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3 de Dezembro, 2016 José Moreira

A Minha Confissão

Meus amigos: eu, ex-ateu me confesso. Depois de ter passado a fase católica, a que se seguiu a fase ateísta, eis que senti o chamamento de um deus, não aquele que, em tempos, venerei e temi, mas um outro que decidi inventar, quanto mais não seja porque não me sinto inferior aos outros. Também tenho o direito de inventar um deus. Em resumo, decidi passar a venerar o Pacote de Leite, e o Seu Divino Filho, o Iogurte. Podem chamar-me os nomes que quiserem, inclusivamente podem berrar que o Pacote de Leite é tão inútil como o Deus dos católicos, mas estou-me borrifando.
Todos os dias, ao acordar, elevo a minha prece de agradecimento ao Pacote de Leite, agradecendo a graça de estar vivo. Logo a seguir, impetro o Sagrado Iogurte, a quem peço protecção para o dia que começa. E deixem-me que lhes diga que, até ao momento, me tenho sentido bem, aliás, tão bem como quando era católico ou ateu, mas isso não interessa nada. Peço, também, que o Pacote de Leite promova a paz na Terra e a compreensão entre os Homens. Bom, aí, não tenho visto grandes progressos, mas a verdade é que o Deus dos católicos também não tem mostrado obra. Finalmente, e embora a sós, celebro a Sagrada Eucaristia, que consiste em beber um copo do líquido e, a meio da manhã, comer o corpo de Cristo, perdão, o Sagrado Iogurte, o que faço com veneração. Amém.

Ainda há dias, fiquei fortemente constipado. Pois bem, garanto-vos que foi o meu Pacote de Leite que me aliviou. Bem quente e com uma boa colher de mel. Mas não só: todos os dias peço ao meu Pacote de Leite que me proteja de ser atropelado. Meus amigos, querem crer que ainda não o fui? Atropelado, quero dizer. Quanto a acidentes de automóvel, também estou protegido: trago pendurado, no espelho retrovisor, uma embalagem mini de leite.
As diferenças, as grandes diferenças entre este Deus e o dos católicos são duas, fundamentais: a primeira, é que o meu vê-se e sente-se; a segunda, é o aporte de cálcio. O Deus dos católicos dá?

3 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Humor

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1 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

CABARÉ PROCESSA IGREJA

(Desconheço a origem da notícia, mas acredito na verosimilhança)

Em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza, D. Tarcília Bezerra começou a construção de um anexo do seu cabaré a fim de aumentar as suas “actividades” em constante crescimento.

Em reacção contrária ao “empreendimento”, a Igreja Pentecostal da localidade iniciou uma forte campanha para bloquear a expansão. Fez sucessivas sessões de oração no seu templo, de manhã, à tarde e à noite.

Porém, o trabalho de construção progrediu. Contudo, uma semana antes da reabertura, um raio atingiu o cabaré de Tarcília, queimando as instalações eléctricas e provocando um incêndio que destruiu tudo.

Tarcília processou a Igreja, o Pastor e toda a Congregação, com o fundamento de que a Igreja foi a responsável pela destruição do seu prédio e do negócio “por ter provocado a intervenção divina, directa ou indirecta, por acções ou meios”; e o certo é que lhe causou enormes prejuízos, pelo que pede indemnização.
Na sua defesa à acção, o Pastor negou veementemente toda e qualquer responsabilidade ou ligação ao desmoronamento do cabaré, inclusive por falta de provas da intervenção divina em resposta às orações dos fiéis.

O juiz, veterano, leu a reclamação da autora Tarcília e a resposta dos réus que são o templo e os pastores. E na audiência de abertura comentou:

“Não sei como vou decidir neste caso, pois pelo que li até agora, tem-se, de um lado, uma proprietária da indústria de putaria que acredita firmemente no poder das orações e do outro lado uma igreja inteira que afirma que as orações não valem nada!”

29 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

Uma boa notícia

DACA — Membros do governo de Bangladesh estão considerando retirar o islamismo como religião oficial do país depois de um político de alto escalão afirmar que a população adotou “uma forma de secularismo”. Abdur Razzak, um dos principais líderes do partido do governo, propôs a retirada da religião da constituição do país durante debate no National Press Club (clube profissional de jornalistas, em tradução livre).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/bangladesh-considera-retirar-islamismo-como-religiao-oficial-20475243#ixzz4RPy9VfyC
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29 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

Há quem tenha menosprezado o perigo

O Islão envenena a Turquia

(Texto e foto publicados em 4-8-2011)

Há muito que desconfio do comportamento beato do primeiro-ministro turco Recep T. Erdogan que a Europa e os EUA apelidam de islamita moderado.

Tenho dificuldade em compreender o que é um crente moderado de qualquer religião, em saber se é aquele que acredita em deus três dias por semana e descrê nos restantes, se é o que reduz as orações a metade das recomendadas ou se há quem, sendo crente, respeite e defenda os que acreditam numa religião diferente e os que duvidam de todas.

No caso de Erdogan duvido que a moderação o leve a aligeirar o jejum sem se abster de comer, beber ou ter relações sexuais do nascer ao pôr do Sol durante todo o Ramadão. Quem tenha lido o Antigo Testamento é obrigado a desconfiar de quem leva a sério a alegada vontade de deus: a violência, o racismo, a xenofobia, a crueldade e o espírito misógino. E o Corão é o mais implacável manual de violência e desumanidade das religiões do livro.

A Turquia tem vivido entre a vigilância da defesa da laicidade pelas Forças Armadas e o poder judicial e a tentativa de destruição da sociedade laica pelo partido confessional de Erdogan. Não há governo democrático sob a tutela militar e judicial mas o seu acesso ao poder pela via democrática não garante o respeito pelos direitos, liberdades e garantias que os Estados modernos consagram.

A detenção de mais de 170 oficiais no activo e de 77 na reserva reforça o poder de Erdogan, eleito democraticamente, mas não garante a laicidade que tem vigorado na Turquia. Um dos mais poderosos exércitos da NATO pode transformar-se na guarda pretoriana do islamismo com a força das armas a abandonar Washington e a virar-se para Meca.

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28 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

O ridículo não mata

Eliza Bartkiewicz/episkopat.pl / Flickr

Jesus Cristo coroado Rei da Polónia.

«Jesus Cristo foi oficialmente coroado como Rei da Polónia numa cerimónia religiosa que juntou milhares de peregrinos, entre os quais o presidente Andrzej Duda e vários outros políticos do país.

A “entronização” de Jesus Cristo como “Rei dos polacos” aconteceu no passado dia 19 de Novembro, na Igreja da Divina Misericórdia, em Cracóvia, depois de o Parlamento do país ter aprovado a medida em Abril passado.

Milhares de católicos, incluindo o presidente do país, Andrzej Duda, bem como outros políticos, juntaram-se na missa cerimonial, onde o cardeal Dziwisz vincou que não há que ter “medo” deste acto, uma vez que o “reinado” de Jesus Cristo “não ameaça ninguém, porque é expresso através do amor com que foi crucificado”, conforme cita o site polaco Gazeta.pl.

A coroação de Jesus Cristo como Rei da Polónia é uma ideia antiga, que vem desde o início do Século XX. Tudo começou quando uma enfermeira polaca, Rozalia Celakowna, teve uma visão que lhe apontava o caminho da guerra para o país, caso Nosso Senhor não fosse coroado rei.

A Igreja polaca foi contra a ideia, durante muitos anos, alegando que era “inapropriada e desnecessária”. Mas no início de 2016, o bispo Andrzej Czaja assumiu a coroação de Jesus Cristo como “teologicamente aceitável”.

A Conferência Polaca de Bispos trata de salientar que o gesto não visa entregar “honra e poder” a Jesus Cristo, mas que é “um reconhecimento nacional da sua soberania sobre o universo“.

O presidente polaco, que pertence ao partido conservador Lei e Justiça (PiS), marcou presença na primeira fila da missa cerimonial e partilhou fotos do momento no seu perfil do Twitter.»

26 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

O argumento da invisibilidade

Os crentes usam todos os truques para tentarem provar a existência do seu ser imaginário.

Há boas razões para contrariar a onda de obscurantismo que ameaça fazer-nos retroceder à Idade Média.

Aqui fica uma resposta de Vítor Julião.

25 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

Afinal, há quem acredite no Pai Natal

«CIENTISTAS AUSTRALIANOS ESTÃO A ESPALHAR O RUMOR DE QUE O PAI NATAL NÃO EXISTE
 Psicólogos australianos estão a espalhar o subversivo boato de que o Pai Natal não existe – e pedem aos pais que não incentivem os filhos a acreditar na existência do velhinho de barba branca.
Spoiler alert: se as prendas que recebe no Natal são entregues por um senhor de barba branca que desce de noite pela chaminé, não leia este artigo.

Milhões de crianças em todo o mundo – e alguns adultos – acreditam que o Pai Natal existe. Mas agora, uma equipa de psicólogos diz que isso pode ser prejudicial para as crianças.

O estudo foi publicado na revista norte-americana Lancet Psychiatry