O Vaticano pede aos fiéis que lhe comuniquem as graças recebidas por intercessão do defunto Papa JP2 que, já em vida, tinha experiência no ramo.
Não se tinham apagado ainda os ecos do tumor cerebral curado a um crente que estendia a língua para a rodela de pão ázimo benzida, que JP2 lhe ministrou, e já outros milagres nasciam como cogumelos nas terras férteis da ICAR.
Agora que o bem-aventurado se finou, depois da mórbida exploração a que foi sujeita a sua longa agonia, o Vaticano pede que lhe sejam comunicados pela Internet os milagres que o cadáver de João Paulo II anda a fazer por esse mundo de Cristo.
Já não faltam milagres para que B16 o canonize, mas entusiasmar as hostes de fanáticos e supersticiosas é um truque que beneficia o proselitismo e rende benefícios à seita.
Enquanto as multidões rezam, não pensam e, quanto menos pensam, mais acreditam.
O último artigo não chegou a analisar as acusações de orgias incestuosas e como tal vamos começar por aí.
A explicação habitual para estes rumores é que os pagãos faziam confusão entre seita cristã e certos movimentos gnósticos. Mas as provas disso não são muito sólidas. Irenaeus, escrevendo depois do massacre de Lyons, afirma que os cristãos foram confundidos com os carpocratianos(1), que eram uma seita gnóstica que supostamente não reconheceria os conceitos de bem e mal e como tal seriam promíscuos. No entanto foi Clemente de Alexandria, em cerca de 200 DC, que primeiro associou o rumor de orgias ao movimentos dos carpocratianos(2). Eusébius, dois séculos mais tarde, repete exactamente os mesmo rumores citando exactamente as mesmas fontes. Independentemente da veracidade dos rumores à volta dos carpocratianos as acusações omnipresentes de orgias incestuosas que eram lançadas aos cristãos não podem ser explicadas de forma credível por uma confusão com uma qualquer seita obscura.
A explicação mais provável é novamente uma mistura de dois elementos: a realidade de um ritual religioso cristão misturado com um estereótipo já existente. O ritual em questão era a ágape, o festim do amor. Durante os dois primeiros séculos de cristianismo era prática comum um cidadão privado convidar cristãos baptizados para uma refeição comunal. A refeição era suposto ser uma celebração de fraternidade cristã e incluía a celebração da eucaristia. A orgia imaginária descrita por Minucius Felix era precisamente a caricatura deste ritual. A verdade é que a celebração da ágape era muitas vezes motivo para comer e beber em excesso (todo o processo era catalisado por visões da segunda vinda de Cristo que, como sempre, para os cristãos primitivos era algo que estaria para muito breve) mas não para ritos orgiásticos. Esses fazem parte do segundo elemento da explicação: o mito pagão da bacanália. Supostamente a bacanália seria um ritual religioso que foi importado da Grécia para a Etrúria e depois levado para Roma e aí o culto teria crescido em dimensão até incluir orgias nocturnas em larga escala. Em 186 AC o Senado chegou mesmo a aprovar legislação a proibir a bacanália. Veja-se o que Tito Livio diz sobre o tema:
«Existiam ritos iniciáticos…Ao elemento religioso foram adicionados os prazeres do vinho e do festim para que maior número de mentes pudesse ser atraído. Quando o vinho já tinha inflamado as suas mentes e a noite e a mistura entre machos e fêmeas, novos e velhos já tinha destruído qualquer sentimento de modéstia todos os tipos de corrupção começaram a ser praticados, já que cada um tinha ao seu dispor o prazer para o qual a sua natureza mais se inclinava… Se algum deles não estava inclinado para ser abusado ou se mostrava relutante em cometer um crime ele era sacrificado como uma vitima. Considerar que não existe mal… era a mais alta forma de devoção religiosa que existia entre eles.»(3)
Mas a bacanália não foi condenada apenas como uma orgia com traços homicidas. O cônsul romano encarregue de esclarecer o povo afirma ainda o seguinte:
«Eles ainda não revelaram todos os crimes dos quais foram parte…o mal cresce diariamente e expande-se para o exterior. Neste momento ele já é demasiado grande para poder ser considerado como um assunto puramente privado: o seu objectivo é o controlo do estado…Agora como indivíduos eles têm medo vós, reunidos aqui nesta assembleia: quando voltarem para as vossas casas e quintas eles irão reunir-se e vão tomar medidas que serão simultaneamente para a sua própria protecção e para a vossa destruição: e aí vocês, como indivíduos, terão que os temer enquanto grupo… nada é mais enganador em aparência do que uma falsa religião.»(4)
Em resumo: os participantes da bacanália eram considerados como conspiradores políticos e como tal o Senado tomou acção rápida e brutal para suprimir a bacanália. Independentemente da sua supressão o que isto prova é que ao assimilarem a ágape à bacanália os romanos pagãos estavam mais uma vez a considerar os cristãos como conspiradores sedentos de poder (sendo em tudo semelhantes às acusações de canibalismo).
Todas as acusações que vimos até agora (orgias incestuosas, canibalismo, infanticídio ritual e regular) apontam numa mesma direcção: desumanizar os cristãos até eles se transformarem na incarnação de tudo o que era considerado pelos romanos como anti-humano.
A explicação para tudo isto está na absoluta incompatibilidade do cristianismo primitivo com a religião de estado romana. Para os romanos a religião não era uma questão de devoção pessoal mas antes uma espécie de culto nacional em que os deuses eram os protectores de Roma e os detentores dos altos cargos da nação sempre foram identificados com os deuses. Com o advento do Império e a deificação do Imperador (em parte derivada da tradição romana de poder e em parte da tradição grega de monarcas divinizados) as diferenças tornaram-se ainda mais óbvias. O culto Imperial unia o mundo romano, o aniversário do imperador era um feriado nacional e os deuses nacionais transformaram-se na garantia da eternidade do Império. Ao negarem violentamente todo este passado e estas ligações os cristãos tornaram-se impopulares, isolados, temidos e odiados. Eles efectivamente não faziam parte do mundo greco-romano.
Eventualmente com a conversão de membros da aristocracia Imperial e de um grande número de plebeus o cristianismo ganhou aceitação no mundo. Tornou-se impossível acusar os grandes senhores e senhoras de conspiração contra o estado devido à sua conversão ao cristianismo. Ao mesmo tempo que o número de conversões aumentava exponencialmente a Igreja ganhava poder, os bispos tornaram-se jogadores na arena da política Imperial e não estando contentes com isso acabaram por levar a cabo a solução final para o paganismo: a erradicação.
A história da perseguição do cristianismo primitivo foi o prelúdio para o que se seguiu em séculos posteriores. Os mitos que alimentaram as perseguições aos pais da Igreja mutaram e foram usados como munição contra outros. A partir do momento que a Europa é cristianizada (com a excepção do norte e leste da Europa que permaneceram ferozmente pagãos até muito tarde) e o poder da Igreja começa a aumentar as acusações de heresia tornam-se comuns, nasce a figura sinistra da Inquisição, os templários são destruídos sob acusação de manterem pactos demoníacos e praticarem sodomia e, por fim, todo este mundo de mitos, medo e política culmina na insana cruzada contra as bruxas nos séculos XVI e XVII.
(1)- Irenaeus, Adversus Haereses, lib. I, cap. XXV
(2)- Clemente de Alexandria, Stromateis, lib. III, cap.II
(3)- Livio, Ab urbe condita, lib. XXXIX, cap. VIII
(4)- Livio, Ab urbe condita, lib. XXXIX, cap. XVI
É frequente ouvirmos relatos de pessoas que dizem que foram agraciadas com milagres e atribuírem essas graças a intervenção de Deus, Jesus Cristo, Virgem Maria ou qualquer outro Santo dos milhares que povoam os Céus, a quem essas pessoas recorreram, pedindo ajuda, em momentos de aflição.
É de um desses milagres que quero aqui dar testemunho. Porém, não foi qualquer Divindade ou Santidade que operou esse milagre, mas sim uma cadelinha, a minha Kika, que eu venero como a uma Santa, mas que não a quero no Céu (pelo menos por enquanto).
Eis o milagre:
A minha Kika estava doente: Ela que sempre “dava sinal”, ladrava, mal sentisse alguém próximo da porta; Desatava em grandes correrias, e latidos, quando ouvia o tropear de algum cavalo; Que comia a ração dela e queria, ainda, comer a ração da Pantufa (a gata que, tal como ela, foi adoptada pelo mesmo dono e, com quem andava sempre na brincadeira, desarrumando toda a casa);
A Kika, então: Não comia, não ladrava, não corria ao ouvir o tropear dos cavalos, nem brincava com a Pantufa.
Foi ao médico (médica veterinária) que diagnosticou intoxicação alimentar, talvez devida a algum alimento mais condimentado que o dono (eu) lhe tivesse dado a comer.
Foi-lhe aplicado, nas veias, soro biológico, sujeita a medicação, dieta alimentar e recomendado algum repouso. A Kika começou a melhorar e, ao fim de alguns dias, ao sentir o ruído da carroça dos ciganos e dos cascos do burro, que a puxava, “desatou” a correr e a ladrar com um nervosismo tal que, devido ao estado ainda débil em que se encontrava, caiu “morta”!..
Eu, transtornado, peguei-a nos braços numa aflição indescritível e, chorando convulsivamente, supliquei-lhe:
KIKA!.. Não morras!.. Não morras!.. KIKA!..
Decorridos alguns momentos, que para mim foi uma eternidade, deu-se o milagre!…
A minha Kika começou a dar sinais de vida; As pupilas, que se tinham dilatado, começaram a reagir e aqueles olhinhos tão meigos e tristes começaram a fixar-se nos meus que, embaciados, pelas lágrimas que deles derramavam, me deixavam na dúvida se eu estaria ver bem, mas, para confirmar o “milagre” a minha Kika começou a lamber-me a cara como que para enxugar o fluído lacrimal que me escorria pelas faces.
Nessa altura, emocionado, como nunca, nos 63 anos da minha vida, balbuciei:
Obrigado!… KIKA!… Obrigado!…
Podem crer que este milagre não foi obra de qualquer Divindade ou Santidade. Não foi, mas podia ter sido. Garanto-vos que, naqueles momentos de aflição:
Se eu fosse devoto da Nossa Senhora de Fátima, as minhas súplicas teriam sido dirigidas à Virgem Maria e, no dia 13 de Maio, seria mais um peregrino na Cova da Iria, talvez a oferecer uma cadelinha de cera – comprada lá – e uma oferta, em euros, bem generosa á Nossa Senhora, para engrossar as receitas do Santuário.
Se eu fosse um dos fieis da Igreja Universal do Reino de Deus, teria suplicado a intervenção do Espirito Santo, em nome de Jesus Cristo, e na próxima sessão de culto, lá estaria eu no “Centro de Ajuda Espiritual” a dar o meu testemunho aos “irmãos” na fé, e a oferecer a “Deus” (Edir Macedo) uma oferta exemplar, a pagar 100 euros por um frasquinho do “Santo Óleo” – “vindo especialmente de jerusalém, do monte das oliveiras” (azeite que os fieis compram em garrafas de litro e entregam aos “obreiros”) e, talvez um dia destes aparecesse frente ás câmaras da TV Recorde Internacional, a dizer que Jesus entrou na minha vida e salvou a minha Kika.
(Não sei é que resposta eu encontraria, se me perguntassem porque Jesus salvou a minha cadelinha e não salvou, tantos milhares de crianças que pereceram, na Ásia, vitimas do Tsunami.)
Nota final: Análises posteriores ao sangue da Kika, concluíram que a minha “menina” padecia de uma terrível anemia que lhe provocava desmaios ao menor esforço.
Está assim explicado o milagre, que em principio foi obra da própria Kika, porque venceu o desmaio e posteriormente, para ela sobreviver, foi o milagre da Ciência Humana que desenvolveu o conhecimento da medicina, que inventou equipamentos, e técnicas, que permitem realizar as análises e o milagre da Natureza que cria a matéria prima para a industria Farmacêutica desenvolver os medicamentos que combatem as enfermidades.
GRAÇAS A ELES!… LOUVADOS SEJAM!….
A Kika e a Pantufa
Autor: atento
«O existencialismo não é senão um esforço para tirar todas as consequências duma posição ateísta coerente» Jean Paul Sartre
Completa-se hoje o centenário do nascimento de um dos pensadores mais polémicos do século XX, pelas reflexões antagónicas que ainda hoje provoca, Jean-Paul Sartre. O intelectual que melhor encarnou a figura do intelectual, o único laureado que até hoje recusou um Prémio Nobel, o da Literatura, o ateu convicto e coerente!
A «reabilitação» recente de Sartre por um dos seus maiores críticos, Bernard Henry-Lévy, no livro «Le Siécle de Sartre», reflecte a conjuntura actual em que problemas como a exclusão social, o advento de fundamentalismos sortidos, incluindo movimentos nacionalistas ou identitários, de certa forma derrubaram os paradigmas pós-existencialistas. Depois da crítica violenta à filosofia sartreana por Henry-Lévy e André Gluksmann na década de 80, assistimos agora ao regresso à ribalta da reflexão filosófica, política e ética do sujeito de Sartre: um produto do livre arbítrio e como tal destinado a ser livre e a lutar pela sua liberdade.
A morte ao serviço do fanatismo e da manipulação das emoções é um fenómeno recorrente na política e explorado de forma obscena pelas religiões.
As monarquias, sempre ligadas a uma Igreja, fazem da morte de um príncipe ou de um rei um espectáculo popular, com cenas de histerismo colectivo e mórbida comoção de multidões. A comunicação social ajuda, como se viu na morte da princesa Diana.
Em Portugal lembro-me da encenação da morte de Salazar como tentativa de oxigenar um regime que não demoraria a segui-lo num funeral que provocou alívio e explosões de alegria. Em Espanha o cadáver de Franco ainda serviu para reunir multidões fascistas e dignitários eclesiásticos na esperança de que o regime se eternizasse e os seus crimes ficassem impunes.
Já em democracia, a morte de Sá Carneiro foi instrumentalizada para alterar o sentido de voto nas eleições presidenciais que decorriam em Portugal.
Nada disto é novo. A morte é uma arma carregada de emoção. No quadrante oposto Engels apelou à luta junto ao túmulo de Marx, Lenine junto ao de Lafarge e Staline, com experiência de ex-seminarista, procedeu a uma colossal manipulação de massas no enterro de Lenine. Em França o PC fez da morte de Maurice Thorez uma gigantesca manifestação. O mesmo aconteceu em Itália com Palmiro Togliatti, na China com Mao ou, recentemente, em Portugal, com Álvaro Cunhal.
São muitos os exemplos, mas ninguém bate as religiões. O funeral do ayatola khomeini reuniu multidões de fanáticos que choraram copiosamente o sinistro dignitário islâmico. A morte de Maomé é celebrada com peregrinações gigantescas e fanatismo demente.
No cristianismo a morte do fundador é festejada todos os anos, apesar de ser incerta a data e ignorado o destino do cadáver. A ICAR, na desvairada tendência para a idolatria papal, faz da morte de cada Papa um espectáculo mórbido e uma propaganda imensa.
A agonia de JP2 foi vendida às televisões, minuto a minuto, até à apoteose da morte. A exploração do sofrimento fez lembrar os mendigos que alugam deficientes para ampliar a piedade e o óbolo dos transeuntes que dobram as esquinas de uma cidade do terceiro mundo.
O Vaticano falhou a morte em directo, o cadáver a sair do avião, o estertor perante as câmaras, mas não renunciou às multidões em Roma nem ao espectáculo montado para garantir a emoção e a propaganda para telespectadores de todo o mundo. JP2 foi o primeiro cadáver exibido e explorado, à escala planetária, como gadget promocional.
A ICAR ganhou a batalha da globalização vendendo o seu produto – a morte. B16, menos supersticioso e narcisista, mais tenebroso e calculista, dirige sub-repticiamente uma campanha de proselitismo através dos bispos, padres e idiotas úteis cujo fanatismo se assemelha ao dos talibãs.
O laicismo está em perigo. A liberdade religiosa corre perigo. A hóstia pode tornar-se de consumo obrigatório, como era o óleo de fígado de bacalhau nas escolas de há meio século. Deus morreu mas a santa mafia, incapaz de arranjar um produto novo, tudo fará para o impor, não olhando a meios.
É preciso estar atento.
Tenho para mim que a «moral» é a ciência dos costumes e que a humanidade, no seu progresso constante, se tem tornado mais exigente e justa à medida que a diversidade se afirma, a instrução se democratiza e as religiões recuam.
A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), frequentemente referida no Diário Ateísta, está longe de ser a pior. Há pior, infelizmente. Apenas conseguiu ser a pior de Portugal durante oito séculos e meio por não ter deixado medrar outras.
Até se compreende que a ICAR, como fenómeno empresarial de sucesso, perdidas as armas repressivas, desabituada da tortura e esquecidos os autos de fé, procure a via legal, ganhando na secretaria, com o Estado, o que perdeu com a deserção dos créus.
Em Portugal, o ultraje à liberdade e à igualdade de todas as crenças tem origem na Concordata negociada nas alfurjas do poder por prelados sonsos e governantes pios. Sempre que se concedem privilégios alguém ganha e alguém perde e a Concordata é a capitulação do Estado, dito laico, perante a última teocracia europeia – o Vaticano.
A ICAR gosta de apresentar-se como defensora da moral e dos bons costumes, apesar da sordidez do seu passado e das misérias do presente. Nos últimos tempos o divórcio, o aborto, a eutanásia e os casamentos homossexuais fazem parte da sanha persecutória da última ditadura europeia.
O Vaticano esqueceu a facilidade com que no passado anulou casamentos em que único obstáculo era o custo da decisão, só ao alcance dos muito ricos.
Mas há um episódio interessante da nossa História que convém lembrar. A Igreja que se baseia na Bíblia, onde o incesto e outros crimes aparecem com natural condescendência é a mesma igreja que abençoa o adultério e incensa os adúlteros.
Quem passar por Alcobaça vá ver os magníficos túmulos de D. Pedro e D. Inês, junto ao altar-mor, para mais facilmente os amantes se encontrarem face a face, no dia de juízo final, quando no Vaje de Josafat, entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, o criador do Céu e da Terra vier julgar os vivos e os mortos.
D. Pedro preferiu a bela Inês à rainha D. Constança, teve quatro filhos da adúltera, e a Santa Madre Igreja sepultou os amantes juntos, para gozarem as delícias da eternidade junto ao altar-mor do convento de Alcobaça, perante a indiferença de Deus e a cumplicidade dos padres.
Boa gente.
A freira romena que morreu na sequência de um exorcismo mal sucedido, conduzido pelo padre Daniel com ajuda de quatro freiras, sofria de esquizofrenia, condição que os piedosos membros do clero acharam ser indicação concludente da sua possessão pelo mafarrico.
O padre Daniel, acusado de ser o responsável pelo crime, declara que não tem nada de que se arrepender: «Deus realizou um milagre com ela e finalmente a Irina foi libertada do mal». Claro que o pequeno pormenor de a infeliz freira de 23 anos ter sido também «libertada» da vida é irrelevante para o devoto padre, certamente mais preocupado com a salvação da alma que a preservação de uma vida tão maculada pelo demo.
O padre acrescentou ainda que «Não percebo porque razão os jornalistas estão a dar destaque a isto. O exorcismo é uma prática comum no coração da Igreja Ortodoxa Romena e os meus métodos não são de todo desconhecidos dos outros padres».
Considerando os métodos utilizados é de perguntar quantos mais infortunados com doenças do foro psicológico terão sucumbido nas mãos destes exorcistas!
Celebrou-se hoje na Escócia o primeiro casamento humanista legalmente reconhecido.
Karen Watts e Martin Reijns foram casados por um humanista depois de se ter alterado as regras anteriormente em vigor, consideradas restritivas e discriminatórias. De facto, a celebração do matrimónio só era reconhecida se ministrada por uma autoridade religiosa ou por um representante do registo civil. Pretende-se agora que as novas regras sejam estendidas ao restante território britânico, de forma a que as cerimónias matrimoniais de ateus e agnósticos possam ser conduzidas de forma menos impessoal como o é a simples visita ao cartório. E os casamentos humanistas (antecedidos da formalização asséptica civil) são muito populares nas Ilhas Britânicas!
Para além da Escócia, os casamentos humanistas são possíveis apenas na Austrália e Nova Zelândia. Claro que cá em Portugal, país só supostamente laico, nem sequer se deve considerar a hipótese!
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.