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14 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Franco e o Vale dos Caídos

Creio que foi do El País que traduzi estas doridas palavras:

« O que não se pode tolerar mais é que numa democracia como a espanhola se perpetue a homenagem monumental a um genocida (mais de 114.000 execuções premeditadas e ordenadas ao mais alto nível, a maior parte depois da vitória, prisões e depurações maciças impostas retroactivamente aos republicanos, sequestros de crianças, etc.), quem mais sequestrou à força a vontade dos espanhóis durante mais de três décadas».

Nota: A Igreja católica foi cúmplice dos crimes deste pio facínora – Francisco Franco.

 

13 de Dezembro, 2011 Ricardo Alves

Vão chamar «Deus» à vossa tia

Não há pachorra para os jornalistas que se referem ao bosão de Higgs como «a partícula de Deus». Dá vontade de lhes responder: ai sim? Então «Deus» é um bosão escalar sem spin? E o «luminoso» fotão não é a «partícula de Deus» porquê? Porque o descobrimos há mais tempo? E se o Higgs é a sua própria anti-partícula, isso quer dizer que o diabo é treta ou quer dizer que «Deus» é o «Diabo»? E em que parte da Bíblia é que dizia que o Higgs tinha uns 125 GeV? E se «Ele» for representado nos diagramas de Feynman, os muçulmanos zangam-se? E, finalmente, a questão crucial: se o Higgs é «Deus», como é que não consegue violar CPT?
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
13 de Dezembro, 2011 Abraão Loureiro

Sou religioso

E vou provar o que digo.

Um dia sentado num banco de jardim e fumando o meu querido cigarro tranquilamente, fui abordado por uma repórter agarrada ao microfone que me questionou sem mais nem menos:

– O senhor acha que o cigarro lhe faz bem?

– Primeiro ponto. O que eu acho é meu, o que os outros acham é deles.

Segundo ponto. O cigarro é a minha religião.

– Mas porque o considera uma religião?

– Pelo mesmo motivo que os religiosos de outras crenças afirmam que lhes faz bem à alma.

– Não entendi a sua resposta.

– Simples. Todo o local de culto provoca uma carga psicológica sobre as pessoas e por isso dizem que sentem uma paz profunda quando entram num templo. Esta carga emocional é gerada pelo efeito do espaço ornamentado com uma simples cruz ou outros adereços tais como pinturas, esculturas, etc. dependendo da religião que praticam. No meu caso, é o cigarro que me provoca esse tipo de efeito.

– Mas o fumo faz mal à saúde!

– As outras religiões também fazem mal à saúde, provocam danos cerebrais e outros. Ouvimos falar de pessoas muito apegadas à religião que sofrem muito sem o saberem, por motivos vários. As doenças do foro psiquiátrico são silenciosas e por norma não são os enfermos que procuram ajuda médica.

As pessoas afirmam que se conseguem encontrar a si próprias dentro de uma igreja. Que os seus pensamentos fluem de forma diferente. Acontece que nos locais de culto as pessoas estão despojadas dos seus bens caseiros. Tv e rádio ligados quase 24 horas, vozes de vizinhos, aves chilreando e outros sons diversos.

Eu carrego a minha cruz dependendo do cigarro, porque psicologicamente acredito que consigo ter um comportamento melhorado. Penso melhor, as ideias surgem com mais facilidade, sinto-me mais tranquilo, consigo ser mais racional e etc. e tal.

– Então está a dizer-me que fumar faz bem!

– Não! Nada disso, mesmo sabendo que cada corpo reage de forma diferente. Mas vou mais além. Ao contrário dos outros religiosos que vivem uma vida de submissão e sabendo que nunca tiraram vantagem alguma, eu digo aos não fumadores: Amigos, se vocês se sentem bem sem fumar, por favor nem sequer experimentem porque a dependência vai causar montes de problemas. Esses problemas podem ser de vária ordem, desde saúde até ao desgaste financeiro ou até todos juntos num só.

Agora diga-me, a senhora já teve conhecimento de um crente que em conversa com um descrente lhe tenha dito: Olha meu amigo, se você se sente feliz por não crer em nenhum deus, por favor nem experimente frequentar uma igreja pois você vai ser um joguete nas mãos dos outros e vai ser explorado de todo o jeito e feitio. Seja sincera e responda-me, conhece algum caso destes?

 

Não obtive resposta.

13 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

ICAR e bula fiscal em Itália

Por

E – Pá

 

Bons velhos tempos: Silvio Berlusconi (ex-chefe do Governo italiano) e o cardeal Angelo Bagnasco (presidente da conferência episcopal italiana e “administrador” do vastíssimo património imobiliário…) Foto colhida aqui link

Um oportuno artigo de El País em que se dá a conhecer a dimensão do património imobiliário da Igreja em Itália e como a isenção de impostos que actualmente desfruta distorce a realidade (e a equidade) fiscal neste País. link

12 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Folha de S. Paulo publica resposta da Atea

O fundamentalismo nosso de cada dia nos dai hoje

(Publicado na secção Tendências/Debates da Folha de S. Paulo de 8/12/2011)

Segundo Ives Gandra, em recente artigo nesta Folha (“Fundamentalismo ateu“, 24/11), existe uma coisa chamada “fundamentalismo ateu”, que empreende “guerra ateia contra aqueles que vivenciam a fé cristã”. Nada disso é verdade, mas fazer os religiosos se sentirem atacados por ateus é uma estratégia eficaz para advogados da cúria romana. Com o medo, impede-se que indivíduos possam se aproximar das linhas do livre-pensamento.

É bom saber que os religiosos reconhecem o dano causado pelo fundamentalismo, mas resta deixar bem claro que essa conta não pode ser debitada também ao ateísmo.

Os próprios simpatizantes dos fundamentos do cristianismo, que pregam aderência estrita a eles, criaram a palavra “fundamentalista”. Com o tempo, ela se tornou palavrão universal. O que ninguém parece ter notado é que, se esses fundamentos fossem tão bons como querem nos fazer crer, então o fundamentalismo deveria ser óptimo!

Reconhecer o fundamentalismo como uma praga é dizer implicitamente que a religião só se torna aceitável quando não é levada lá muito a sério, ideia com que enfaticamente concordam centenas de milhões de “católicos não praticantes” e religiosos que preferem se distanciar de todo tipo de igrejas e dogmas.

Já o ateísmo é somente a ausência de crença em todos os deuses, e não tem qualquer doutrina. Por isso, fundamentalismo ateu é um oximoro: uma ficção ilógica como “círculo quadrado”.

Gandra defende uma encíclica papal dizendo que “quem não é católico não deveria se preocupar com ela”. No entanto, quando ateus fazem pronunciamentos públicos preocupa-se tanto que chama isso de “ataque orquestrado aos valores das grandes religiões”.

Parece que só é ataque orquestrado se for contra a religião. Contra o ateísmo, “não se preocupem”.

Aparentemente, para ele os ateus não têm os mesmos direitos que religiosos na exposição de ideias.

A religião nunca conviveu bem com a crítica mesmo. Já era hora de aprender. Se há ateus que fazem guerra contra cristãos, eu não conheço nenhum. Nossa guerra é contra ideias, não contra pessoas.

Os ateus é que são vistos como intrinsecamente maus e diuturnamente discriminados pelos religiosos, não o contrário. Existem processos movidos pelo Ministério Público e até condenação judicial por causa disso.

O jurista canta loas ao “respeito às crenças e aos valores de todos os segmentos da sociedade”, mas aqui também pratica o oposto do que prega: ele está ao lado da maioria que defende com entusiasmo que o Estado seja utilizado como instrumento de sua própria religião.

Para entender como se sente um ateu no Brasil, basta imaginar um país que dá imunidade tributária e dinheiro a rodo a organizações ateias, mas nenhum às religiosas; que obriga oferecimento de estudos de ateísmo em escolas públicas, onde nada se fala de religião.

Um país que assina tratados de colaboração com países cuja única atividade é a promoção do ateísmo; cujos eleitores barram candidatos religiosos; que ostenta proeminentes símbolos da descrença em tribunais e Legislativos (onde se começam sessões com leitura de Nietzsche) e cuja moeda diz “deus não existe”.

E depois os fundamentalistas que fazem ataque orquestrado somos nós.

(Daniel Sottomaior é presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos)