento, a seu ver, mais respeitoso e conforme a vontade comum de diálogo interconfessional».

21 de Março, 2008 Carlos Esperança

Páscoa

Dizem-me que:

 A Páscoa é sempre no primeiro Domingo depois da primeira lua cheia após o equinócio de Primavera (20 de Março).

Esta datação baseia-se no calendário lunar que o povo hebreu usava para identificar a Páscoa judaica, razão pela qual  é uma festa móvel no calendário romano. Mas sei que o imperador Constantino, no Concílio de Niceia, também se meteu no assunto, com a ajuda de 318 bispos, no ano 325.

Este ano a Páscoa acontece mais cedo do que qualquer um de nós voltará a viver! E só o Manuel de Oliveira e poucos mais viram alguma vez uma Páscoa tão temporã (maiores de 95 anos!).

A próxima vez que a Páscoa vai ser tão cedo como este ano (23 de Março) será no ano 2228 (daqui a 220 anos). Já poucos seremos vivos! A última vez aconteceu em 1913.

A próxima vez em que a Páscoa for um dia mais cedo, 22 de Março, será no ano 2285 (daqui a 277 anos). A última vez que foi em 22 de Março corria o ano 1818. Por isso, ninguém que esteja vivo hoje, viu ou irá ver uma Páscoa mais cedo do que a deste ano.

Quanto aos votos canónicos que é mister apresentar nestas festividades, relacionadas com o equinócio da Primavera, deixo para outros, mais créus, a formulação acompanhada do adjectivo relacionado com a santidade.

Ficam, porém, os votos de um bom fim-de-semana alargado e um abraço, para todos os leitores do Diário Ateísta.

21 de Março, 2008 Carlos Esperança

Bin Laden – terrorista beato

Volto ao tema já abordado pelo Ricardo Alves.

Bin Laden, um beato criminoso e contumaz, não renuncia à obsessão pia de destruir a laicidade que assegura a democracia, a liberdade religiosa e os direitos humanos. Para o grotesco islamita só conta a vontade de Maomé, de acordo com a sua exegese do Corão. Direitos humanos, igualdade de género, liberdade individual e modernidade são detalhes que é preciso erradicar, para gozo do Profeta, porque não são direitos, são sintomas de declínio da fé.

O fracasso da civilização árabe, na sua incapacidade para criar algo de bom ou útil no seu ocaso, transformou a frustração generalizada de populações tribais em beatos que encontraram na religião e na língua árabe os traços de identidade, habilmente dirigidos para o ódio aos infiéis. Foi assim que o perigoso delinquente se transformou num herói que faz suspirar a rua islâmica.

A Europa, acobardada perante os clérigos, esquece as guerras religiosas que a laceraram no passado, cede à reclamação de privilégios e à apropriação do poder por vários credos enquanto descura a vigilância das instituições democráticas.

As acusações feitas a Bento XVI, a respeito das caricaturas de Maomé, além de falsas, são um ataque aos princípios democráticos e ao espírito de tolerância. Não podendo o Papa defender-se, por falta de pergaminhos democráticos, é obrigação dos europeus reagirem às acusações falsas e ameaças intoleráveis.

Na Europa das Luzes a publicação de caricaturas é um direito, independente dos gostos e das crenças que incomodem. O vídeo de Bin Laden ofendeu-me e, nem por isso, deixo de me bater para que a comunicação social tenha o direito de o exibir. É a liberdade que as religiões suportam mal e os clérigos execram.

Se hoje cedermos nas caricaturas, amanhã abolimos o álcool, depois proibimos o porco e acabamos a lapidar mulheres, a degolar hereges e a decapitar os membros aos ladrões, com cinco orações diárias e uma peregrinação a Meca.

Enquanto se confundirem as práticas medievais do Islão com características culturais, corremos o risco de não saber distinguir a civilização da barbárie, a democracia da fé e a liberdade do direito canónico.

21 de Março, 2008 Ricardo Alves

As freiras já podem ir à praia do Meco

Há uma empresa holandesa que já vende para Portugal o «burquini», um fato de banho de acordo com os preceitos islâmicos, e que portanto cobre todo o corpo à excepção dos pés, das mãos e da cara.

Sabendo que o Diário Ateísta é o blogue mais popular em conventos e seminários, deixamos aqui a informação, esperando que seja útil às freiras que na próxima estação balnear se queiram deslocar a esses antros de perdição que são as praias lusitanas.

20 de Março, 2008 Ricardo Alves

Bin Laden contra Ratzinger?

O mais influente líder religioso do mundo, Ossama Bin Laden, divulgou ontem uma mensagem em que implica o seu competidor Joseph Ratzinger numa alegada «cruzada» contra o Islão que utilizaria essa temível arma que são os desenhos de Maomé.

Não me custa sair em defesa (apenas desta vez, garanto-vos), do Papa dos católicos. Efectivamente, em boa verdade vos digo, o Vaticano não pode ser acusado de cumplicidade na publicação de caricaturas de Maomé, pela simples razão de que sempre foi contra a dita publicação. Recordemos:

  1. O Vaticano afirmou oficialmente que «a liberdade de expressão não pode implicar o direito de ofender os sentimentos religiosos dos crentes»;
  2. Os porta-vozes locais da ICAR pelo mundo fora repetiram essa mesma ideia (incluindo o portuga José Policarpo).

Portanto, Bin Laden e Ratzinger deveriam dar-se as mãos e unir-se nos valores que partilham: o repúdio pela liberdade de expressão, o desprezo pelas mulheres emancipadas, o ódio à democracia e à laicidade, a promoção da autoridade clerical, e a opressão da humanidade por preceitos anacrónicos.

Como afirma Bin Laden, com uma clareza pouco usual, «as publicações desses desenhos» foram mais graves do que «o bombardeio de modestas aldeias que desabaram sobre as  nossas meninas». Policarpo já dissera algo semelhante, quando afirmou que «todas as expressões de ateísmo (…) continuam a ser o maior drama da humanidade». Para o clero islâmico e católico, são as ideias das pessoas e os desenhos que fazem que são graves ou dramáticos.

Farinha do mesmo saco. Abraâmico.

20 de Março, 2008 Ricardo Alves

Jovens iraquianos fartos da religião

  • «Odeio o Islão e todos os clérigos porque limitam a nossa liberdade todos os dias e a instrução deles tornou-se pesada sobre nós» (Sara Shami, estudante do liceu em Basra, Iraque)

Segundo esta reportagem, cinco anos de guerra no Iraque, com os seus conflitos entre comunidades religiosas e os seus fanáticos integristas, mostraram a boa parte dos jovens iraquianos que a religião, quando assume um papel político, se torna um problema difícil de controlar. Depois dos atentados (suicidas ou não), das raparigas castigadas por usarem saias ou não usarem o véu, depois de as milícias religiosas ordenarem em cada aldeia e subúrbio as suas regras medievais, a juventude iraquiana desgostou-se dos barbudos e do seu livro sagrado. Há esperança no meio dos escombros.

  • «Os homens religiosos são mentirosos. Os jovens já não acreditam neles. Os rapazes da minha idade já não estão interessados em religião.» (Atheer, 19 anos, sul de Bagdade)