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16 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Turquia – Protesto pró-secularista

Mais de 150 mil pessoas participaram sábado numa manifestação na capital da Turquia, Ancara, para pedir que a política e a religião permaneçam separadas.

Não haja ilusões. Há uma guerra entre o fundamentalismo religioso e o laicismo e não há democracia sem separação da Igreja e do Estado. No Islão como no Cristianismo.

Na Turquia, que muitos querem fora da União Europeia, sem enjeitarem que lhe guarde as costas através das divisões da NATO, joga-se a segurança da Europa. A tradição laica está em perigo com as constantes arremetidas do clero islâmico e a vontade prosélita de transformar a república em mais uma teocracia.

O Vaticano também não ajuda com as constantes intromissões na política dos países que gostaria de voltar a ver como protectorados. Na Espanha, Polónia, França e em Portugal (como se viu no referendo do aborto) a tentação política é mais forte do que a vocação pia.

A Turquia tem uma elite culta, juízes e militares afoitos na defesa da Constituição laica, e um respeito enorme pelo fundador da Turquia moderna mas a democracia encontra-se numa encruzilhada – ceder à tendência islâmica, que se afigura maioritária, ou tornar-se uma ditadura que defende o pluralismo religioso.

O problema da F.I.S. (Frente Islâmica de Salvação) que ganhou as eleições na Argélia e foi ilegalizada pode repetir-se na Turquia.

O que é a democracia, a vontade da maioria ou o respeito pelas minorias? Falará mais alto a memória de Kemal Ataturk ou os sermões exaltados do clero islâmico?

15 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Terrorismo religioso

Os atentados de Argel e Casa Blanca não são apenas actos criminosos, são terrorismo de natureza religiosa. Se fossem políticos, prendiam-se os dirigentes partidários, como são actos de fé enterram-se os mortos e os líderes continuam a destilar ódio e orações.

Acreditar que Deus ditou aquelas imbecilidades de que os livros sagrados estão cheios, é negar aos homens a capacidade de reproduzir os seus fantasmas e de inventar Deus.

O medo, a insegurança e o desconhecimento das mais básicas noções do início da vida estão na origem dos delírios místicos que forjaram os deuses e do oportunismo com que surgiram apóstolos desejosos de ganhar a vida à custa da divulgação das fantasias.

Há crenças cuja existência é inócua. A virgindade de uma mulher parida, a fecundidade da perna de um deus ou a eficácia das setas de Cupido são mitos que nutrem a fantasia e distraem o espírito. Já o anti-semitismo, a misoginia e a violência prescrita para o que as religiões consideram pecado, são manifestações demenciais que não podem ser objecto de culto e devem ser julgadas à luz do Código Penal.

Os crentes moderados não passam de pessoas sem grande convicção nos princípios da religião que professam e débil curiosidade na busca da razão.

Quem diz que os livros santos não dizem exactamente aquilo que claramente dizem é porque a vergonha, a dúvida, ou ambas, começaram a corroer os alicerces da fé.

É perigoso dar crédito à Tora, à Bíblia ou ao Corão. Convocar os livros sagrados para a elaboração das leis é espezinhar a Europa das Luzes e rasgar a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

14 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Carregal do Sal – Presidente ou sacristão?

O pio edil de Carregal do Sal é uma espécie de Mariana Cascais de calças que julga viver num Estado confessional.

Atílio Nunes dos Santos recebeu nos Paços do Concelho a visita pascal o padre José António, beijou a cruz e deu-a a beijar – ele, presidente da Câmara – aos munícipes.

A notícia é omissa, mas é natural que o padre José António receba na Igreja o Sr. Atílio com busto da República e que, depois de o beijar – ele, padre – o dê a beijar aos paroquianos.

É difícil dar a César o que é de César, quando é débil a cultura democrática e inexistente a formação cívica.

13 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Crimes da fé

O islamismo é um plágio do cristianismo que se tornou uma imitação grosseira.
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A 5.ª Cruzada ficou conhecida como «A Cruzada das Crianças». Acreditavam os cristãos que os jovens, inocentes, derrotariam os muçulmanos. Quando desembarcaram em Alexandria foram vendidos como escravos.
1218 – 5.ª CRUZADA [1219-1221], executada por Jean de Brienne, rei de Jerusalém.
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A estupidez é a mãe de todas os crimes.

13 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Símbolos de fé

O Sr. Joaquim Gonçalves, bispo de Vila Real, aponta, na sua mensagem pascal, que os símbolos de fé, são também construtores da civilização. Crucifixo, sacrário e o lava-pés são ícones «cimeiros das igrejas».

Comentário:

– Para dependurar paramentos, o crucifixo foi substituído, com vantagem, pelos cabides;
– O sacrário, se guardasse algo importante, teria dado lugar aos cofres blindados, com muito maior segurança;
– E o lava-pés? É assim tão importante? É incómodo para um semicúpio e, de certo, o Sr. bispo encontra melhor quando a bexiga o apoquenta.

12 de Abril, 2007 Ricardo Alves

Ratzinger contra Darwin

Num livro publicado ontem, Joseph Ratzinger afirma que «a teoria da evolução não está provada», porque «não pode ser testada em laboratório». O papa dos católicos, que aparentemente não é licenciado em biologia ou qualquer outra ciência da natureza, não explicou como é que as bactérias se tornaram resistentes aos antibióticos.

O novo livro, por enquanto apenas publicado em alemão, chama-se «Criação e Evolução» e inclui comentários feitos em Castel Gandolfo, em Setembro, para uma plateia constituida unicamente por crentes. Inclui também textos do cardeal Schönborn, que desde o início do actual papado tem pressionado Ratzinger para que tome posição pelo «desenho inteligente» (a ideia segundo a qual a massa só atrai a massa se houver uma «inteligência» a supervisionar a interacção gravítica).

Deve recordar-se que Karol Wojtyla tinha ideias razoavelmente claras sobre a teoria da evolução, que considerava que se aplicava a todos os animais à excepção do homem. O polaco Wojtyla achava que o ser humano só teria «dignidade» se não tivesse evoluído de outros animais, e defendia abertamente que a ciência deveria ser corrigida de forma a sustentar os preconceitos éticos da crença católica.
12 de Abril, 2007 jvasco

A Revolução Moral

O Presidente polaco, Lech Kaczynski, e o Primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, ambos conhecidos pela sua extrema religiosidade e pelo seu enorme fervor católico, começaram já a levar a cabo iniciativas legislativas e políticas para impôr os seus valores morais a todos os cidadãos.

Além de promoverem um discurso abertamente anti-semita, de proibirem qualquer forma de união de facto entre pessoas do mesmo sexo, de anunciarem a proibição do divórcio, de alterarem os currículos escolares para que o criacionismo fosse ensinado nas aulas, os irmãos procuram agora impedir os homossexuais de trabalhar na função pública, estando já em curso a apresentação de uma lista inicial oficial de proibições.

Perante esta situação creio que faz sentido aderir à exortação feita no blogue Devaneios Desintéricos, e expor claramente o seguinte protesto:

«Exmo Sr Embaixador da Polónia,

Ciente do árduo percurso do Povo do seu país rumo a uma Democracia expurgada de totalitarismos como os que historicamente se abateram sobre a Polónia, é com genuína inquietação que assisto à implementação de medidas governativas tendentes a instaurar um clima de desrespeito pelos mais basilares Direitos Humanos. As soluções propugnadas pelo executivo de Varsóvia, ao terem como consequência o desrespeito pela liberdade de não prossecução de um dado credo, a perseguição de minorias sexuais e modelos familiares atípicos, assim como as sugestões vindas a público de uma proibição total do aborto ou, por outro lado, a apologia da pena de morte feita por alguns membros do Executivo que representa, traduzem uma divergência inaceitável com os valores que assumimos comuns nesta União Europeia.

Ciente que o Povo polaco, como outrora, saberá levantar-se contra a instauração da intolerância e do desrespeito pela dignidade humana, junto de vós lavro o presente protesto.»

Vou encaminhar este protesto para o embaixador da Polónia, e convido todos os leitores a fazer o mesmo. Convido também todos os blogues a aderir à iniciativa.